Belinda
Não sabia que quando escreveu aquela carta para Melinda sua irmã a receberia a tempo de ajudá-la. Estavam numa situação miserável! Seu pai nem permitia falar o nome de Melinda. Quando propôs pedir ajuda a ela seu pai teve quase um infarto de tanta fúria. Nunca tinha visto seu pai tão fora de si, nem mesmo quando disse que estava grávida de Eric e ele a obrigou a casar com aquele i****a. O que foi um ero desde o início. Meses depois perdeu o bebê e seu casamento foi para o ralo completamente.
Contrariando a vontade de seu pai e de Bia tentou encontrá-la, mas tinha sido em vão até o seu pai desaparecer. Quando foi vasculhar o quarto de seu pai achou uma maleta escondida no fundo de seu guarda-roupas ao abri-la perdeu o fôlego de surpresa. Achou vários reportagens e fotos de Melinda dentro dela. Também achou um endereço residencial que depois conseguiu identificar como sendo dela. Melinda assinava o nome de Petrovich, nunca de Thompson, por isto nunca a tinha encontrado. Quando ainda estava solteira assinava Sanderson. Nunca a encontraria se não tivesse achado aquela maleta.
Mas agora Melinda estava ali para ajudá-las. Largou tudo para vir em socorro de sua família. Deixou a mágoa e o ressentimento de lado para socorrê-las. E era grata por isto!
O primeiro dia da chegada de sua irmã Melinda foi tempestuoso.
O segundo dia uma guerra com Bia sendo desagradável e tendo que lidar com o banco e os credores. Mas pelo visto não foi todo r**m a julgar pelo incidente dela com Luke. Seu amigo sempre demostrou que queria ser algo a mais, só que ainda era casada e não se sentia atraída por ele. Não que Luke não fosse bonito e atraente, pelo contrário ele era lindo apesar da cara de sério.
Percebeu que depois do beijo casto que Luke deu em Melinda algo nasceu entro de ambos. Atração pura e crua. Luke não conseguia desviar os olhos de Melinda e ela não o encarava. Mas quando eles forem embora e ela subiu só descendo na hora do jantar Melinda começou a fazer perguntas sutis sobre Luke. Claro que eu só exaltei suas qualidades.
Ambos mereciam ser felizes porque não dar uma ajudinha. E se Melinda se apaixonasse por ele ficaria e eu teria minha irmã por perto mais tempo. Não queria que ela fosse embora novamente e sumisse. Era um pensamento egoísta? Sim. Mas já abriu mão de coisas demais em sua vida, não ia perdê-la de novo.
Estava ajudando Nancy no café da manhã quando o telefone tocou.
Teria que conversar com Melinda novamente por ela comprar tanta coisa para a fazenda, pensava. Ontem tinha conversado superficialmente quando chegou as compras do armazém que era o dobro que Nancy pediu e a compra exagerada de roupas de cama, banho e toalhas. Pareciam que iam virar um hotel. Isto sem falar no imenso jipe preto parado do lado de fora fã casa.
_ Fazenda Thompson. Belinda falando. - atendeu a ligação respirando fundo.
_ Como vai doçura? - a voz do outro lado me fez gelar - Está com saudades?
_ O que você quer Eric? - tentei ser firme. Eu não era como Melinda forte e decidida. Sou fraca e sentimental! Por isto acabei acreditando que ele me amava e me entreguei ficando grávida e me casando com ele. Dois meses depois veio os espancamentos, a bebedeira, os jogos, a perda do meu bebê...o fim do meu casamento. Ainda sofria por ter sido tão ingênua.
_ Queria saber como você está doçura. Tem tempo que não nós vemos. - disse com a voz melosa.
_ Diga a verdade. O que você quer? - insisti o ouvindo suspirar - Fale logo Eric.
_ Encontrei sua irmã ontem no armazém da Antônia pagando a conta de vocês. - pressenti o que viria a seguir - Pensei que era você e pedi dinheiro emprestado.
_ O quê? - quase gritei ao telefone.
_ Sua irmã me bateu e colocou uma arma em minha cara. - revelou ele parecendo irritado me deixando surpresa - Ela me ameaçou se não te desse o divórcio.
_ O que você fez para Mel chegar a este extremo? Diga logo.
_ Só pedi dinheiro a ela. - ele estava mentindo e sabia disto.
_ Eric...
_ Ela me ameaçou Bel! - ele demonstrou estar desesperado agora - Disse que vai se intrometer nos meus negócios. Que vai me colocar na cadeia. Que a vida na cadeia pode ser tranquila ou brutal.
Eu podia imaginar esta cena.
Para Eric estar me ligando isto quer dizer que estava realmente assustado, pensei. Então a coisa devia ter sido bem f**a, concluí.
_ Mantenha esta c****a maluca longe de mim. - gritou ele.
_ Mantenho se me der o divórcio. - propôs resolvendo tirar vantagem da situação.
_ Nunca. - riu ele no telefone - Sei que sua irmã tem grana e está pagando as dívidas de seu pai. Daqui a pouco esta fazenda estará valendo alguma coisa e casamos com comunhão de bens. Você é minha aposentadoria querida.
_ Não gastará nada na cadeia Eric. - disse irritada, senti alguém tocar meu ombro e vi Mel atrás de mim me pedindo o telefone.
_ Olá cunhadinho. - disse Mel ao telefone assim que lhe entreguei - Pensei que tinha sido claro ontem em não perturbar minha família. - houve uma pausa e eu fiquei observando minha irmã - Bom, você tem uma saída. Algumas pessoas irão te entregar uns documentos são do divórcio. Aconselho que assine. Caso contrário aceite os riscos. - a vi desligar o telefone.
_ Você realmente bateu nele? - perguntou a Melinda curiosa.
_ Eric ameaçou vir morar aqui para ser guarda costas de Bia. Além de apertar meu braço. - ela se defendeu.
_ Então foi bem merecido. - sorri a fazendo relaxar.
_ Você bateu em Eric? - Bia apareceu na sala.
_ Ele mereceu. - Melinda sorriu divertida.
_ Finalmente fez alguma coisa que presta em chefona. - elogiou Bia - Ele ficou com o olho roxo ou algo assim?
_ Não. Apenas dei um murro no estômago dele, acertei seu joelho é o joguei no chão. O ponto alto foi quando coloquei minha pistola na cara dele e ele quase mijou nas calças.
Gargalhamos juntas.
_ Saber se defender às vezes é necessário. Eu poderia ensinar a vocês. - propôs.
Bia a olhou com interesse pela primeira vez que chegou.
_ Dimitri está chegando e pode nos ajudar. Ele me ensinou vários golpes e lutas. - explicou.
_ Vou pensar no seu caso. Estou indo estudar. Bom dia para vocês. - desejou antes de sair.
Vimos ela se afastar sorridente e entrar no carro da amiga que já a esperava.
_ Bia já viu sobre a faculdade que ela vai cursar? - Mel me questionou - Se precisar de recomendações posso arrumar.
_ O que você não pode arrumar Mel? - continuei rindo.
_ Acho que nada. O que pretende fazer hoje? - ela me perguntou curiosa.
_ Arrumar espaço para guardar tudo aquilo que você comprou. - me dirigi a cozinha a cozinha com ela atrás de mim - Ainda temos que arrumar os quartos.
_ Posso fazer isto. Depois preciso que de uma volta comigo pela fazenda.
_ Ok. Podemos fazer isto depois. Mas me responda uma pergunta antes. - me virei para ela - Ficou interessado em Luke não foi?
_ Fala sério! Confissões de amor adolescente Bel!? Já passamos desta idade Bel. - Mel sorriu e não respondeu.
_ Luke é uma boa pessoa! Não o vejo com uma namorada a muito tempo. Amanda Lewis o cerca sempre. Fora outras mulheres. - argumentei.
_ Ele não ficava com ninguém porque queria você. - retrucou ela seca me encarando - Não vou ser uma substituta.
_ Luke queria algo realmente comigo não vou negar. Mas nunca tivemos nada. Somos apenas bons amigos. - insisti.
_ Porque você não quis. - apontou ela e eu tive que assentir.
_ Verdade. Mas ele me respeita e ajuda sempre que preciso. Luke nunca avançou em nada comigo. - reforcei a vendo sorrir enigmática.
_ Agora é o momento que você faz a lista de qualidades de um bom futuro marido? E que Luke se encaixa perfeitamente nela? - Melinda gargalhou - Você é demais Bel! Vou subir e arrumar os quartos. - saiu
Observou a irmã se afastar sorrindo e balançando a cabeça. Mel ia descobrir que não desistia tão fácil quando pessoas que gostam estavam envolvidos.
Uma hora depois estavam rodando pela fazenda verificando as cercas quebradas, o alojamento estava uma ruína também... Algumas cabeças de gado pastavam tranquilamente pelo pasto danificado. O pasto estava ralo, pobre, sem qualidade nenhuma...
_ Temos que remanejar este gado e replantar este pasto. - vi Mel caminhar pelo pasto e analisá-lo com cuidado - Acho que vamos ter que repor nutrientes para o solo se recuperar. - ela se levantou e olhou para todos os lados - Podemos plantar enquanto o solo se recupera. Mas só vamos ter a certeza quando fizermos a análise de solo. Dimitri vai determinar isto melhor que eu.
_ Eu não entendo nada do que está dizendo. - declarei a observando.
_ Tenho fazendas entre plantações e gado. - revelou - Um haras também. Herança de Edik. Tive que aprender muitas coisas que não entendia. - deu uma pausa - Quando você precisa e a necessidade aperta você tem que se adaptar logo.
_ E isto que você faz? Se adapta?
_ Sim. - a olhou duro - Minha pior adaptação foi ter voltado Bel. - viu dor brilhar em seus olhos para depois sumir. Mel era boa em disfarçar suas emoções. Sua irmã ainda sofria com o abandono de nosso pai.
_ Sei que não foi fácil para você voltar Mel. Ainda nós ajudar após estes quinze anos sem contato. Mas quero que você saiba que eu a procurei por anos. - comecei a explicar - Mas eu estava procurando Melinda Thompson, não Sanderson ou Petrovich.
_ Como me achou então? - ela me olhou curiosa.
_ Nosso pai. - o rosto dela fechou - Quando ele sumiu vasculhei seu quarto e encontrei uma maleta. Nela continha reportagens sobre você. Fotos de você em várias festas e ocasiões. Também tinha um endereço residencial, seu endereço. Foi assim que te achei. - expliquei.
Mel olhou para todos os lados com cara de desgosto. Via a raiva e a dor brilhar em seu rosto.
_ Posso te dar...
_ Não. - gritou ela estendendo a mão - Não toque mais neste assunto. Eu..não tenho PAI.
_ Mel...
_ Como estão os estábulos? - Mel mudou de assunto e caminhou de volta para o jipe - Queria trazer alguns de meus cavalos para cá. Os meninos vão precisar para lidar com o manejo do gado.
_ Sabe para onde ficam ainda? - corri atrás dela.
_ Não. Me mostre? - tomou a direção.
_ Não quis irritá-la Mel.
_ Apenas não toque mais no assunto. - pediu ela ainda furiosa - Me indique o caminho.
_ Ok. Segue em frente. - a orientei - O que pretende fazer mais tarde?
_ Tenho que buscar alguém. Quando me ligar preciso que me leve até a cidade. - dirigia rapidamente - Devo voltar tarde, não precisa me esperar. - avisou.
_ Vire à direita. - orientei - Como vai voltar?
_ Alex alugou um carro. Um conversível é claro! - Mel voltou a sorrir e a olhou - Ainda desenha? Seus projetos de casas?
_ Não faço isto a muito tempo Mel. - na verdade a muito tempo não pegava em um lápis, nem sabia quando parou de criar seus projetos.
_ Você daria uma excelente arquiteta Bel. - a olhou por alguns segundos antes de voltar sua atenção para a estrada - Quer trabalhar nos projetos de reforma da fazenda? - meu coração disparou - Vou logo avisando que a arquiteta é louca. Vai te fazer trabalhar como uma louca, mas vai aprender também.
_ Gostaria muito. - concordei feliz.
_ Também há cursos Bel. Posso ajudá-la com isto se quiser. Pense nisto.
_ Vou pensar. - pensaria mesmo. Depois que tudo estivesse funcionando e seu pai de volta daria um rumo a sua vida - Obrigada.
_ Você dará uma excelente profissional. Não será favor nenhum. Você nem imagina a quantidade de trabalho que te aguarda. - riu divertida parando em frente ao que parecia ser a sombra de um estábulo um dia - m***a!
_ m***a mesmo. - disse desgostosa.
_ Como disse... - a olhou Mel sorrindo - ... terá muito trabalho. Você está ferrada. Ferrada ao topo! - gargalhou.