Chicago

2496 Palavras
Lauren McKay. Passei a noite em claro com Alec. Nós analisamos os relatórios e decidimos agendar uma reunião para a semana seguinte com todos os envolvidos. Pela manhã, Alec me direcionou ao quarto de hóspedes, que era enorme por sinal, e me mostrou um closet vazio. — Se queremos consolidar as empresas, nós precisamos estar realmente casados. Mesma casa, passeios, aparições públicas. Enquanto você está suspensa da presidência, acho válido trabalharmos juntos aqui. Então... Seria uma boa você se mudar. Dedilhei os meus fios de cabelos e suspirei. — Eu preciso estar sempre em Nova Iorque. Mesmo com esse show do meu pai para me suspender, a empresa é uma parte de mim. — Trabalhe aqui. Vamos fazer o necessário para que tudo dê certo em Chicago. Mas por enquanto, eu recomendo a você um bom banho e algumas horas de sono. Te trago uma roupa. Concordei e fui para o banheiro. Não tardei no banho, e assim que sai havia uma camiseta e uma bermuda masculina em cima da cama. Me vesti rapidamente e me deitei. Estranhamente, com o cheiro do Alec na camisa, eu me aconcheguei entre as cobertas e adormeci em seguida. Despertei algumas horas depois, com um barulho vindo de dentro do closet. Me pus em pé rapidamente e encontrei uma mulher de meia idade e estatura baixa retirando algumas caixas dali. — Oi...? — Ah, me desculpe... Eu não quis acordar — ela se virou e me olhou gentilmente — eu sou governanta do Sr. Hastings, ele me pediu para organizar o closet pois logo as suas coisas estarão aqui. Observei em uma das caixas uma grande quantidade de fichários e papéis e de forma intuitiva apanhei a caixa. No mesmo momento, a senhora pressionou a tampa do compartimento e puxou. — São arquivos do Alec. — Eu sei. E eu sou esposa dele. Gostaria de dar uma olhada, principalmente se for relacionado a nossa empresa. — Desculpe — ela sorriu sem graça — tenho ordens de confidencialidade. — Algum problema, meninas? — Alec entrou no quarto. O encarei e prendi o fôlego. Ele estava com um terno lindo azul, uma calça social apertada e o cabelo levemente despenteado. Droga. Quanto mais eu o olhava, mais ele ficava lindo. — Sim — apontei para a caixa — eu gostaria de ler esses relatórios. Ele pediu para a governanta me entregar a caixa e eu sorri com certo cinismo, indo até a cama. — Você é bem desconfiada. — Sou — ergui meu olhar ­— posso saber aonde você vai? Digo... Eu não quero me intrometer. — Sem problemas. Tem uma conversa na igreja agora — ele encostou no batente — você quer ir? Arqueei a sobrancelha. — Eu não curto muito isso... — Tudo bem — ele ameaçou sair do quarto, mas em seguida, me encarou novamente — como você encontrou o endereço da minha casa ontem? Falei a primeira coisa que veio na minha cabeça. — Na internet... Por quê? Aqui é algum tipo de esconderijo secreto? Ele riu e negou com a cabeça. — Eu ordenei que trouxessem um pouco das suas coisas para cá... Roupas... Tudo, na verdade. Como sou seu marido, foi fácil fazer a mudança. ­— O quê? — arregalei os olhos ­— mas... — Suas roupas já estão sendo organizadas lá embaixo e logo a Val, nossa governanta, irá organizar no closet. Por enquanto só... Descansa. Acho que você está precisando. Demorei para assimilar um pouco, mas algo ainda me deixou encucada. Os relatórios nas caixas não estavam completos e não tinham nenhuma informação recente. Não sei se foi alguma impressão ou algo do tipo, mas o Alec sempre parecia estar na defensiva comigo. Assim que ele saiu, eu resolvi fazer um tour na casa. Desci até a sala gigante onde as minhas coisas estavam empilhadas e sendo organizadas, caminhei por um corredor até chegar em um cômodo que parecia ser um escritório, e a porta estava trancada. Voltei a observar o lugar, tendo certeza de que iria mudar totalmente a decoração de algumas partes da casa e resolvi fazer algo mais arriscado. Quem me garante de que Alec não sabia dos desvios da empresa dele feitos pelo pai? — Val, com licença — a chamei — eu assumo daqui. Sou um pouco detalhista com as minhas coisas, pode tirar o restante da tarde de folga. — Tem certeza, senhora Hastings? ­— Tenho — afirmei e subi para o quarto, e quando ouvi a porta principal fechar, corri para o quarto do Alec. Ele devia ter algum notebook, celular, ou algo do corporativo. Eu sei que era a maior invasão de privacidade, mas não era só sobre isso. Eu me pegava pensando todas as vezes sobre a infelicidade de ter me casado com alguém por causa de uma dinastia. Eu não seria feliz, eu não era desejada pelo meu marido, e teria que ficar os próximos dois anos perdendo uma parte da minha vida. E sinceramente, eu não iria aceitar um declínio sequer da empresa. Era por isso que eu estava naquela situação. Então, Alec, f**a-se a sua privacidade. Quando abri a porta do quarto, me deparei com uma organização impecável. Tudo no lugar, perfumes, assessórios, algumas fotos na cabeceira. Realmente, parecia um aposento de um pastor... Até eu ver um talão de cheques caído próximo a cama. Mordi meu lábio e apanhei rapidamente, vendo uma folha preenchida com meu nome, como pagadora. O valor estava em branco, com a data do casamento. Rapidamente tirei uma foto e deixei o talão no mesmo lugar. Teclei uma mensagem de texto de forma veloz para a minha contadora questionando sobre algum valor exorbitante que saiu da minha conta de cocei a cabeça. A minha conta bancária, por ser jurídica, também é coordenada pelo meu pai. A contadora respondeu que só conseguiria os dados na manhã seguinte, então eu decidi continuar vasculhando as coisas do meu marido. Eu fiquei alguns minutos mexendo nas coisas, até que decidi abrir uma gaveta da escrivaninha. — Mas que porr... — Acho que errou de quarto — a voz de Alec ecoou pelo cômodo e eu congelei — pensei que iríamos dormir em quartos separados..., e eu acho que esqueci de mencionar que não autorizei você a vasculhar as minhas coisas. Respirei fundo e me virei para ele. — O que você está fazendo aqui? — Eu moro aqui, Lauren — ele enfatizou — é a minha casa. E a Val me contou que você a dispensou! Qual é seu problema? Primeiro os relatórios, agora você está mexendo nas minhas coisas! — Acredito que eu tenha que saber com quem estou casada! — É, eu também! — ele fechou a gaveta da cabeceira — eu sou republicano. Já fiz aulas de tiro. Vai me dizer que você nunca sofreu nenhum atentado contra a sua vida devido ao dinheiro? Aparentemente, Alec só havia chegado quando eu vi a arma, já que não mencionou nada sobre o cheque. Embora a resposta dele não tivesse me convencido, eu apenas me desculpei. — O que acha de sairmos para jantar? — sugeri — por minha conta. Como uma forma de me desculpar. Ele cruzou os braços e ergueu os ombros. — Tudo bem. Saímos as oito. Concordei e fui para o meu quarto, podendo respirar tranquilamente. Eu tinha certeza de que uma desert eagle não era de forma alguma uma arma de clube de tiro. Já fiz várias aulas de defesa pessoal e mesmo sendo perseguida por conta do dinheiro, não tenho um revólver disposto no meu quarto daquela forma. Eu iria fazer de tudo para Alec confiar em mim. Então, após me arrumar de forma descente, usando um vestido preto lindo bem decotado e uma gargantilha de diamantes, eu me olhei no espelho satisfeita com a minha aparência e sussurrei para mim mesma: — Mantenha os amigos perto, e os inimigos mais próximos ainda. Quando Alec me chamou no corredor eu saí, eu notei um certo olhar por parte dele. Não era muito a minha cara fazer isso, mas eu jogaria todo charme possível para ter a confiança do pastor. E mesmo ele sendo um “santo”, eu tenho certeza de que quando ele pousou o olhar em mim naquela noite, ele se sentiu atraído. Nós fomos até um dos carros e ele abriu a porta. Eu entrei e agradeci, o observando. — Aonde vamos? — Você vai gostar — ele molhou os lábios — é um restaurante Michelin de um amigo. — Interessante — me acomodei e coloquei o cinto. — Você está muito bonita esta noite, Lauren. Eu sabia que ele não era de ferro. — Obrigada... Eu não sabia que você, como pastor... Ele começou a rir. — Olha, Lauren, eu faço sexo, eu sinto atração por mulheres, eu penso em besteiras como qualquer pessoa. A minha vocação é ser pastor, mas como um mensageiro, não um santo absoluto. Eu só tento fazer o certo pelas pessoas. Mas ainda sou um homem comum. Com vontades... Acho que foi a nossa primeira conversa descontraída. Eu dei risada e o olhei. Era um inferno eu o querer tanto. — Então a moça loira daquele dia... — Ela é uma velha amiga — ele riu — mas já me relacionei com ela. Antes de nos casarmos, claro. Depois do nosso casamento, mesmo sendo apenas um negócio, eu não acho certo. Eu não pude falar nada. O tempo que fiquei em Nova Iorque após o casamento eu passei quase todas as noites na cama com o Geralt. — Na lua de mel... Nossa, eu tive inveja do motorista... Eu ouvi vocês. Enrubesci imediatamente, começando a gaguejar. — Vo-você... — Fui te chamar para tomar um drink e acabei ouvindo... — ele revirou os olhos e parou em um semáforo — Eu sei que eu disse que seria uma relação aberta, mas vamos lá... Você é uma mulher linda. Eu quis estar no lugar dele. Ah.., que droga. Eu teria que saber separar a minha investigação pessoal sobre o Alec dos elogios galantes que ele estava me fazendo. — Eu realmente não sei o que te dizer agora. Eu não consigo visualizar a gente... romanticamente juntos. Mas eu conseguia nos imaginar nus. — Você realmente deveria ir conhecer a comunidade... Pelo menos neste tempo em que seu pai te afastou da presidência, sabe? Eu não quero ser um completo desconhecido andando pela casa. A gente pode tentar ser amigos. Era essa a******a que eu queria. — Eu acho uma boa ideia. — Nós chegamos — ele direcionou o carro para um estabelecimento muito luxuoso e logo um manobrista fez um sinal para pararmos. Nós descemos do carro e Alec me estendeu o dedo mindinho. Era engraçado como ele era alto e forte, e as mãos completamente enormes. Eu segurei o dedo mindinho dele, envolvendo todos os meus dedos ali, e me do tamanho de uma criança perto do meu marido. — A reserva está no nome de Alec Hastings — ele falou assim que chegamos na entrada. Imediatamente um atendente nos direcionou para um deck de madeira em um local ótimo com vista para um lago. — Para um jantar de última hora... — fiz uma cara de admiração — lugares ótimos. — Eu disse que sou amigo do dono — ele se gabou e logo fomos atendidos. A comida era deliciosa. Nós comemos uma burrata bem recheada de entrada, bebemos vinho, e eu comecei a achar o pastor menos r**m do que antes. De prato principal nos deliciamos com uma especialidade do chefe e continuamos a conversar. Alec me mostrou algumas fotos dele em missões de paz, fotos da igreja com os refugiados e de alguns animais de estimação que ele tem em uma fazenda no Arizona. Me senti um pouco m*l por tê-lo espionado, mas eu sempre confio no meu instinto. Havia algo nele muito bem moldado. Respostas sempre prontas... Eu não sabia o que pensar no momento, mas eu estava com muita vontade de beijá-lo. Quando terminamos a sobremesa, decidimos ir para casa. No caminho, aproveitei para mandar mensagem para o meu pai para agendar um almoço no dia seguinte. A contadora iria me dar um retorno sobre o cheque pela manhã, então eu queria confrontá-lo. Eu e Alec ficamos em silêncio durante o trajeto. Uma tensão estranha pairava no ar, ele deixou o som baixo, e eu comecei a sentir calor. Vez ou outra eu o notei olhando para mim, e eu retribuía o olhar. O flerte estava muito forte. Por que era tão difícil não pensar em nada erótico com ele? Eu já havia ficado com homens mais bonitos, que faziam o meu tipo, que não esperavam tanto para me atacar e me satisfazer. Nós chegamos na casa dele e ele me direcionou para dentro com uma mão na minha cintura. Mais uma vez havia uma segurança pesada próximo a casa dele. — Esses seguranças são todos seus? — É... São sim. Meu pai deixou um Rolls Royce super raro guardado na garagem e os contratou. Enquanto o carro estiver aqui, os seguranças também ficam. Assenti e nós subimos as escadas, chegando no corredor. Cada um iria para um quarto. — Foi uma noite agradável, Alec, obrigada — eu sorri, recebendo uma piscadela dele como resposta. — Boa noite, Lauren. Nós dois caminhamos para os nossos aposentos, mas quando fomos abrir a porta, nos encaramos no mesmo segundo. Ah... merda! Foi ali que eu soube que manteria meu inimigo mais próximo ainda. Alec caminhou de forma ávida até mim e me pegou no colo. Eu m*l pensei e apenas entrelacei as minhas pernas em volta dele. Não demorou muito para ele atacar meus lábios como um animal. O beijo nas Bahamas foi bom, mas não foi nada comparado com aquele beijo. Meu marido me encostou na parede e segurou minha nuca, mordiscando meu lábio sem nenhuma delicadeza. Ele desceu beijos e mordidas pelo meu pescoço e eu o apertei mais, tentando não parecer tão desesperada, mas foi quase impossível. Nossas línguas se tocaram e eu me deixei levar. Desci do colo dele sem descolar nossos lábios e arranquei o terno dele. Alec ergueu meu vestido e pressionou meu corpo contra a parede, espalmando a minha b***a. Quando o dedo dele fez o primeiro contato para retirar a minha calcinha, um celular começou a tocar em meio as roupas caídas no chão. Revirei os olhos e ele agachou, pegando o aparelho. — Desculpa, preciso atender — ele se afastou e eu bufei olhando em volta e entrei no meu quarto. Alec vestiu o terno novamente e me olhou com lamentação. — Vou precisar resolver um assunto. Sinto muito. — Eu posso ir com você — sugeri — é algo com a Hastings & CO.? — É um assunto com a comunidade — ele tentou se recompor e saiu em seguida. Deitei-me na cama e fechei os olhos com força. — Droga, Lauren — me praguejei — droga...
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