O jantar terminou com Jenny insistindo em servir sobremesa e Emma pedindo “só mais meia taça” de vinho. Theodore manteve o charme até o último segundo, educado, atencioso, e perigosamente convincente.
Quando finalmente se despediram, Jenny os acompanhou até a porta, sorrindo como quem acabara de assistir a uma comédia romântica perfeita.
— Vocês formam um casal lindo — disse, abraçando Sophie. — E, Theodore, volte mais vezes.
— Pode deixar, Jenny. Foi uma noite maravilhosa — respondeu ele, com o sorriso impecável de quem sabia que estava ganhando pontos.
Jenny o abraçou, para o espanto de Sophie, que só conseguiu revirar os olhos.
— Mãe… — ela murmurou, impaciente.
— Boa noite, meus amores! — Jenny acenou quando eles entraram no carro.
Sophie fechou a porta com força demais e soltou um suspiro pesado, o tipo que dizia mais do que mil palavras. Theodore virou-se para ela, já rindo.
— O que foi? — perguntou já sabendo a resposta.
Ela o encarou de lado, o olhar estreito.
— Você se divertiu, não é?
— Um pouco — ele admitiu, ainda sorrindo. — Sua mãe é adorável. Sua irmã me ama. Eu sou.. um ícone. Sabia ?
— Ícone — Sophie cruzou os braços. — Ela praticamente te canonizou.
— E você ficou com ciúmes? — ele provocou, arrancando o carro da garagem.
— Ciúmes? — Sophie bufou. — Não seja ridículo. Eu só… — ela parou, procurando as palavras. — Eu só acho engraçado como você sempre sabe o que dizer.
— Isso é um defeito?
— Quando te transforma no genro dos sonhos em meia hora, sim — retrucou ela.
Theodore riu, apoiando um braço no volante.
— Achei que fosse melhor ser o genro dos sonhos do que o pesadelo da família.
— Você não conheceu minha mãe o suficiente pra ser o pesadelo ainda — ela respondeu, seca.
— Mas chego lá, é isso? — ele provocou, virando o rosto pra ela, com um sorriso m*l disfarçado.
Sophie desviou o olhar, olhando pela janela.
— Se continuar com esse charme ensaiado, talvez.
— Charmoso e ensaiado — ele repetiu, pensativo. — Já são dois defeitos na mesma noite.
Ela o olhou, cansada, mas havia um brilho de diversão no fundo do olhar.
— Pode colocar o terceiro: irritante.
— Anotado — ele respondeu, com um sorriso satisfeito. — Mas confesse, você gostou de ver sua mãe elogiando seu “noivo perfeito”.
— Se você rir, eu juro que saio do carro — disse Sophie, semicerrando os olhos.
Ele deu uma risada contida, quase imperceptível.
Silêncio. Só o som do motor e o batucar dos dedos de Theodore no volante.
— Por falar nisso — ele comentou, depois de alguns segundos — “feliz e radiante”?
Sophie revirou os olhos, bufando.
— p***a, não começa. Ridículo essa percepção delas. Apenas, sou uma boa atriz. — respondeu Sophie.
— Eu só tô é curioso. Você está “feliz e radiante” querida ?— Provocou.
Ela virou-se pra ele, com aquele olhar que misturava irritação e um toque perigoso de riso.
— Você é insuportável, Theodore Beaumont.
— E mesmo assim — ele disse, abrindo um sorriso lento — sua mãe me adora e sua irmã quase me "canonizou".
Sophie balançou a cabeça, vencida por um meio sorriso.
— Deus me ajude, Jenny vai acabar te convidando pro Natal.
— E você vai ter que fingir que gosta disso — respondeu ele, satisfeito.
Ela se recostou no banco, murmurando:
— Fingir é o que a gente faz de melhor, não é, Beaumont?
O olhar dele a encontrou no reflexo da janela. Por um breve momento, o ar ficou diferente pesado, denso, quase íntimo.
— Nem sempre, Sophie — ele respondeu, baixo. — Nem sempre é fingimento.