sete

1942 Palavras
Estava óbvio para Claire, que a melhor oportunidade de buscar um ponto realmente diferente de tudo o que soava como uma curta lembrança, seria negar o pedido de Brenda. Na verdade, durante todo o tempo em que se manteve em silêncio, sua mente lhe mostrou um milhão de motivos para que sua resposta saísse de forma negativa, era o certo a se fazer. Porém, uma vez mais indo contra a razão, não foi o que a mesma escolheu como sua opção. – Claro, já vi que será algo muito importante e nada divertido, e mesmo querendo muito dizer não, te deixar sozinha nessa bagunça não parece ser algo muito atrativo para mim – Exibindo um belo sorriso ao dizer tais sentenças, se sentiu bem por não ter optado pela negatividade. Sabia dos enormes riscos, sabia contra quem iria agir, mas não deixaria a mulher à sua frente enfrentar tal problema sem um alicerce, isso jamais iria acontecer. Ao menos tentou amenizar da melhor forma que conseguiu, tudo o que foi dito da última vez. E mesmo se esforçando muito, não conseguiu esconder por completo o interesse que gritava dentro de si em relação à jovem cientista à frente dos seus olhos. – Com toda certeza não iria te perguntar nada que fosse inoportuno para o momento. Até porque tem algo acontecendo por aqui, e por um motivo que desconheço, tenho a estranha sensação de que o nosso tempo é relativamente muito curto. Então vamos logo,não podemos perder o que ainda nos resta dele – Brenda não estava errada quanto a isso, então a única coisa a ser feita pela jovem aspirante, seria acompanhá–la no que faltava ser feito sobre a investigação ligada diretamente a nova chefe. Como o esperado por Claire, a primeira ação que se passou pela mente de Brenda quando terminaram o que faziam, foi justamente voltar à ala 3 do setor 17 para tentar manter as aparências, porém a jovem estagiária não aceitou. Depois de tudo o que foi feito, sabia que apesar de muitas coisas terem se direcionado de forma diferente a que se lembrava, ainda teriam que sair às pressas com a chegada de Gabriela no refeitório daquele setor. Não queria correr esse risco, queria apenas ter a certeza de que tudo chegaria ao fim sem precisar haver perdas. – Onde está indo, Claire? Precisamos voltar – para Brenda, essa era a ação correta a se fazer no momento, mas não o faria sozinha, por isso seguia a novata pelos corredores enquanto insistia no contrário. Conhecia o caminho traçado, e mesmo sendo este o próximo alvo de suas ações, não queria agir de forma precipitada. – Não podemos voltar para lá, eles já esperam por isso – No fundo, sabia que não deveria fazer aquilo, não era o certo. Mas precisava tentar, se fosse servir de algo, sem dúvida valeria o risco – Alguém vem monitorando os seus passos a dias, e a gente ter acabado de invadir o sistema operacional não ajudou muito. – Do que você está falando? Não estou conseguindo te entender – sua questão era sincera, e Claire sabia disso. Por esse motivo, parou de andar se virando de frente para mulher que a confundia mais do que inequações exponenciais no ensino fundamental. – Olha, tudo o que aconteceu hoje até o momento, eu sabia do resultado. Não sei o porquê, mas sabia quais seriam as palavras a sair da sua boca para cada uma das minhas questões. Por algum motivo, me sinto como se já tivesse passado por tudo isso, como se esse dia não fosse um novidade para mim – Não era de seu feitio, mas diante tantos fatos e poucos argumentos, sua afobação acabou falando mais alto, e o semblante exposto no rosto de Brenda não ajudava em nada. Não era uma mentira, ela não estava ficando louca – Eu sei o que parece, mas tenho certeza de tudo o que estou te dizendo, não estou alucinando. Se voltarmos àquele setor, não iremos conseguir alcançar a ala 5 do 12. Por favor, se não acredita, pelo menos tenta confiar em mim? – Seu pedido saiu quebrado, cheio de desespero por saber que tudo poderia ser interpretado de forma equivocada, mas não era bem assim. Brenda realmente não estava compreendendo tudo o que lhe era dito, mas confiava no que seu coração lhe informava. A garota a sua frente era confiável de todas as formas possíveis, e isso era tudo o que bastava, então apenas assentiu aceitando de bom grado o aperto em sua mão antes de ser guiada até o ponto onde conseguiria alcançar seu objetivo – Vamos, não temos muito tempo, vão estar aqui em pouco minutos – Fazendo juízo ao fato de que as palavras atraem acontecimentos, passos logo atrás de si foram ouvidos – Estão aqui – Era uma certeza que Claire possuía, só estranhou o fato de terem aparecido tão rápido. Pelas suas contas e escolhas de ação, haviam ganhado tempo o suficiente para conseguir resolver toda a questão que buscavam, era um fato. O que teria mudado? – Ainda não entendi como você sabe de tudo isso,mas preciso terminar o que comecei – Se surpreenderia se a decisão de Brenda fosse oposta a essa, mas não poderia deixá–la fazer aquilo,não naquele momento, não obtendo as mínimas chances para alcançar o êxito. Assim como a cientista, também queria poder destruir aquele projeto. Mas não achava que as atuais consequências valeriam a pena. – Não vai conseguir, é um processo demorado, e tempo é o que não temos mais. Vem comigo, precisamos despistá–los, depois podemos voltar – Mesmo que essa fosse a sua verdade, para Brenda as coisas seguiam de um modo diferente. A desistência não fazia parte de sua decisão, e Claire percebeu isso em seu olhar – As probabilidades não estão do nosso lado. – Não estou te pedindo para correr esse risco comigo, sua carreira está no início, e tem tudo para ser muito promissora – Tomando o máximo de cuidado ao se aproximar, disse aquilo no que acreditava, desarmando qualquer tipo de defesa que a mais nova pudesse ter armado para resolver a questão. Seu suave toque ao rosto de Claire lhe causou infinitas reações, e mesmo não sabendo como descrever um terço delas. Sentiu a veracidade por trás da velha expressão "borboletas no estômago". Era como se tudo aquilo tivesse que acontecer, como se fosse um replay de dias atrás. Diferente, mas ao mesmo tempo aterrorizantemente parecido em todos os acontecimentos até o momento. – Vai embora, se te verem comigo, sabemos como vão interpretar tudo, e mesmo não sabendo o porquê, me preocupo o suficiente para não estar disposta a deixar algo r**m lhe acontecer. Então por favor, apenas saia daqui – Sua voz saiu baixa, e a dona de olhos verdes não soube como reagir ao ser empurrada para dentro de uma das salas do corredor e ver Brenda correr na direção da ala 5. Sua primeira reação foi dar um passo à frente para ir atrás dela, mas sendo obrigada a parar imediatamente ao se dar conta de que Gabriela já estava presente naquele corredor. Como iria agir a partir daquele instante, era a sua questão a ser resolvida. Dessa forma, esperou até que não pudesse mais vê–la, e seguiu pelo mesmo caminho, se mantendo às escondidas enquanto esperava o melhor momento para agir. – O que pensou que fosse acontecer quando tudo fosse apresentado a mim Dra Ernandez? – A questão de Gabriela a surpreendeu, pois não se lembrava desse ser o início de todo jogo tramado, mas se lembrava de estar ao lado de Brenda nesse exato momento, e talvez fosse essa a grande mudança. – Não esperava que isso acontecesse de forma tão repentina – A cientista de mente brilhante confessou a sua verdade percebendo o sorriso de Gabriela aumentando, mas não se importou quanto a isso. Se sentia bem consigo mesma por tudo o que vinha administrando até o momento, e depois do que conheceu da jovem aspirante, estava certa de que não precisaria se preocupar quanto a sua primeira impressão. Ela poderia sim ser capaz de resolver todos os problemas apresentados ao projeto, mas nunca o faria de forma eficiente, não sabendo tudo o que sabe, e não poderia estar tão certa quanto a isso. – A essa altura, já deveria estar ciente de que sempre consigo tudo o que quero, e preciso. Dessa vez não seria diferente – Esbanjando superioridade, Gabriela se vangloriou, pois era esse o seu ponto. Independente do que fosse preciso fazer, sempre alcançaria os seus mais escuros objetivos, e estava disposta a ir mais além dessa vez. Possuía a certeza de que a jovem cientista em sua frente não havia chegado até aquele ponto sem obter ajuda, e iria descobrir de quem se tratava – Onde está o seu ajudante? – Não faço ideia do que possa estar falando – Não se surpreendeu com a resposta recebida, mas conseguiria obter o que procurava o quanto antes. Não apenas por ser algo que deseja tanto, mas também por Claire não ser capaz de se manter escondida apenas ouvindo toda a conversa. Sendo assim, fez uma breve observação no local, e não pensou, apenas agiu. Tomando posse de um extintor, criou a distração necessária já segurando com firmeza a mão de Brenda a arrastando para longe dali – O que pensa que está fazendo? – Te ajudando? – Jogou ao se colocarem no vácuo de duas salas no setor 21, mantendo toda a sua atenção sobre o caminho que acabaram de traçar, enquanto tentava recompor sua respiração. – Não deveria ter feito isso – Apesar de agradecida, Brenda sabia o que aquela ação significava. – Não iria te deixar receber toda a culpa – Foi firme ao dizer, e não soube como reagir ao sentir a pressão dos lábios da jovem cientista sobre os seus, ficou paralisada ao fixar seu olhar sobre o dela. – Obrigada – Agradeceu com sinceridade, sentindo a mão da mais nova presa a sua uma vez mais antes de ser guiada para a saída. Porém não tiveram chances, Gabriela já esperava por elas naquele ponto. – Isso sim é uma grande surpresa, srta Novak – Diante seu comentário, foram questão de segundos para que ambas já estivessem sendo guiadas para o ponto que Claire se lembrava bem – O que te fez assumir tal posto para si? – Questionou realmente curiosa ao lhes ceder passagem para sua sala no subterrâneo, onde Claire não gostaria de voltar tão cedo, mas não possuía escolhas. – Suas ideias de uso para o que estamos desenvolvendo – Foi simples ao dar a sua resposta, nada mais fazia tanto sentido. – Diante disso, estou certa de que não adiantará lhe oferecer uma nova oportunidade tentando apresentar o meu ponto, não é mesmo? – Não poderia estar mais certa – Com a resposta recebida, Gabriela não pensou, apenas tomou para si uma 9mm e disparou duas vezes contra Brenda, que logo foi amparada pelos braços da jovem aspirante, a qual a manteve em conforto sobre seu colo, não tirando os olhos tomados pelas lágrimas de cima de si nem mesmo por um segundo – Espero que diante essa ação, você repense a minha proposta, Claire – Ser ouvida a essa altura estava fora de cogitação, uma vez que o único foco da mais nova era a cientista com poucos minutos de vida em seu colo. Essa que se esforçou para deixar em suas mãos um pequeno aparelho curioso, e mesmo sem uma pronúncia da mesma, a mais nova sabia o que precisava ser feito.
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