HANNIBAL NARRANDO
Sete da noite. É o segundo dia da estadia de Mariana aqui. Sinto que essa ideia foi i****a, afinal, Pâmela ainda não voltou para casa e só fez uma ligação berrando como uma louca. Me pergunto se realmente quero que ela volte ou se quero provocar ciúme e deixá-la mais doida do que já é. Estou confuso.
Peguei meu cigarro e fui até a varanda da minha casa. O meu morro é bonito, a gente conseguiu crescer bem aqui e a melhor parte dele é que é impenetrável. Polícia que tenta entrar aqui não sai vivo, não.
– Hannibal? – Era Mariana. Ela me olhou do lado de fora da varanda e veio até mim. Traguei meu cigarro, a observando. – Como está sua mão?
– Normal. – Respondi e olhei para o morro novamente.
– Está mais calmo? – Ela perguntou. O que ela não sabia é que eu não estava muito afim de trocar ideia.
– Aham. – Respondi. Ela cruzou os braços e bufou.
– Você vai se fazer de difícil eternamente? Quer dizer, eu não quero nada de você, eu só esperava que você pudesse, sei lá, conversar comigo afinal, somos as únicas duas pessoas nessa p***a de casa, sabe? – Disse, com uma indignação estampada em seu rosto.
Eu apaguei o cigarro e olhei para ela.
– Mariana, Mariana... – Segurei o rosto dela com uma das mãos, de forma um pouco bruta mas sem intenção de machucá-la. – Você não faz ideia do tipo de monstro que eu sou, não é? Eu não saio fazendo amizades e jogando conversinha fora com meus funcionários.
– Ah, nossa. – Eu soltei o rosto dela e saí andando. – Você é um belo de um bruto então, pelo visto. Não consegue nem tratar uma mulher direito.
Aquilo me encheu de ódio de tal forma, que eu avancei em Mariana e a prendi entre meu corpo e a parede. Dei um tapa na parede com a mão bem aberta, ao lado do rosto dela. Ela fechou os olhos como se estivesse assustada, mas logo os abriu e me olhou como se não tivesse medo algum de mim. Um olhar que eu jamais esqueceria. Maldita loira com olhar de deboche.
– Você não sabe nada sobre mim, nem sobre a forma como eu trato minhas mulheres. Você é só uma funcionária. Se coloque no seu lugar. – Resmunguei.
– Ou o que, senhor Hannibal? Vai me bater? Por que até onde sei, o "senhor" não bate em mulheres. – Ela disse, fazendo questão de dizer "senhor" da forma mais irônica possível.
Para quem queria apenas uma conversa para tirar o tédio, ela conseguiu foi tirar minha paciência.
Me afastei dela, passei uma das mãos por meu cabelo curto e respirei fundo.
– Vaza daqui, Mariana. – Falei.
Ela saiu em silêncio. Eu fiquei pensando em tudo que aconteceu, e em como eu estou nervoso com tudo que tem acontecido. E a culpa de todo esse descontrole é da vagabunda da Pâmela. É possível deixar de amar alguém e passar a odiar?
Sentei no sofá e respirei fundo mais uma vez. E aí, ouvi meu telefone tocar.
– Alô?
– Senhor Hannibal, a Pâmela está tentando subir no morro, pode deixar? – Meu coração começou a palpitar tanto que achei que teria um ataque cardíaco.
– Não. Eu vou aí encontrá-la. Segure ela.
Desci o morro em cerca de cinco minutos com minha moto. Assim que cheguei no pé do morro, lá estava ela, com seu vestido longo de alcinha e decote enorme exibindo a p***a do silicone que eu paguei. Estava de óculos escuros, mexendo no cabelo preto com aplique até a cintura. Me aproximei dela e ela já veio pra cima de mim como se fosse um g**o de briga... Como sempre fez. Só que ela é pequena, e eu sou forte.
Pâmela começou a dar tapas em meus ombros e socos em meu peito, mas eu nem me movimentava. Parecia cócegas.
– Vai parar de infantilidade que horas? Eu tenho mais o que fazer, Pâmela. – Falei.
– Trouxe uma vagabunda pra nossa casa e agora não me deixa subir o morro? O meu morro? Que ajudei você a conquistar? Você é um cretino mesmo! – Girei os olhos.
– Devia ter pensado antes de sentar na rola de granfino. – Ela deu dois passos para trás.
– Devia ter pensado antes de dar mais atenção para seu trabalho do que pra mim. – Retrucou.
– Me poupe, Pâmela. Estávamos em guerra e você mais preocupada com suas unhas do que com outra coisa. Você não pensou que tinha gente que podia morrer por causa dos seus caprichos? Olha, pelo que eu tô vendo aqui... Você não é nem de longe a mulher que eu amei. Nem de longe. Vai embora, Pâmela.
Eu saí andando. A louca da Pâmela saiu em direção oposta. Eu subi na minha moto e fui para minha casa, frustrado mais uma vez.
Entrei em casa e fui direto para o meu quarto. Peguei meu computador e abri a internet para me distrair, e aí, apareceu a propaganda do site que Mariana trabalha de novo. Entrei mais uma vez por curiosidade, mas dessa vez, apenas observei.
Lá estava Mariana, dançando em frente a câmera, de calcinha e sutiã. Essa filha da p**a sabe como rebolar e isso me fez sorrir de forma completamente maliciosa.
Queria entender porque estou fissurado em assistí-la. Talvez seja o tédio.
A loira de máscara de gatinho rebolava em frente a câmera de forma perfeita. Começou a mexer nas alças do sutiã, se sentou na cadeira de forma sensual e lançou um olhar para a câmera. p***a, por que isso tá me deixando e******o?
Eu não acredito que vou ter que b*******a pra Mariana... Porra...
Que decadência.