Capítulo 57. Pré Wedding

731 Palavras
A quinta-feira amanheceu ensolarada, com um céu limpo que parecia ter sido escolhido especialmente para a ocasião o ensaio pré-wedding de Theodore e Sophie. Sophie chegou primeiro, como sempre. Usava um vestido de seda em tom marfim, o cabelo preso de forma delicada com pequenas pérolas decorativas, e uma maquiagem suave que destacava o olhar castanho escuro. Tudo perfeitamente planejado. Ela observava o cenário do jardim onde fariam as fotos: flores recém-arranjadas, uma mesa de piquenique sofisticada e uma equipe de fotógrafos se movimentando com eficiência. Quando Theodore chegou, de terno bege e camisa branca aberta no colarinho, Sophie virou o rosto mas não rápido o suficiente para esconder o olhar que percorreu a figura dele. — Você chegou no horário. Milagre. — ela disse, ajustando a pulseira, o tom levemente provocador. — Eu aprendi que irritar você logo cedo estraga o resto do meu dia. — respondeu Theodore com um meio sorriso. Ela arqueou uma sobrancelha, mordendo a língua para não rir. O fotógrafo, um homem animado e direto, interrompeu a troca de olhares com entusiasmo. — Perfeito, os noivos estão lindos! Vamos começar com algo natural, como se estivessem passeando. Segurem as mãos, olhem um para o outro, riam… Sophie lançou um olhar curto para Theodore, que parecia se divertir mais do que deveria. — Lembre-se: natural. — ela sussurrou entre os dentes, apertando a mão dele. — E sorrir é permitido, certo? — ele provocou. Eles começaram a andar pelo jardim. O toque das mãos, ainda que parte do teatro, parecia mais real do que antes. Sophie mantinha o rosto sereno, mas o coração acelerado a traía a cada vez que Theodore se inclinava um pouco mais, fingindo cochichar algo. — Você está tensa. — ele murmurou, com o tom baixo o bastante para não ser captado pelas câmeras. — Estou focada. — retrucou ela, rígida. — Claro. E seu pé balançando discretamente não é nada, né? Ela engoliu a resposta e manteve o olhar firme. As fotos seguintes exigiam mais proximidade. Em uma delas, Theodore ficou atrás dela, as mãos em sua cintura enquanto o fotógrafo pedia que ele se inclinasse ligeiramente, como se fosse beijá-la. Sophie manteve o queixo erguido, os lábios entreabertos, mas o olhar vacilou quando sentiu a respiração dele perto demais da pele. — Está tudo bem, senhorita McGoldrick? — perguntou o fotógrafo, animado. — Querem fazer mais uma pose assim? Sophie piscou, voltando a si. — Sim. — respondeu rápido, ajeitando o vestido. — Pode continuar. Theodore manteve-se atrás dela, mas agora havia um ar diferente entre os dois. O toque dele, antes profissional, tornara-se mais cuidadoso, mais demorado. E Sophie, por mais que tentasse, não conseguia ignorar a sensação de que aquele abraço não era apenas uma encenação. Em certo momento, o fotógrafo pediu algo ainda mais ousado: — Agora, por favor, encostem a testa um no outro, os narizes bem pertinho. Quero um olhar de ternura, deixem a paixão transbordar. Sophie engoliu em seco. Theodore deu um passo à frente, o olhar fixo no dela. O mundo pareceu se calar por um instante. A distância entre os dois desapareceu. — Ternura. — Theodore repetiu em tom baixo, com um sorriso que a fez perder o fôlego por um segundo. — Acho que consigo fingir isso. Sophie respondeu quase num sussurro: — Fingir é o que fazemos de melhor. Mas quando as lentes captaram o instante, o fotógrafo sorriu satisfeito porque, por mais que ambos quisessem acreditar, não havia nada de falso naquele olhar. Após o último clique, Sophie se afastou discretamente, retomando a postura de sempre, mas as bochechas ainda estavam coradas. Ela agradeceu à equipe, pediu para ver algumas fotos, elogiou a composição. Theodore apenas observava, as mãos no bolso, com aquele sorriso leve que sempre a deixava irritada e, ultimamente, perigosamente confusa. Quando o fotógrafo anunciou o fim da sessão, Sophie se virou para ele: — Pelo menos as fotos ficaram boas. — Ficaram ótimas. — ele respondeu, sem desviar o olhar. — Mas o crédito é todo seu… noiva. Sophie revirou os olhos, pegou sua bolsa e seguiu em direção ao carro. Mas Theodore percebeu o pequeno sorriso que ela tentou esconder e soube, naquele momento, que aquela manhã tinha sido mais do que apenas um ensaio. Tinha sido um vislumbre do que eles fingiam ser… e do que, cada vez mais, pareciam se tornar de verdade.
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