A Omega e o Alfa

Capítulo 6: De volta ao lar

POV de Brian

Brian desceu do táxi, as malas pesadas nas mãos, e parou por um momento para observar a casa à sua frente. Uma imponente residência de dois andares, com paredes de pedra escuras e janelas amplas, que refletiam a luz suave do entardecer. A fachada era marcada pelo desgaste do tempo, mas ainda exibia a força da construção, com colunas altas e um telhado inclinado que parecia desafiar o peso dos anos. A floresta a sua volta, está como se eu estivesse saído de casa.

Ao olhar para sua casa, Brian sentiu um peso no peito, mas não era o peso da dor que o havia consumido outrora. Não, a traição de Cadênce não o feria mais. Ele se sentia mais forte, mais maduro, como alguém que havia passado por um fogo e saído dele mais resistente. Mas ainda havia a tristeza – uma tristeza profunda por não conseguir mais confiar em Matheus e Henrique, os dois que haviam sido próximos, quase irmãos. O incidente do passado ainda pesava na sua mente, um erro que resultara em um afastamento doloroso.

Ele havia feito escolhas difíceis, escolhas que o marcaram. Quando a traição veio à tona, ele não optou pela vingança. Em vez disso, rebaixou Matheus e Henrique de seus postos de soldados principais da casa da alcateia, colocando-os como guarda de território, onde não teriam os mesmo benefícios de um aguarda principal. Não os matou, porque seu compromisso com Cadênce ainda o guiava, e ele não se permitiria seguir o mesmo caminho de traição e deslealdade. Aquilo foi mais do que uma punição; foi uma tentativa de manter algum vínculo, mesmo que ténue.

Agora, com o festival de companheiro prestes a começar, ele não sabia o que esperar. Não tinha participado antes, sempre fora chamado para missões, muitas vezes distante, junto de seu pai, em outras matilhas. Nunca esteve presente para testemunhar o momento em que todos se reuniam, celebrando a união e a lealdade. Agora, ele estava de volta. E, talvez, pela primeira vez, ele sentia que poderia realmente entender o que aquele festival significava para sua matilha, para sua vida.

Mas havia algo mais – uma sensação de vazio, como se algo estivesse faltando. Talvez fosse a confiança perdida, ou talvez fosse o peso da responsabilidade que carregava agora, ser sucesso do Rei Alfa é um enorme peso que precisava suportar. Seja como for, Brian estava pronto para enfrentar o que viesse, sabendo que, por mais que a traição e as perdas o tivessem marcado, ele se tornara algo mais forte do que jamais imaginou ser capaz.

Após cumprimentar todos em sua casa, Brian se sentiu feliz por voltar ao seu lar. Seu pai, Robert Miller, o alfa da matilha Lua de Sangue, se aproximou e o abraçou firmemente, o gesto mais forte do que qualquer palavra que poderia ser dita.

— Vá até o escritório, Brian. Temos algo a discutir.

Brian seguiu seu pai até o local reservado para conversas sérias, onde, por anos, aprendera lições que moldaram sua visão sobre liderança e a matilha. Ao entrar, o aroma familiar de couro e madeira envelhecida preenchia o ar, mas o que estava prestes a ser dito era algo que ele jamais imaginaria ouvir naquele momento. Seu pai o olhou com uma expressão grave, algo mais pesado do que a usual seriedade de um alfa.

— Após a cerimônia de acasalamento, o casamento com Cadênce acontecerá, como planejado — começou Robert, com a voz firme, como se a decisão já estivesse tomada há muito tempo. Não havia espaço para discussão. — Isso não será uma negociação, Brian. A decisão já está tomada.

Brian, surpreso e confuso, tentou compreender a insistência do pai. Ele sabia sobre a traição de Cadênce e assim mesmo queria que eu me casasse com ela?

— Pai, eu… não entendo. O que realmente está acontecendo aqui? Por que tanto foco nesse casamento? — questionou Brian, a dor e a confusão claramente visíveis em seu olhar.

Robert Miller respirou fundo antes de responder, os olhos fixos em seu filho, como se estivesse esperando que ele finalmente compreendesse a profundidade daquilo tudo.

— Filho, se não fosse pela mãe de Cadênce, você não teria nascido e eu teria perdido sua mãe para sempre. — Ele pausou, as palavras pesando no ar, como se cada uma carregasse décadas de segredo e responsabilidade. — Por cauda do que ela fez, o filho em seu ventre morreu, não pedindo para ama-lá como se fosse sua companheira, mas aceite a promessa que fiz para salvar você e sua mãe. Estou falando de um débito, de algo que precisa ser honrado. O casamento entre você e Cadênce não é uma questão de poder, pois ela é uma ômega, não tenho preconceito do status dela meu filho, mas, preço que pagamos, uma dívida que nunca poderá ser saldada, mas que deve ser cumprida.

Aquelas palavras atingiram Brian como um golpe direto. Ele ficou em silêncio por um longo momento, tentando processar tudo o que seu pai acabara de revelar. O peso do que ele havia ouvido caía sobre seus ombros como um fardo impossível de ser ignorado. O casamento com Cadênce, com a mulher que o havia traído, não era apenas uma questão de destino, mas um acordo que se estendia além de suas emoções ou vontades. Ele estava preso a algo muito maior, algo que transcendia sua própria dor e rancor.

Brian olhou para seu pai, finalmente compreendendo a magnitude da situação, e a tristeza que havia sido plantada em seu coração agora se misturava com um sentimento de resignação.

— Então é isso — murmurou ele, mais para si mesmo do que para Robert. — Vou me casar com a mulher que me traiu em minha própria casa. Por uma dívida que não é minha, sinto muito pai, o senhor ofereceu tantas outras coisas, mas aceitou uma chantagem dessas? Agradeço por ter trilhado meu destino sem me dar a chance de escolher.

Robert olhou com pesar para o filho, reconhecendo a dor que ele sentia, mas também a necessidade de seguir em frente com o que era esperado. O silêncio se instalou novamente entre os dois, um silêncio pesado, carregado de responsabilidades e decisões que nem Brian, nem Robert estavam prontos para enfrentar, mas que não podiam mais evitar. Após às decisões e descobertas, subo para meu quarto para em vestir para o festival.