Carol Acordei com o frio do lençol enroscando meus pés, mas o corpo estava quente demais. Procurei Gabriel ao meu lado e senti o travesseiro vazio; seu cheiro suave de tabaco e colônia não estava mais ali. O silêncio reinava, apenas interrompido por um som baixo e metálico — o rádio na escrivaninha chiando com estática. Meu coração disparou antes mesmo de eu entender o que acontecia. Levantando o lençol, rolei para fora da cama, estremecendo com a brisa que entrava pela janela entreaberta. O quarto, grande e escuro, parecia ainda mais sombrio sem a presença dele. Senti a pulsação latejando nas têmporas; cada passo que dei em direção ao rádio era uma batalha entre a curiosidade e o desejo de voltar a me encolher debaixo do edredom. Mas algo em mim se moveu — um impulso perigoso de não ign

