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1104 Palavras
HANNIBAL NARRANDO Mariana é uma garota bonita. Bem bonita. Corpo escultural, rosto perfeito. E quando se levantou do sofá para ir até a minha geladeira... Eu a olhei de cima a baixo e vi aquela b***a. p***a, por que eu acho que conheço esse traseiro? – Eu já não te vi em algum lugar, não? – Questionei. Ela tirou uma cerveja da geladeira e veio caminhando até mim, se sentando ao meu lado. – Você estava no shopping? Lembro de ter visto alguém parecido com você. Foi bem ignorante comigo e com meu filho. – Eu soltei uma gargalhada. – Eu trombei em você. p***a, que coincidência. Te achei gostosa lá. – Falei e ela sorriu. – Só lá? – Disse, com uma falsa indignação. – Você me entendeu, Mariana. Mas, bom... Parece que vamos nos dar bem. Vai ser divertido ter companhia aqui em casa. – Ela tomou um gole da cerveja e depois me olhou. – Sabe que não vou dar pra você, né? Eu não sou prostituta. Sou camgirl. Isso significa que se eu precisar me exibir, eu vou... Mas você não pode me tocar. – Eu a olhei de forma irônica. – Mariana, olha pra mim. Olha bem pra mim, pros meus olhos. Você acha que eu preciso pagar pra ter sexo com alguém? Eu como quem eu quiser, c*****o. – Falei e soltei uma risada debochada. Mariana girou os olhos. – Quanta prepotência. – Disse e cruzou os braços. – Só estou deixando claro meus limites. – Não te contratei pra ser minha p**a. Você vai ficar aqui, vai sair comigo e ir nos eventos como se fosse minha nova fiel. E é isso. – Ela deu os ombros. – Tá. Por acaso, eu posso sair daqui ou estou em cárcere privado? – Me levantei do sofá e fui até a porta. Peguei uma chave do meu chaveiro e joguei para ela. Ela a pegou no ar. – Tá livre. Não de bola para nenhum homem daqui do morro, porque apesar da Pâmela ser uma p**a, nunca me fez passar vergonha aqui dentro. Pelo menos não que eu saiba. – Eu só quero sair e comprar coisas... Não vou sair dando bola pra ninguém. – Disse. – Certo. Sinta-se livre. Só não se esqueça que você é minha nova fiel. – Eu pisquei um dos meus olhos e ela engoliu seco. – Se me perguntarem onde nos conhecemos, o que eu respondo? – Eu olhei para baixo, pensando. – Responda que foi fora do morro. E que foi bem interessante. – Ela prendeu uma risada, pude perceber porque mordeu o lábio inferior. – Sim senhor. Eu posso trabalhar como CamGirl daqui? – Eu concordei com a cabeça. – Sem problema algum. Vou te mostrar o quarto que você vai ficar e você pode fazer o que quiser lá dentro. Depois que terminamos as cervejas, levei Mariana até o quarto dela e ajudei com as malas. Ela se instalou ali, colocando seu notebook na pequena mesa de estudos e colocando sua webcam ao lado. Confesso que fiquei curioso para continuar assistindo o show dela aquele dia... Mas agora, com ela aqui em casa, seria meio estranho ligar o computador e assistir, não seria? Já era noite. Meu celular tocava sem parar. – Alô? – Não passou nem um mês e você já levou uma vagabunda pra morar na nossa casa? – Pâmela gritava do outro lado da linha. – Foi você quem foi embora de casa! – Retruquei. – Eu tenho alguém comigo agora. Alguém que gosta de mim de verdade, diferente de você que nesses últimos anos parecia amar mais o status e o dinheiro do que seu próprio marido. Cadê seu amante dono de empresa, Pâmela? Te jogou fora? – Giovani nunca me jogaria fora, seu babaca. Mas você deveria saber que é você quem eu amo, não ele. Pensei que você aprenderia com minha ausência, mas pelo visto, isso só piorou as coisas. – Piorou? Piorou porque eu tô tentando seguir minha vida, Pâmela? Ela desligou na minha cara. Quando fez isso, arremessei o celular e soquei a parede. Soquei com tanta força e tantas vezes, que quando caí em mim, minhas mãos estavam completamente ensanguentadas. Eu respirei fundo, me sentando no chão e vendo a parede branca surrada e cheia do sangue das minhas mãos. Mariana entrou assustada no meu quarto, que estava com a porta aberta. Ela viu minhas mãos e assustada, correu até o banheiro e voltou com uma toalha. Ela se ajoelhou ao meu lado e colocou a toalha em meus dedos, parando o sangramento. Não disse uma palavra sequer enquanto me socorria. Acho que no fundo, ela sabia o motivo de eu estar assim. Ela foi de novo até o banheiro e voltou com um kit de primeiro socorros, ouvi ela batendo as portas dos armários e procurando feito uma maluca. Abriu a caixinha, tirou a toalha de minhas mãos e começou a limpar os ferimentos. – Quer falar sobre isso? – Perguntou. – Na verdade, não. – Respondi. – Tudo bem. Só me deixa limpar isso. Parece que seu oponente era meio que de concreto. – Ela riu com a própria piada. – É, mas eu fiz um estrago, olha só. – Apontei com minha cabeça e ela olhou para a parede. Manchas de sangue, uma parte do reboco caída e um monte de partes afundadas. – Realmente. Se eu não tivesse aparecido, você provavelmente derrubaria essa parede no soco. – Ela disse de forma brincalhona. Eu nem reparei, mas ela terminou de cuidar dos meus ferimentos. Precisei de alguns pontos falsos e de uma faixa em meus punhos. O negócio ficou bem feio. – Ninguém mandou a parede xingar minha mãe. – Falei, zombando. Ela riu. – Da próxima ela já está avisada e não fará mais isso. Depois que ela terminou de ajeitar minhas duas mãos, ela se encostou na parede, sentada, e me olhou de forma carinhosa. – Por que tá me olhando com essa cara? – Questionei. – Você parece estar bem destruído. – Não importa, menina. – Falei e me levantei. – Agradeço pelo cuidado. Mas esqueça o que acabou de acontecer aqui. Eu fico puto e quebro as coisas, bato nas coisas... – E nas pessoas? – Ela arregalou os olhos e se levantou, indo em direção a porta. – Em mulheres eu não bato, não. Minha mãe me ensinou bem. Mas em homem... – Soltei minha gargalhada típica e sádica. – Não me batendo, eu não tô nem aí. – Riu e saiu do quarto. Eu queria esquecer a Pâmela. Seria muito mais fácil.
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