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1729 Palavras
Com aquele ponto do local tendo sido deixado à disposição, Claire sabia qual seria a pergunta mencionada no momento, mas se recusava a fazê-la, não queria ser ela a dar início a uma conversa com a mulher logo atrás de si. Ao invés disso, escolheu bisbilhotar cada uma das avançadas tecnologias que lhe serviriam como instrumento de trabalho daquele momento em diante. Era tudo o que a mesma queria e esperava que fosse acontecer, afinal, não eram muitos os estagiários que ganhavam a oportunidade de integrar uma equipe profissional diante um projeto tão grande. Mas o quanto esse feito deveria ser importante? Era a questão que Claire se fazia desde o momento em que seguiu pelos corredores até alcançar aquela sala, mas não possuía uma resolução. A importância não teria significado algum, se os riscos por trás de tal feito excedesse um limite lógico. Tinha certeza dessa resposta, e não buscaria outra, não para apenas satisfazer o seu ego, não sabendo tudo o que poderia vir acontecer por causa de um único erro. – Meu nome é Brenda,sou uma das principais dirigentes do projeto Runaways – Diante o grande silêncio e enorme curiosidade da jovem a sua frente sobre cada parte daquele setor em particular, exibindo um belo sorriso, se apresentou já destacando sua área de ocupação caminhando pela extensão de todo o laboratório com a ideia de apresentar cada canto do lugar para Claire,que ao seu ver, se mostrava realmente muito interessada em tudo ali. Não que estivesse errada, mas algo dentro de si gritava por um ponto que a mesma não conhecia, dessa forma, o melhor a ser feito seria absolutamente nada – Se você está aqui, é porque tem talento e força de vontade para aprender. Não mandariam alguém tão jovem que não tivesse a capacidade de progredir – Foi firme ao dizer aquilo que jamais seria considerado como uma mentira, e com certeza poderia ser levado como um elogio por qualquer um. Mas elas não eram qualquer um, e sabiam muito bem disso, poderiam não dizer por medo do que se tornava ainda mais incomum a cada minuto, mas possuíam essa certeza dentro si – Esse projeto é, de certa forma especial, porque ele se baseia no desenvolvimento de robôs cibernéticos com inteligência humana – Procurando manter a calma e sua sanidade intacta, Brenda prosseguiu com a breve apresentação, mas tendo uma pequena surpresa quanto a isso. – O objetivo final dele é que esses robôs possam substituir os agentes em áreas de alto risco, diminuindo assim, a taxa de mortalidade e aumentando a eficiência na p******o generalizada. Eu sei. É uma ideia até que formidável – Não havia uma porcentagem de certeza muito elevada quanto ao que estava fazendo no momento, porém,Claire se sentiu na obrigação de intervir. Buscando a todo custo, uma forma de que as coisas seguissem diferente daquilo que se lembrava. Ainda não conseguia entender como veio a saber de tudo aquilo, principalmente por ser o seu primeiro dia. Mas depois do que aconteceu desde o momento em que saiu de sua cama, nada parecia estar fora do normal daquele dia em si. E percebendo a curiosidade presente no rosto de Brenda, não fez exatamente nada, a não ser exibir um breve sorriso maroto na direção da mulher. – Como sabia disso se nunca esteve nesse setor antes, e ninguém além da equipe selecionada faz ideia do que acontece aqui? –sua questão era nova, não fazia parte de tudo o que Claire já esperava pelo acontecimento, e de forma discreta, a jovem sorriu com isso. Pois tudo poderia significar algo importante, um avanço em meio a tudo o que vinha acontecendo até o instante. – Eu realmente não faço ideia, apenas veio a mente, então achei que seria bom expor em meio ao assunto – Poderia soar como um comentário mentiroso, mas como dizer a alguém que se mantinha presa a sensação de que já havia vivido aquele dia antes? Iriam chamá-la de louca, possivelmente tirá-la da equipe e até mesmo do instinto com a ideia de que a mesma não passava de uma espiã. Por isso tanto saber em relação ao projeto – Mas enfim, você disse inteligência humana. No entanto, sabemos que isso é algo que ainda não está ao nosso alcance – Tendo em mente que precisava acalmar a jovem cientista a sua frente, Claire jogou um ponto que ganhou a atenção de Brenda. Sendo assim, pela primeira vez em todo o dia, não se importou em repetir todas as palavras que lhe pareciam tão familiares. Queria apenas se sentir à vontade na companhia da bela mulher ali presente – Então, indo por essa perspectiva, estou certa de que o mais ideal seria uma inteligência artificial ligada diretamente ao centro do Instituto. Porém, analisando o que me foi explicado, e com base em vários dos acontecimentos passados, essa idéia se encontra fora de mão. Sendo assim, levando tudo isso em consideração, vocês teriam que estar desenvolvendo algo para competir de igual contra a inteligência artificial, e vendo como tudo está bem avançado,me arrisco a dizer que esse programa já deve estar pronto ou quase chegando a tal feito. E sendo meio óbvio, a única pessoa aqui dentro que teria livre acesso às modificações posteriores as programadas de início,seria apenas o diretor, por ser o dono absoluto do Instituto e o grande responsável por tal descoberta, ao gerar fundos para suprir cada uma das pesquisas – Fez o breve comentário se limitando à base anterior – Estou seguindo pelo caminho correto, ou deixei passar alguma coisa de suma importância? – Não deixando de lado todo o seu contexto, mas mudando algumas falas em seu breve discurso, Claire fechou seu pensamento com a pergunta, mas já deixando seu olhar cair para o lado, onde surgia o novo m****o do assunto. – Na verdade não, você soube como resumir praticamente tudo. A única coisa que muda nessa sua rápida análise, é o fato de que o atual diretor se desligou por completo de tudo relacionado ao Instituto, deixando o seu posto a disposição do seu primogênito. Ou seja, a minha irmã – Como o esperado, alguém que Claire ainda não conseguia se lembrar do nome, atropelou uma possível resposta que poderia vir de Brenda. E percebendo isso, o mesmo procurou se retratar imediatamente – Peço desculpas pela intromissão perante a conversa de vocês. Sou Gregori,o irmão mais novo da Gaby, e um dos cientistas presos nesse projeto – Sorriu estendendo a mão para um rápido cumprimento, o qual não foi negado pela jovem aspirante a sua frente. E diante disso, Claire não pode deixar de perceber o modo como algumas escolhas de palavras partidas do homem ali presente, haviam sofrido pequenas alterações. De fato, ela poderia mesmo estar conseguindo algo, mas nada acabava por ali. – E ainda me diz que estou vendo e colocando coisas onde não há? Vê se acorda Greg. Não é porque ela é a sua irmã, que você precisa vê-la como um ser livre de falhas. Não acha que é um pouco estranho ela ter conseguido a posse de tudo justo quando o projeto está caminhando para a fase final? Faltam apenas duas semanas, talvez menos. Sabemos o que pode acontecer se esse programa cair em mãos erradas,e mesmo você se recusando a aceitar esse fato meu amigo, nada me tira da cabeça que ela se encaixa nesse perfil – Claire se mantinha em silêncio, apenas cedendo a mais breve das observações para tudo o que era mencionado, a forma como cada palavra foi dita com grande cuidado e em uma altura consideravelmente baixa, não saindo da base do seu contexto, mas sendo substituídas em certos pontos, a impressionava. Brenda sabia dos problemas que a cercavam, e não poderia correr o risco de ser ouvida, pois se estivesse certa quanto a tudo, sua vida poderia estar em perigo caso seus pensamentos e suspeitas caíssem em ouvidos traiçoeiros. Porém, Gregori não dividia consigo essa idealização, e com unhas e dentes, se manteria ao lado da irmã, a defendendo da forma que achasse ser necessário. – Não vamos voltar nesse assunto, Brenda, os objetivos dela já estão claros para todos. Essa mudança de cargo foi decisão do meu pai junto a toda família. Ela só está nesse posto porque fez por merecer essa promoção – O ultimato de Gregori era simples, e diante dele, ambas sabiam que convencê-lo de algo seria praticamente impossível. E por esse motivo, Brenda jamais pediu ajuda para tudo o que tem feito. Tinha para si, que no instante seguinte a seu pedido, o amigo correria para dizer tudo a irmã – Se insistir nesse assunto, é melhor nem vir falar comigo, a não ser que seja algo ligado ao projeto dela – a insatisfação era notável em seu tom de voz, e seus passos firmes também não mostravam nada contraditório. Apenas tomou distância, não voltando a olhar para trás. – Pode não ser da minha conta,mas depois de tudo isso, a minha curiosidade precisa saber quais são as suas suspeitas com relação a filha do chefe. O que te faz pensar que ela não é quem aparenta ser? – Assim como se lembrava, Claire não exitou em alimentar uma curiosidade que conhecia os pontos, porém era necessário permanecer no jogo, possuía essa noção. – Preciso de ajuda para terminar uma pequena investigação, e para finalmente concluí–la, necessito de alguém de confiança comigo. Todos aqui seguem as ordens da Gabriela à risca, não posso contar com eles. E ainda tem o Greg que a defende como se sua vida dependesse disso, junto ao palhaço do Damon, que estando afim dela, faria de tudo para ajudá–la ou impedir qualquer um que tenha o objetivo de prejudicá–la – seu relato seguia parecido com o que Claire se lembrava. Diferente escolha de palavras, mesmo contexto, e tudo dito de forma cautelosa. Pois sabia dos riscos de ser ouvida, e isso acontecendo, não possuía dúvidas de que rapidamente tudo cairia nos ouvido de Gabriela, aumentando assim, toda a desconfiança que a mesma poderia vir nutrindo sobre si – Posso confiar em você, e te apresentar toda essa missão suicida? – A primeira questão parecia ser óbvia para ambas as partes. E não saberia nunca dizer o porquê, mas Brenda estava certa de que sempre poderia confiar na jovem à sua frente.
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