Pré-visualização gratuita Prológo
— Ariana, onde você está indo? Mamãe me pega bem na porta, quando eu quase saio furtivamente de casa.
— Mamãe, Katya está esperando por mim. Faço uma cara infeliz, mas minha mãe não cai nessa. Ela está muito, muito zangada comigo. Porque hoje ela me pegou voltando para casa às seis da manhã e eu m*al a convenci a não contar nada ao papai.
— Se você sair por esta porta agora, terá que explicar ao seu pai porque chegou hoje aquela hora... E você vai contar a ele exatamente o que estava fazendo!
Neste momento até as minhas orelhas ficam vermelhas. Porque não vou contar o que fiz, mesmo sob a mira de uma arma. O meu pai simplesmente vai me esfregar contra a parede por isso.
— Não entendo por que deveria esperar por um cara! Fico indignada e tiro o chapéu da cabeça e jogo de volta na prateleira. — Que tipo de injustiça é essa? Porque um amigo vem ver o papai, tenho que ficar sentada e apodrecer em casa!
— Esse homem é amigo do seu pai, morou muito tempo no exterior e...
Reviro os olhos e entro na sala. — Sim, sim, ouvi essa história três vezes. Um cara mega legal que o meu pai não vê há sete anos. Ele vem para o nosso país e fará negócios com o meu pai. Mas eu simplesmente não consigo entender, o que eu tenho a ver com isso?!
O telefone vibra no meu bolso, pego e vejo uma mensagem de Katya.
— Diga à Katya para esperar um pouco, ela não vai morrer. A minha mãe diz, e quando vejo o que está escrito milagrosamente consegui bloquear a tela, quase tive um ataque cardíaco.
Dou um passo para o lado e desbloqueio a tela.
— Você dormiu com ele? Sim??? Admita! Quantos orgasmos? Doeu na primeira vez?
E a minha mãe quase leu! Uma hora dessa eu estaria chamando uma ambulância! Mamãe acredita que um homem deve ser o único para o resto da vida. É assim que o pai dela ensinou. E o se*xo só pode acontecer depois do casamento. Se ela soubesse que eu tinha opiniões diferentes sobre esta situação, ela definitivamente morreria.
— A minha mãe quase leu isso! E sim, eu dormi com ele. Coloquei um emoticon de dem*ônio no final e mandei. Não leio mais nenhuma mensagem da minha amiga. Porque eu sei que ela vai me trollar. Durante toda a noite passada chamei o namorado dela de quarenta anos de “peido idoso” e depois saí com um homem mais velho que eu. Mas o homem tem trinta e poucos anos, então, não é velho como o dela.
E só para constar, não costumo fazer isto. Ainda ontem... como se algum tipo de obsessão tivesse acontecido. Nunca gostei tanto de um cara antes. E nunca experimentei tais emoções. Ao lado dele... tudo era tão... tão...
Eu me forço a balançar a cabeça e me acalmar. Caso contrário, ficaria mole como sorvete ao sol.
— Afinal, a minha filha decidiu ficar. O meu pai entra na sala e sorri amplamente. Mamãe, que está atrás dele, revira os olhos e me lembra que a alegria do meu pai agora é inteiramente mérito dela. E sou uma egoísta ingrata que queria sair de casa escondida.
— Claro, papai, como eu poderia sair? Chego mais perto e beijo o papai na bochecha. — Hoje temos convidados importantes.
E acrescento para mim mesmo: O umbigo da terra não avança na nossa direção de nenhuma outra maneira.
Depois de meia hora, começo a odiar ferozmente o homem. Ele está atrasado! E ele nem ligou para avisar, e eu tenho que sentar aqui e morrer! Eu já o odeio à revelia!
Quando a campainha finalmente toca, não consigo me conter e digo: finalmente! Pulo da cadeira e sigo o meu pai. Agora vamos nos conhecer, vou aceitar uma Barbie ou o que quer que ele tenha me trago de presente. Geralmente os parceiros do meu pai que vêm à nossa casa me dão todo tipo de porcaria. Brinquedos, diários, tintas... Por algum motivo todo mundo pensa que sou uma garotinha, e aí acaba sendo uma situação constrangedora. Isso ocorre porque papai conta a todos sobre mim, como se eu ainda fosse um bebê.
E então homens adultos coram no nosso corredor.
Já estou ansiosa pela minha boneca e me preparando para sair de casa, quando os meus planos mudam repentinamente.
A porta se abre e os meus olhos aumentam de tamanho em um segundo. Eu covardemente dou um passo para trás, e novamente. Neste exato momento sonho com superpoderes, encolhendo a tamanhos impossíveis ou pelo menos me tornando invisível.
Não. não, não...
Isto simplesmente não pode ser.
— Damião, finalmente. Entendo pela voz do meu pai que ele está satisfeito em ver o homem. E eu, por sua vez, pisco os cílios, ingênua, ainda esperando que a realidade acabe sendo apenas meu pesadelo e agora tudo desapareça. Mas não! As coisas só pioram quando o homem diz: desculpe, Yuri, engarrafamentos, calculei um pouco m*al o tempo.
Mil pequenas agulhas agora me picam por dentro, tudo começa a nadar diante dos meus olhos, porque essa voz... não vou confundi-la com a voz de ninguém.
— Você gosta quando eu te fo*do assim? Literalmente algumas horas atrás ele rosnou isso no meu ouvido. O meu coração covardemente caiu nos calcanhares e nem se arriscou a bater. Começo a entrar em pânico mesmo, porque o amigo do meu pai não quer ficar na soleira, ele entra em casa e entendo que ele vai me ver em um segundo. Não poderei me esconder no canto onde fiquei encolhido por muito tempo.
Faço uma tentativa fracassada de escapar, mas naquele segundo a minha mãe aparece bem na frente do meu nariz e franze os lábios em desgosto.
— Não nos desonre. A minha mãe sibila, e quase deixo escapar que ela se atrasou um pouco com o seu conselho.
— Filha, onde você está? Ouço a voz do meu pai e me endireito como uma mola em um segundo, fecho os olhos, entendo que se não respirar vou morrer e quando conto até três me viro. — Este é Damião e esta é Ariana, minha filha.
Arregalo os olhos e olho para Dam. Senhor, só agora entendo que Dam é a abreviação de Damião. Mas como eu poderia imaginar que esse homem se tornaria amigo do meu pai? Isso só acontece em comédias estúpi*das e, aparentemente, na minha vida.
O próprio Damião ainda não suspeita que tipo de configuração o espera. O homem tira os sapatos e para mim tudo acontece como se estivesse em câmera lenta. Aqui ele se desdobra, lentamente vira o olhar primeiro para o meu pai, e depois para mim... Primeiro, um sorriso amigável desaparece do seu rosto. Depois, os seus olhos escurecem e vejo claramente neles, primeiro perplexidade e depois raiva. Os meus ouvidos começam a zumbir com pânico selvagem. Eu me pergunto se eu sair voando de casa gritando “fogo” agora, o meu pai vai decidir que estou louca?
— Está é sua filha?! Diz o homem com aço na voz. Neste segundo percebo que tudo está ainda pior do que eu poderia imaginar. O homem está furioso. Ele me encara com o seu olhar sombrio e sinto que está ficando mais difícil respirar. Ele não me toca, mas há uma sensação clara de que os seus dedos estão apertando a minha garganta.
— Sim, o meu orgulho e alegria. Elogia o meu pai. Há tanto orgulho na sua voz, e agora estou queimando de vergonha sob o olhar de Damião. Senhor, como eu poderia me meter nisso?
O homem parece estar se recompondo. Ele sorri, mas para mim esse sorriso não parece um sorriso. Eu me abraço pelos ombros porque estou começando a sentir um frio terrível. Na verdade, me sinto ma*l. Talvez a temperatura tenha subido? Senhor, estou até prestes a desmaiar.
— Ela cresceu. Mudou. Não sei. Ele mede cada palavra. — Não foi assim que eu a imaginei.
As minhas palmas estão suando, e cada palavra que ele diz me perfura completamente com algo afiado.
Ele está bravo. Eu diria furioso. As minhas bochechas imediatamente ficam vermelhas.
Claro que não. Caso contrário, ele definitivamente não teria tirado a minha virgindade ontem à noite. Eu fugi dele pela manhã, totalmente confiante de que nunca mais nos encontraríamos... E agora, ele está parado na soleira da nossa casa, e o meu pai está apertando a sua mão.
Neste exato momento, parece-me que nada pode piorar.
— Bem, por que estamos aí parados, a mesa já está posta, Damião, estávamos esperando por você.
Mamãe diz atrás de mim e as minhas pernas parecem presas ao chão. Senhor, ele não vai contar a ninguém o que aconteceu entre nós? Não quero nem imaginar como papai vai olhar para mim. O que a mamãe vai dizer...
— Você pode me mostrar onde posso lavar as mãos? Nesse momento eu engulo. Porque Damião, sem qualquer hesitação, dirige-se a mim especificamente. Os meus olhos se arregalam de medo do que acontecerá se eu for a algum lugar com ele. Eu não vou mesmo. Ele mesmo terá que encontrar sozinho.
— Claro. Ariana, vai mostrar. A minha mãe me empurra pelas costas naquele momento, e dou um passo em direção ao homem, de quem a raiva emana em todas as direções.
— Eu adoro garotas hospitaleiras. Ele já está ofegante para que só eu possa ouvir.
O meu pai diz que está nos esperando à mesa, a minha mãe desaparece feliz na cozinha e nesse momento me sinto traída por toda a família. Os dedos do homem apertam a minha mão.
— Venha aqui. Um segundo e ele me empurra para dentro da sala, o amigo do meu pai está pendurado em cima, me perfurando com os olhos. Não, me enganei, esse grandalhão vai me matar. Mas, primeiro ele me empurrou aqui para repetir o que aconteceu ontem?