Capítulo 34. Nunca mais

495 Palavras
Mesmo noite — Grand Palais, depois do evento 1:42 O salão já estava quase vazio. Os fotógrafos desmontavam equipamentos, a equipe recolhia os tecidos e cabides, e o som distante da cidade começava a invadir o silêncio elegante do Grand Palais. Sophie ainda estava ali, sentada sozinha na fileira da frente, observando o palco iluminado pelas últimas luzes do evento. O vestido branco ainda lhe moldava o corpo perfeitamente, mas agora o tecido parecia pesar como se carregasse o peso de tudo o que aconteceu. Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo. O beijo vinha e voltava à sua mente como uma lembrança teimosa, a forma como ele a segurou, firme, mas não agressivo… o calor da mão dele em sua pele… e o instante exato em que o mundo inteiro pareceu desaparecer. Ela odiava aquilo. Odiava lembrar. Odiava o fato de ter sentido algo que, racionalmente, não deveria existir. -Foi um ato impulsivo. Estratégico. Apenas isso— Ela repetia mentalmente, tentando se convencer. Mas a lembrança insistia em vir acompanhada de outra coisa uma sensação perigosa, quase familiar. Um tipo de vulnerabilidade que Sophie jurou nunca mais sentir, especialmente em frente a um homem como Theodore Beaumont. — Você é um i****a, arrogante e egocêntrico... — murmurou para si mesma, mas a voz falhou antes do final. Do outro lado do prédio, em uma sala silenciosa, Theodore observava Paris pela janela. O reflexo da Torre Eiffel piscava no copo de whisky que ele segurava com uma mão.Mas a mente dele estava longe dali. Ele também revivia o momento do beijo e o que o surpreendia não era o gesto em si, mas a reação. Ele esperava resistência, uma encenação fria. Mas Sophie… retribuiu, ela respondeu ao toque. Foi o suficiente para bagunçar o equilíbrio que ele tanto gostava de manter. -Não devia ter feito isso— Ele pensou mas o pensamento veio acompanhado de um sorriso involuntário. Porque, pela primeira vez desde o início daquele jogo corporativo, Theodore sentiu algo que não fazia parte do contrato, curiosidade genuína. Não pela empresária, nem pela rival, mas pela mulher que, por um breve instante, deixou cair a máscara que construiu por meses na frente dele. Ele encostou o copo na mesa e passou a mão pelo cabelo, rindo baixo. —É… talvez eu tenha ido longe demais— murmurou baixo, para si mesmo. Mas o sorriso não desapareceu. Na verdade, cresceu. Sophie, por outro lado, finalmente se levantou. Ajeitou o vestido, colocou um casaco por cima e olhou uma última vez para a passarela. — Nunca mais, Theodore.—Prometeu a si mesma, embora o coração não acreditasse completamente. Do lado de fora, os dois deixaram o Grand Palais em carros separados, com escoltas diferentes. Mas, enquanto a cidade brilhava sob o luar de Paris, uma coisa era certa: aquele beijo planejado ou não tinha mudado tudo. Nem o contrato, nem a lógica, nem o orgulho dos dois seria o mesmo depois daquela noite.
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