Pré-visualização gratuita Prólogo
Gostaria muito que Adriano me beijasse novamente.
Porém, são tantos motivos que fazem essa ideia ser péssima, patética, antiética, qualquer outra pessoa falaria que isso é um absurdo.... Para começar, Adriano é treze anos mais velho que eu, não que faria uma grande diferença para mim, mas ele não tem a minha idade. Ainda mora com o pai e, para completar, ele é o meu dentista. Só esses três fatos já fazem dele um não parceiro romântico para mim, já que sou sua paciente de vinte e seis anos, que já passou por tantas merdas em quesito de romance.
Todos esses cacos de vidros do meu pequeno coração, espalhado por todo o chão ao meu redor, deixam em mim uma imensidão de histórias tristes e m*l acabadas e, tenho a impressão de ter mais de oitocentos milhões de anos de idade. Por uma simples bagagem de contos de fadas tristes, derrotadas e velhas, não quero deixar o inocente Adriano segurar essa mala nas mãos.
Sem falar que cheguei na idade que todas as minhas colegas de classes — desde o ensino fundamental até o curso superior —, conseguiram um bom casamento, já tem filhos e ótimos empregos. Ao contrário de mim, que fico questionado sobre onde é que eu me perdi.
É por isso que faz meses que estou sozinha, não quero levar mais um homem para cama e me decepcionar comigo mesma. É por isso, na verdade, que decidi passar o resto do ano e os próximos anos da minha vida sozinha.
Então, qualquer pessoa pode me perguntar nesse exato momento: "Por que diabos você quer beijar o seu dentista?".
E tudo o que posso responder são tentativas de formar palavras, enquanto olho atentamente para os seus olho castanhos e azul — Dr Adriano tem heterocromia, algo que acho sexy em um homem como ele —, que não tira sua atenção nas minhas mãos — para ficar atento se eu estou com dor ou com agonia — e na minha gengiva, enquanto faz uma limpeza que precisei de anestesia para não sentir nada durante o procedimento.
— Está doendo? — Ele olha para os meus olhos e um monte de borboleta começam a voar dentro do meu estômago.
Só consigo responder "aham", "uhum" ou som completamente estranho para tentar dizer não.
Eu deveria tocar no assunto? Seria muito estranho? Apesar que não iria conseguir falar nada com o dedo dele e os aparelhos na minha boca, fora o nervoso e a vergonha.
Por que eu agi daquela maneira? Eu deveria ter planos melhores, não sair beijando bocas alheias a ponto de ir para um motel. Vamos concluir que eu sou uma maluca e, na vida real, malucas vão para hospital psiquiátrico e não tem um final feliz.