Não conseguiu falar uma única frase com o avô. Mas precisava muito do dinheiro e resolveu não discutir.
- Com sua figura poderia arrumar um companheiro melhor, ou trabalhar. Dinheiro fácil, vai fácil também.
Mel sentir-se desalentada. Segurando a vontade de chorar, sentiu seu coração doer. Nem sequer conhece o avô, porque a difamar assim? Ele não sabia nada da vida dela, das dificuldades com a mãe com câncer na medula óssea. E ela veio ao Rio implorar ajuda a esse homem sem coração.
Como raiva Mel resolveu ficar calada. Iria aceitar e engolir o orgulho para salvar sua mãe. Depois voltaria para santa Catarina e não olharia para trás.
Uma hora passou e os dois em silêncio no carro. Cada um com seus pensamentos chegaram ao Rio.
- onde deixo você?
- Se for passar pela Central do Brasil, me deixa lá. Se não for caminho, pode ser em qualquer lugar que pego um Uber.- Falou naturalmente.
Tomás o olha incrédulo. Não acreditando no que ouviu.
- Onde você mora?
- No Catiri.
- como foi parar neste lugar? - O tom de voz de Tomás deixou claro o seu desgosto.
- Tudo bem, pode me deixar na Washington Luiz que pego um Uber.
- Não vou deixar a minha noiva no meio da noite na linha vermelha. - Disse dando um soco no volante.
Acelerando com raiva, entrou na avenida Brasil em direção ao Catiri
Na porta do prédio de kitnet, ele desceu do carro.
- Pegue as suas coisas e vamos embora daqui.
- Hum? - os olhos arregalados de Mel eram praticamente duas luas cheias. - Está tudo bem. Pode ir agora.
- Sua maluca, não vou deixar minha futura esposa em um lugar tão perigoso. De qualquer forma terá que se mudar logo que nós nos casarmos.
- Moro aqui a mais de um mês e estou bem. Além do mais fica perto do trabalho.
- Trabalho? - Tomás estava confuso. - Você acabou de receber uma bolada. Acho que só quer me irritar.
Cansada de discutir, Mel pega suas poucas coisas e volta para o carro.
- Você trabalhar em que? - Tomás pergunta enquanto dá partida no carro.
- Sou balconista no café carioca.
- Tomás dá um olhar de descrença , seus olhos refletem surpresa, descrença e decepção. Não diz mais nada até parar em um elegante prédio na Barra.
Eram onze e meia da noite quando deixou Mel ao cuidado de uma prima.
Ao sair puxou-a em um canto e lhe disse em voz cortante.
- Vai ficar aqui até o casamento. Se aprontar alguma coisa vai se ver comigo.- Saiu sem olhar para trás.
E foi assim que Mel foi parar na casa de uma estranha na cidade Maravilhosa.
Corina e uma jovem arquiteta muito simpática e ficou encantada de hospedar a noiva do primo.
Na manhã do sábado acordou com toda disposição para ir às compras com a sua hóspede." Claro que a pedido de Tomás"
- Bom dia Melissa!
Vamos tomar café e ir às compras.
- Não tem necessidade. Não preciso de nada.
- Como assim? - A moça faz cara dramática. - Hoje é o seu noivado. Tem que estar uma princesa.
Mel não tinha noção do que Corina está falando.
- Tomás me incumbiu de arrumar você. O jantar hoje vai ser um arraso. E você será a noiva mais linda do Rio.
Mel se sente tão bem. Pela primeira vez encontrou alguém com simpatia. Então resolveu não dificultar para a moça.
No shopping da Barra a moça parecida conhecer tudo. Na primeira ela ficou sem saber qual vestido escolher. Optaram por um vestido vermelho com decote em v. Mel nunca teve um vestido tão lindo. Mas, ao olhar o preço se sentiu desanimada. Quando estava pensando como falar com Corina, a jovem arquiteta já havia pago por ele.
Mel preocupada com o valor das roupas, pensou que era fácil gastar os cinquenta mil que tinha e nem saberia como.
-Podíamos ter comprado um vestido mais em conta.
- Melissa, você está entrando para a família Cárdenas, dinheiro não é problema. - Deu uma piscada deixando Mel sem palavras.
Não tinha como ela explicar que não sabia nada sobre o noivo e muito menos sobre a família.
- Vou te reembolsar mais tarde. - Disse com um certo pesar.
- Que nada. Meu priminho está pagando tudo. Ela disse para te comprar um Guarda roupas completo. Sem economizar - devolveu caindo na gargalhada.
O rosto da noiva parecia uma beterraba.
Corina parecia estar em casa. Em cada loja que entrava, praticamente já sabia o que queria.
No meio da tarde, o carro já estava lotado de roupas, sapatos, bolsas etc...
No apartamento quando se preparou para pegar as sacolas foi parada.
-Deixa aí. Vou pedir um dos porteiros para subir. Vamos subir que já estamos atrasadas.
No apartamento já estava montando praticamente um salão.
Depois de um banho rápido, Mel teve os cabelos cortados, escovados e por fim penteado. Fez as unhas, limpeza de pele e até massagem.
Naquela noite, uma Melissa diferente de apresentou na mansão dos Cárdenas.