Capítulo 56. Confissão

519 Palavras
Theodore permaneceu observando ela e algo chamou sua atenção além da frustração com o local. O pé dela não parava de balançar, um movimento nervoso e repetitivo. A respiração era pesada, quase audível, e a mandíbula firme denunciava uma tensão que ia muito além do problema com a reserva. Ele se aproximou devagar, cuidadosamente, sem invadir o espaço dela. — Sophie… — disse baixinho, evitando soar autoritário —, você está diferente. Isso não é só sobre o jantar, é? Ela suspirou, e por um instante pareceu prestes a se recompor. Mas o olhar fixo na mesa, os punhos cerrados, a fizeram perder a máscara que costumava exibir com perfeição. — É… é sobre tudo. — A voz saiu rouca, carregada de nervosismo. — Theodore, eu… eu tenho medo. Ele franziu o cenho, surpreso com a confissão. — Medo? — Sim. — ela respirou fundo, tentando organizar as palavras. — Medo de que as pessoas percebam que somos uma farsa. — Olhou para ele, finalmente encontrando o olhar dele, vulnerável e sincera. — Medo de que ridicularizem a gente, que percebam que todo esse “casamento” não passa de um acordo, e que eu… eu não consigo disfarçar tudo isso perfeitamente o tempo inteiro. Theodore sentiu algo apertar o peito. Ela estava nervosa, mas não por ele, nem pelo evento era a pressão de manter o controle, de sustentar a imagem de alguém impecável em todos os aspectos da vida. — Sophie… — ele começou, aproximando-se mais, mas mantendo a voz baixa, segura —ninguém precisa perceber nada além do que nós permitirmos. Ela desviou o olhar, ainda mordendo o lábio, mas algo nos olhos dela se suavizou, mesmo com a irritação e a tensão ainda lá. — Mas… e se eles perceberem? — a voz dela falhou por um instante. — E se rir de nós for fácil demais? Theodore, você não entende, todo mundo olha pra gente… e eu não posso falhar. Ele se aproximou o suficiente para tocar levemente seu ombro, um gesto firme, mas cuidadoso, como quem oferece apoio sem invadir o espaço dela. — Eu entendo, Sophie. — disse, com sinceridade —. Mas ninguém vai perceber se nós dois mantivermos o controle. Juntos. Ela suspirou, soltando um pouco da tensão, o pé finalmente parando de balançar. — Você diz isso como se fosse fácil… mas eu não posso parar de me preocupar. — Sou seu noivo. Então, estamos juntos nisso. — ele responde sério, mas com um sorriso aberto, tentando aliviar a tensão dela. Sophie permitiu-se respirar fundo, os ombros relaxando levemente. — Obrigada. — diz Sophie, em tom neutro. Theodore percebeu que, por trás da máscara fria e mandona dela, havia medo e que, por mais que fingissem, ambos estavam aprendendo a lidar com a farsa de um jeito que ninguém mais poderia entender. Ele soltou um pequeno sorriso, quase imperceptível. Ela olhou para ele, ainda nervosa, mas algo nos olhos dela mudou: um lampejo de confiança, um fio tênue de alívio. E naquele momento, Theodore soube que aquele tipo de a******a era raro, e que tinha sido confiado a ele.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR