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Eu escolho você em mil vidas.

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Sinopse

Julian Marlow, apelidado de tubarão Marlow, era o homem mais frio, temido e respeitado nos negócios, mas todo mundo tem uma fraqueza e o dele era uma pequena colombiana chamada Maria José.

Uma estória emocionante.

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Episódio 1
Julian Observei os números do relatório mais uma vez enquanto Anderson, nosso contador-chefe, balbuciava explicações que soavam cada vez mais como desculpas. Ne*guei levemente com a cabeça. Não precisava de mais nada. Aquele pequeno gesto foi suficiente para que o suor em sua testa se tornasse mais notório. Sempre foi assim. Um movimento sutil da minha parte e os homens tremem. Não me orgulho disso, mas também não me envergonho. É o peso do sobrenome Marlow. Vinte pares de olhos esperavam meu veredicto sentados em uma longa mesa na sala de reuniões. Da minha posição na cabeceira, eu podia vê-los a todos: diretores, chefes de departamento e, claro, meus irmãos. Thomas, o do meio, com seus 32 anos e aquela eterna expressão analítica. E Sam, o mais novo, com apenas 28 anos, sempre observando, aprendendo mais sobre negócios, embora essa não seja sua especialidade. — As projeções de vendas para a Avalon Motors não coincidem com o fluxo de caixa relatado. Disse finalmente, jogando o relatório sobre a mesa. — E os investimentos na divisão aeronáutica estão gerando um retorno 12% menor do que o projetado. Anderson abriu a boca para responder, mas levantei a mão, silenciando-o instantaneamente. — Sente-se. Levantei-me lentamente, ajeitei minha gravata Windsor e senti o peso das responsabilidades sobre os meus ombros. Quando o nosso pai nos deixou esta empresa, ela era pouco mais que uma oficina de autopeças nos arredores da cidade. Hoje, a Marlow Industries importa a linha completa de motores Avalon, fabrica componentes para a StratoJet Aviation e tem contratos com três estaleiros internacionais. Tudo construído com decisões como esta. — Senhores, estamos há três trimestres consecutivos... Foi então que eu senti. Uma pontada aguda no meu peito, como se alguém tivesse cravado uma faca entre as minhas costelas. A profunda dor me atravessou, roubando-me o fôlego. Apoiei ambas as mãos na mesa, tentando manter a compostura. "Não agora", pensei. Não na frente deles. — Julian? A voz de Sam soava distante, embora estivesse a poucos centímetros. — Você está bem? Senti a mão dele no meu ombro. Assenti sem olhá-lo, concentrando-me em respirar e ficar de pé. — A reunião continua. Consegui dizer, mas Thomas já estava de pé. — A reunião está adiada para sexta-feira. Ele anunciou com um tom que não admitia discussão. Às vezes esqueço que ele também é um Marlow. Levantei o olhar para Anderson, que parecia aliviado e preocupado em igual medida. — Quero esses relatórios corrigidos para sexta-feira. Disse, recuperando um pouco da minha autoridade. — Com cada centavo justificado e cada projeção apoiada. Ou procuraremos alguém que possa fazê-lo. A sala esvaziou-se rapidamente. Só restamos nós três: os herdeiros do império Marlow. Meus irmãos me olhavam com aquela expressão de respeito por um lado e de preocupação por outro, que se tornou tão familiar nos últimos meses. — Você deveria ver o doutor Peterson. Disse Thomas, sempre prático. — Já tenho consulta para amanhã. Menti, sabendo que ligaria para o consultório dele assim que saísse daqui. Sam, sempre o mais emotivo dos três, não disse nada. Só me observava com aqueles olhos idênticos aos do nosso pai. Trinta e cinco anos e já sentia que o tempo escorria entre os dedos. Tínhamos construído um império, sim, mas a que preço. A dor no meu peito parecia me lembrar disso: mesmo os tubarões sangram. María José O frio de Toronto me recebeu naquela manhã de janeiro quando desci do avião com minha única mala. Quatro anos depois, ainda sinto o mesmo frio infiltrar-se pelas frestas da minha pequena casa, mas já aprendi a viver com ele, como com tantas outras coisas. Meu nome é Maria José Ramírez. Tenho vinte e três anos e estou prestes a me formar em Contabilidade e Administração de Empresas em uma das universidades mais prestigiadas do Canadá. Uma conquista que em Bogotá, no meu bairro de ruas íngremes e casas de tijolo aparente, parecia tão distante quanto as estrelas. Quando recebi a carta da bolsa, chorei por horas. Não de felicidade, mas de frustração. A bolsa cobria a matrícula completa e a passagem, mas nada mais. Como eu ia sobreviver em um país estrangeiro sem um tostão? Era como me dar um carro de luxo sem motor. — Não posso aceitar, vovô. Disse a Dom Emanuel, o homem que me criou desde que meus pais morreram naquele acidente que eu m*al me lembro ou, dizendo melhor, esqueci. — É impossível. Minha avó Esperanza, com aquelas mãos ásperas de tanto trabalhar, pegou meu rosto como quando eu era criança. — Minha filha, você acha que vamos permitir que você fique aqui estagnada? Nós já vivemos nossas vidas. É hora de você viver a sua. Naquela noite, abriram a pequena caixa de metal onde guardavam suas economias. Oito milhões de pesos colombianos. Tudo o que tinham. Suficiente para sobreviver três meses no Canadá se vivesse com extrema austeridade. — Quando chegar lá, procure trabalho e nos devolva. Brincou o meu avô, embora soubéssemos que ele falava sério. E assim eu fiz. Assim que pisei em solo canadense, comecei a procurar emprego enquanto frequentava as aulas. Cafeterias, restaurantes, lojas de roupa, limpeza de escritórios, babá... Fiz de tudo. Sete trabalhos diferentes em quatro anos. E sempre pela mesma razão: meu sotaque. "Você fala muito rápido" "Os clientes não te entendem" "Seu inglês não é bom o suficiente" Desculpas. A verdade é que sou colombiana, mestiça, o meu pai era alemão e minha mãe colombiana morena. Eu era uma mistura de ambos. Morena de cabelo castanho com um sotaque muito forte. Para muitos, isso é suficiente para me fechar portas. Felizmente, conheci a senhora Patterson. Uma viúva de oitenta anos que me alugou o que ela chamava de "a casinha do jardim": um quarto com banheiro que um dia foi o galpão de ferramentas. Tem goteiras quando chove, e no inverno a água do chuveiro sai tão gelada que às vezes prefiro não tomar banho. Mas são apenas 300 dólares por mês, um milagre nesta cidade de aluguéis impossíveis. —Você tem coragem, garota. Ela me disse a primeira vez que me viu estudando até de madrugada enquanto eu trabalhava nos cálculos da minha aula de Contabilidade Avançada. Todo mês, sem falta, envio dinheiro para Bogotá. Às vezes são 200 dólares, às vezes 500 quando eu vou bem. Fico com o mínimo: para o aluguel, a comida (principalmente arroz, feijão e o que estiver em oferta), o transporte e os materiais de estudo. Não há espaço para caprichos. Meus avós sempre me dizem para guardar mais para mim, que eles estão bem. Mas eu sei que não é verdade. Minha avó precisa de remédios para sua artrite, e o telhado da casa sempre precisa de reparos. Além disso, prometi devolver cada centavo que me deram e, no primeiro ano, fiz isso. Trabalhei para devolver esse dinheiro que peguei emprestado para realizar meus sonhos de vir para cá. Hoje, no entanto, tudo se complicou. Estava no meu turno no supermercado Coleman's, onde já trabalhava como caixa há oito meses. Uma senhora com um casaco caro e joias que eu só podia sonhar em ter, aproximou-se do meu caixa com um carrinho cheio. Quando a cumprimentei com meu habitual "Boa tarde, senhora", o rosto dela mudou. — Não quero que esta me atenda. Disse ela à supervisora, como se eu não estivesse ali. — Não confio em estrangeiros. A supervisora, ocupada com outro cliente, pediu que ele esperasse ou fosse para outro caixa. A mulher, indignada, continuou: vocês vêm para nos tirar os empregos e ainda por cima pretendem que os tratemos como iguais. Respirei fundo e continuei escaneando os seus produtos. Não era a primeira vez. Não seria a última. Então aconteceu. Ela abriu a garrafa de água e jogou-a diretamente na minha cara. — Estrangeira ladra, com certeza você cobra a mais para enviar para o seu país. A água fria encharcou meu uniforme e meu cabelo. As lágrimas ameaçavam sair, mas eu me mantive firme. Não dei a ela o prazer de me ver chorar. — Senhora, por favor, peço-lhe respeito. Foi tudo o que eu disse, com a voz tremendo. Duas horas depois, o gerente me chamou ao seu escritório. A mulher havia apresentado uma queixa formal, alegando que eu a havia insultado e tratado com desprezo. Minha palavra contra a sua. A de uma imigrante bolsista contra a de uma cliente regular que gastava centenas de dólares semanalmente na loja. — Sinto muito, Maria. Ele disse, sem olhar nos meus olhos, enquanto assinava minha carta de demissão. Política da empresa. Agora estou sentada no meu quartinho, com a última conta de luz na mesa (vencida há três dias) e o aluguel para pagar na semana que vem. Na tela do meu computador, o e-mail do professor Harrison me lembra que devo entregar meu projeto de fim de curso em duas semanas. Quatro anos de esforço. Quatro anos longe dos meus avós. Quatro anos suportando olhares, comentários, desprezos. Tudo para chegar até aqui. Abro a minha carteira e conto: 87 dólares. É tudo o que tenho até encontrar outro emprego ou usar o dinheiro para o envio mensal para Bogotá. Terei que usá-lo para sobreviver. Peguei o telefone para ligar para meus avós e dar a notícia, mas não consigo. Não suportaria ouvir a preocupação em suas vozes. Eles acham que estou vivendo o grande sonho americano, que o Canadá me recebeu de braços abertos. Nunca lhes contei sobre as noites em que chorei até adormecer, sobre as vezes em que me gritaram "volte para o seu país" na rua, sobre o quão sozinha me senti. Em vez de ligar para eles, abro o jornal local no meu laptop e vou direto para a seção de empregos. Tem que haver alguma coisa. Não posso desistir agora. Não depois de tudo o que sacrifiquei para chegar aqui. ‍​‌‌​​‌‌‌​​‌​‌‌​‌​​​‌​‌‌‌​‌‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌​‌‌‍

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