Capítulo 42. Fingimento?

634 Palavras
O jantar terminou com Jenny insistindo em servir sobremesa e Emma pedindo “só mais meia taça” de vinho. Theodore manteve o charme até o último segundo, educado, atencioso, e perigosamente convincente. Quando finalmente se despediram, Jenny os acompanhou até a porta, sorrindo como quem acabara de assistir a uma comédia romântica perfeita. — Vocês formam um casal lindo — disse, abraçando Sophie. — E, Theodore, volte mais vezes. — Pode deixar, Jenny. Foi uma noite maravilhosa — respondeu ele, com o sorriso impecável de quem sabia que estava ganhando pontos. Jenny o abraçou, para o espanto de Sophie, que só conseguiu revirar os olhos. — Mãe… — ela murmurou, impaciente. — Boa noite, meus amores! — Jenny acenou quando eles entraram no carro. Sophie fechou a porta com força demais e soltou um suspiro pesado, o tipo que dizia mais do que mil palavras. Theodore virou-se para ela, já rindo. — O que foi? — perguntou já sabendo a resposta. Ela o encarou de lado, o olhar estreito. — Você se divertiu, não é? — Um pouco — ele admitiu, ainda sorrindo. — Sua mãe é adorável. Sua irmã me ama. Eu sou.. um ícone. Sabia ? — Ícone — Sophie cruzou os braços. — Ela praticamente te canonizou. — E você ficou com ciúmes? — ele provocou, arrancando o carro da garagem. — Ciúmes? — Sophie bufou. — Não seja ridículo. Eu só… — ela parou, procurando as palavras. — Eu só acho engraçado como você sempre sabe o que dizer. — Isso é um defeito? — Quando te transforma no genro dos sonhos em meia hora, sim — retrucou ela. Theodore riu, apoiando um braço no volante. — Achei que fosse melhor ser o genro dos sonhos do que o pesadelo da família. — Você não conheceu minha mãe o suficiente pra ser o pesadelo ainda — ela respondeu, seca. — Mas chego lá, é isso? — ele provocou, virando o rosto pra ela, com um sorriso m*l disfarçado. Sophie desviou o olhar, olhando pela janela. — Se continuar com esse charme ensaiado, talvez. — Charmoso e ensaiado — ele repetiu, pensativo. — Já são dois defeitos na mesma noite. Ela o olhou, cansada, mas havia um brilho de diversão no fundo do olhar. — Pode colocar o terceiro: irritante. — Anotado — ele respondeu, com um sorriso satisfeito. — Mas confesse, você gostou de ver sua mãe elogiando seu “noivo perfeito”. — Se você rir, eu juro que saio do carro — disse Sophie, semicerrando os olhos. Ele deu uma risada contida, quase imperceptível. Silêncio. Só o som do motor e o batucar dos dedos de Theodore no volante. — Por falar nisso — ele comentou, depois de alguns segundos — “feliz e radiante”? Sophie revirou os olhos, bufando. — p***a, não começa. Ridículo essa percepção delas. Apenas, sou uma boa atriz. — respondeu Sophie. — Eu só tô é curioso. Você está “feliz e radiante” querida ?— Provocou. Ela virou-se pra ele, com aquele olhar que misturava irritação e um toque perigoso de riso. — Você é insuportável, Theodore Beaumont. — E mesmo assim — ele disse, abrindo um sorriso lento — sua mãe me adora e sua irmã quase me "canonizou". Sophie balançou a cabeça, vencida por um meio sorriso. — Deus me ajude, Jenny vai acabar te convidando pro Natal. — E você vai ter que fingir que gosta disso — respondeu ele, satisfeito. Ela se recostou no banco, murmurando: — Fingir é o que a gente faz de melhor, não é, Beaumont? O olhar dele a encontrou no reflexo da janela. Por um breve momento, o ar ficou diferente pesado, denso, quase íntimo. — Nem sempre, Sophie — ele respondeu, baixo. — Nem sempre é fingimento.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR