Episódio 1
1733 Palavras
— Estou na lista, temos lugar VIP reservado. Grita Katya para o segurança na entrada e aperta a minha mão com mais força, com medo de que eu fuja na primeira oportunidade.
— E ela? O segurança acena para mim.
Chego até a abrir a boca de indignação e esqueço que queria aproveitar todas as oportunidades para sair daqui.
— Aparentemente eles não o ensinaram a ler. Murmuro pelas costas da minha amiga, e ela aperta a minha mão com mais força.
— Nós duas estamos na lista. Diz a minha amiga, irritada.
— Se alguma coisa acontecer, você pode deixar esse bebê comigo. O segurança ri alto, e eu imediatamente respondo com uma risada anormal. Que engraçado. Muito fofo. Parece que se formou no curso de como ser um id*iota.
Quando passamos por ele, recebo uma piscadela e um sorriso vulgar. Tenho certeza de que isso funcionará muito bem para alguma jovem maluca e ele a arrastará para sua caverna.
— Escute, você nem sempre pode ficar tão insatisfeita e dizer o que pensa. A minha amiga me empurra no ombro e eu suspiro.
Bem, o que posso dizer a ela em resposta? Que não estou feliz por estarmos aqui? O namorado dela faz quarenta anos hoje. Na minha humilde opinião, isso é um exagero. Vinte e um anos de diferença? Para mim isso é muito. E que diversão poderia haver aqui? Casais casados, amigos da mesma idade dele? Alguém se sentará e começará a ensinar uma lição sobre a vida? Eu preciso disso? E não consigo me conter e deixar escapar algo em resposta. — Você me prometeu coquetéis grátis, se for para servir de companhia para um velho, então provavelmente prefiro sair com o segurança.
Estico os meus lábios num sorriso e vejo a minha amiga revirando os olhos.
Subimos para o segundo andar. Abro a minha bolsa e tiro um envelope com um presente. É impossível vir, sem um presente, e o meu pai ama muito esse estabelecimento. É um conjunto para se barbear. Então acho que para o “jovem” da Katya esse presente é o ideal.
— Você está com um presente? Katya brinca com as sobrancelhas, e eu estico os lábios num sorriso.
— Pois é, eu comprei porque o meu pai gosta desse lugar, então, acho que o seu namorado vai gostar também.
Não posso deixar de brincar. A minha amiga imediatamente faz beicinho.
— É realmente melhor namorar um cretino como o seu ex? A minha amiga acerta o alvo, eu paro de sorrir. Há duas semanas terminei com Ian. Não é que eu esteja muito preocupado com isso, fico bastante furiosa porque tínhamos muita coisa em comum e agora todos olham para mim como se eu estivesse abandonada e tem pena de mim. Bem, nós terminamos porque ele tirou a saia de uma amiga da sua irmã e... Bem, ele está cansado de esperar. Eu não culpo ele.
— Onde está o aniversariante? Mudo de assunto e sorrio de novo. — Fui longe demais, desculpe. A minha amiga responde. — Tudo bem. Eu mereci. Vamos continuar subindo. Deixe-me dar o meu presente e com a consciência tranquila tomarei coquetéis de canudo.
Igor, embora em outras circunstâncias eu o chamasse de Igor Vladimirovich, está parado perto do bar, cercado por seus amigos. Eu olho para todos com um olhar cético. Esses são os tipos de cara que trabalham com o meu pai. Senhor, eles provavelmente já têm filhos!
Vejo um rosto familiar e tento puxar o vestido para baixo. Esta é a segunda vez que apareço neste grupo. E já ensinado pela experiência dessas festas no nosso último passeio. Todos os amigos do Igor quase perderam a mandíbula falsa quando me viram e tentaram me levar para cama a noite toda.
Tive que inventar alguma desculpa ridíc*ula para sair do ponto de encontro deles e prometer nunca mais pisar lá.
Bem, hoje eu quebrei essa promessa. Porque Katya realmente me implorou para vir com ela. Espero que hoje não tenha que lutar contra as mãos lascivas dos seus amigos.
Pretendo cumprimentar Igor rapidamente com um, parabéns e continuar me divertindo para meu próprio prazer. Graças a Deus isso é uma boate e tem outras pessoas aqui além dos amigos do Igor.
Cumpri as tarefas atribuídas com força e depois de alguns minutos saio da sala VIP no segundo andar. Para minha grande alegria, hoje todos os homens trouxeram as suas namoradas, algumas até mais velhas que Katka e eu.
Ao meu lado corre uma garçonete, a quem faço imediatamente um pedido de vários coquetéis, porque esta noite o clube está lotado e algo me diz que não será tão fácil pegar depois.
Surpreendentemente, o ambiente geral é bastante agradável e eu, encolhida no extremo do terraço, ocupo uma posição de observação muito vantajosa, onde pretendo passar a maior parte da noite.
Se o coquetel funcionar, talvez eu vá para a pista de dança e dance algumas vezes, mas por enquanto tenho algo mais divertido para fazer.
Encontro o casal colorido lá embaixo e observo tudo o que eles fazem.
Parece que este é um dos amigos de Igor com a sua nova paixão. Ele tem o dobro da sua idade.
— É assim que se parece a segunda juventude...
Comento o que vi.
— Suas bebidas! Vários copos aparecem ao meu lado e imediatamente puxo a alça em direção ao primeiro. Tomo alguns goles ansiosamente e o meu humor melhora visivelmente.
Provavelmente é por isso que mentalmente repasso mentalmente os diálogos fictícios que esse casal conduz. Mas eu rio alto.
É tão contagiante que nos momentos em que a música fica mais baixa, um homem sentado não muito longe com a sua Barbie obsessiva olha para mim.
Tento não olhar para eles, mas está além das minhas forças.
Pelo canto do olho percebo como ela continuamente lustra as calças dele e destaca o seu decote com toda a força.
Em princípio, ela escolheu uma cópia digna. Diria até que é do meu gosto...
O homem não parece ter mais de trinta anos, o que já é um sucesso, eu acho. Ele descansava preguiçosamente no sofá, mas percebi que, se ele se levantasse, seria pelo menos duas cabeças mais alto que eu. Ele está vestindo uma camisa e calça preta. As mangas da camisa estão arregaçadas, o que estraga completamente o estilo business, mas gosto muito. Ele é grande. No sentido de que provavelmente ele vai à academia. Eu diria que ele até parece algum tipo de bandido, daqueles dos filmes. Provavelmente, se eu o tivesse encontrado em algum lugar escuro da cidade, teria acelerado o passo, baixando os olhos para o chão. E aqui, onde tem muita gente, olho para ele sem vergonha. Até agora acho que ele não percebeu. Mas no segundo seguinte o canudo do coquetel cai da minha boca, porque encontro o olhar desse bandido.
Trocamos olhares que me fazem sentir estranha. Depois de me mexer um pouco no lugar, tento puxar o meu vestido para baixo, pois posso literalmente sentir como ele está explorando cada milímetro do meu corpo...
Sinto as minhas orelhas e bochechas queimando. Isso acontece comigo muito raramente, e é por isso que estou completamente perplexa. Bem, um homem desconhecido olhou para mim. Bem, digamos que ele é fofo, mas por que tenho uma reação tão forte à atenção dele?
Respiro fundo e me viro.
Olho ao redor da pista de dança e noto Katya ali. A minha amiga está se divertindo ao máximo. O namorado dela está dançando por perto. Bem, pela minha vida, não entendo o que ela viu nele. O homem está claramente passando por uma crise de meia-idade e decidiu relembrar a sua juventude. Tudo está claro, sobre o que ele viu nela. Uma jovem, adrenalina, bom se*xo... Mas o que Katya gosta nele? Lembro-me que há alguns dias a minha amiga veio até mim chateada e com os lábios franzidos. Porque o seu namorado a repreendeu por se comportar de maneira inadequada no seu escritório. Ele está muito preocupado com a sua reputação e Katya de alguma forma abalou isso. E aqui aconteceu, porque Igor está longe de ser um homem inteligente, pois não conseguia calcular que uma menina de dezenove anos é propensa a ações espontâneas e emocionais sem pensar nas consequências.
Observar as pessoas na pista de dança fica chato e eu paro de olhar. Ainda assim, o homem barbudo me assombra.
Olho para o sofá e sinto uma pontada de decepção. O homem ainda está sentado lá. Ao lado dele ainda está a mesma boneca Barbie, que quase tirou o vestido só para chamar a sua atenção.
Olho para a nossa sala VIP e suspiro de frustração. A sala está toda cheia de amigos de Igor e assim que eu entrar lá, todos eles vão grudar em mim como moscas. E meus pés doem terrivelmente por usar salto alto. Preciso urgentemente sentar e descansar um pouco.
Mordo o lábio e olho para o sofá em frente ao homem barbudo e a sua boneca. Provavelmente não parecerá muito educado da minha parte. Mas o problema é que nunca fui uma boa menina.
Pego o meu copo na mesa e caminho lentamente em direção ao sofá.
O pulso está um pouco fora do normal. Porque o homem está olhando para mim novamente. E pelo menos para mim mesmo posso admitir que queria atrair a atenção dele novamente.
Eu não sei por quê. E não posso responder a esta pergunta. Apenas quero. Provavelmente porque nunca atrai a atenção de tais espécimes. Esse mesmo homem é pelo menos dez anos mais velho que eu. E o que é mais estranho para mim é que não tenho nenhuma antipatia por ele, como, por exemplo, pelo namorado de Katka. Diria até que tive uma simpatia incompreensível. E eu mesmo me pergunto até onde tudo isso pode chegar.
Sento-me no sofá, ajeito o vestido e envolvo o canudo com os lábios.
Katka e eu costumávamos jogar esse jogo com muita frequência. Vimos um casal desconhecido à distância e representamos o seu diálogo numa peça teatral. Era emocionante.
Agora estou tentando fazer o mesmo enquanto observo o homem e a sua companheira.
- Escritor
