Ulisses e Marcos rapidamente entraram e embarreiraram a porta colocando tudo oque viam na porta.
- O que que foi aquilo, cara?! - disse Marcos, aflito.
- E-Eu não sei!
- Era um monstro? Aquilo lá fora é medonho demais e... e... estava comendo alguém?
Os dois estavam entrando em pânico, até que eles ouvem passos pesados lá fora, e eles pegam o que vêem na frente para se defenderem, Marcos pega uma faca na cozinha enquanto Ulisses pega mastro de luz na sala, e os dois ficam posicionados e armados na frente da porta, esperando a entrada bruta do monstro a qualquer segundo.
Os passos param e uns momentos de silêncio se instauram, mas logo o silêncio é rompido quando a mão da criatura atravessa a porta como se fosse de isopor e arranca ela do lugar puxando com a mão, e facilmente chuta as coisas que eles puseram no caminho para obstruir a passagem.
Marcos e Ulisses dão um grito de susto, e eles começam a dar uns passos pra trás, recuando enquanto aquela coisa se aproxima deles com aquele olhar bizarro, e ele faz uns gemidos bizarros, parecendo um grito abafado.
Marcos toma coaragem e decide atacar, e ele parte pra cima daquela coisa e acerta a faca no peito dele, deixando ela cravada, e a criatura começou a sangrar loucamente, mas isso não resolveu nada, ao invés disso, Marcos levou um golpe da criatura que o fez ir parar na sacada, arrebetando a porta de vidro e quase caindo da beirada.
- MARCOS!
Ulisses fica atordoado de ver aquela cena, mas a criatura se vira pra ele, e ele aponta o mastro para o monstro, e tenta acerta o mastro nele e consegue fazer um arranhão no peito dele, o corte foi bem fundo e a criatura começou a sangrar mais ainda, porém um cheiro de podre subiu nessa hora, e isso deixou Ulisses muito enjoado, ele teve muita ânsia de vômito.
Mas ele consegue desviar a tempo de quando a criatura tentou agarrar ele e passa por debaixo do braço do monstro, e ele cambaleia e tenta enrolar a camisa no rosto para abafar aquele cheiro forte, mas a criatura já voltou pra cima dele, e Ulisses estava ficando muito fraco por conta do cheiro, mas ele ainda une forças e agarra a sua prancha de surf que estava na parede, e bate com ela na cabeça do monstro com bastante força, e derruba ele na parede ao lado.
Rapidamente ele foi até a varanda e tentou ajudar Marcos, mas seu amigo estava sangrando muito e bem machucado pra levantar tão rapidamente, mas eles já estavam ficando sem tempo, já que a criatura estava de pé novamente e estava vindo com tudo para atacá-los. Ulisses viu uma oportunidade perfeita nessa situação:
- Marcos, eu preciso que você levante agora mesmo!
Marcos solta um gemido de dor, e Ulisses não perde tempo, quando ele vê a criatura chegando perto, ele rapidamente puxa Marcos para si e o levanta, e quando eles estavam quase sendo atingidos pelo monstro, Ulisses se jogou para o outro lado segurando Marcos contra o próprio corpo, e eles caem no chão com Ulisses usando seu corpo para amparar Marcos. A criatura errou na investida quando eles desviaram de repente, e conforme Ulisses tinha planejado, o monstro passou direto e sem conseguir parar antes da beirada, e com isso ele foi com tudo e quebrou a sacada, caindo direto de vinte andares e indo parar lá embaixo gritando muito alto e fazendo o barulhão quando aquela criatura robusta e pesada atingiu a rua.
Ulisses respira mais aliviado, e tenta ajudar Marcos a se levantar, e os dois ficam de pé um apoiando no outro pelos ombros, e Ulisses tenta ajudar Marcos a andar, já que ele estava muito machucado.
- Aguenta firme mano, nós vamos encontrar ajuda.
Eles vão andando bem devagar, com Marcos gemendo de dor e com bastante sangue pigando por um corte na costela dele. Ulisses vê isso e senta Marcos em um canto, e enrola a própria camisa na barriga dele, tentando estancar o sangramento e impedir que a situação piore, e depois disso eles se levantam e vão andando até a porta, e enfim saem pelo corredor, que estava vazio e com aquele corpo aberto e o sangue pelas paredes.
Marcos começa a ficar perturbado vendo aquilo de novo, e Ulisses percebe isso e rapidamente vai pro outro lado do corredor e diz:
- Não olha pra lá mano, não olha pra lá...
Eles continuam andando para o outro lado, e tudo parecia calmo pelo prédio, as portas dos quartos estavam trancadas, como se ninguém tivesse sequer ousado sair.
Ulisses avista um elevador no final do corredor e chega nele rapidamente, já pressionando o botão para descer, e eles ficam esperando o elevador chegar com bastante ansiedade, e Marcos enfim faz força para falar:
- Ulisses...
Ele olha para Marcos e responde:
- Não se esforçe tanto cara, você precisa de ajuda médica urgentemente.
- Chama alguém... os vizinhos...
- Eu não confio que aquela coisa só tentou trucidar a gente, ele com certeza pegou mais gente por aqui. Se vamos conseguir ajuda, não vai ser aqui, e sim fora desse lugar, não quero arriscar ter outros monstros como aquele por aqui.
Marcos sorri de leve e diz:
- Você como sempre sendo o mais sensato.
- Então me escuta e fica quieto, podemos conversar sobre isso mais tarde, quando estivermos a salvos e você seguro de preferência.
_ Uli... se eu me tornar um peso, eu quero que você...
- Nem comece com isso, eu nem vou te dar atenção.
- Você precisa...
- Você é que precisa aprender a me escutar e fechar essa matraca.
Então Marcos finalmente se cala, e instantes depois o elevador chega, e os dois entram, e Ulisses aperta o botão para descer até o térreo, e o elevador vai até lá, com Ulisses torcendo para não ter paradas pelo caminho.
Depois de bons minutos de espera, o elevador para e as portas se abrem.
- A gente tá quase lá, aguenta firme Marcos.
Eles saem do elevador, e pra surpresa deles, o lobby também estava bem vazio, só com uma equipe de segurança parada na porta, olhando a criatura caída no meio da rua. O estrago feito pela queda do monstro foi f**o, o asfalto ficou todo rachado e a criatura estava toda desfigurada e morta.
Ulisses se sentiu mais aliviado vendo aquilo, então ele se aproxima e dos guardas e diz:
- Oi!
Eles se viram pra ele, e Ulisses continua falando:
- Oi, eu preciso de ajuda aqui. É o meu amigo, ele está muito ferido e precisa de socorro médico.
Um dos guardas veio andando na direção deles, e Ulisses apertou um pouco o passo e o guarda perguntou:
- Ele teve contato com a criatura?
- Sim, aquilo atacou ele, fez esse machucado f**o e ele já perdeu muito sangue, precisamos de ajuda agora mesmo, ainda podemos ajudá-lo se chegarmos a tempo!
O guarda pegou sua arma no surpote em sua perna direita e pôs direto na cara de Marcos, e sem Ulisses sequer ter tempo de reação, o guarda disparou bem na cara de Marcos, estourando a cabeça dele bem diante dos olhos de Ulisses, que ficou completamente aterrorizado.
Ele deixa o corpo de Marcos cair no chão, que mesmo depois de ter a cabeça estourada, ainda estava tendo espasmos. Ulisses ficou completamente estático, e o guarda vira a arma pra ele, até que Ulisses instintivamente empurra a mão dele e o tiro pega em outro lugar.
Ulisses empurra o guarda e sai correndo abaixado pela calçada, tentando desviar da saraivada de tiros louca que começaram a disparar contra ele.
Ulisses estava completamente desesperado, sem ter pra onde ir, e com os guardas vindo atrás dele, Ulisses começa a correr entre carros, tomando sempre cobertura dos tiros.
Ele consegue despistar os guardas por um instante entrando em um beco e ficando escondido por ali.
Quando os seguranças chegam por ali, eles param, e percebendo que perderam Ulisses de vista, um dele diz:
- Se separem e procurem, ele não pode ter ido muito longe.
- Sim, senhor!
E eles se separam, todos muito bem armados e prontos para m***r Ulisses a qualquer momento
Escondido naquele beco e no meio de uma lixeira, Ulisses estava completamente perplexo, ele estava assistindo a polícia de Antananativo caçando ele para matá-lo sem nenhuma razão aparente, apenas por sangue frio, como tinha acabado de acontecer com Marcos.
Muito assustado e em pânico, ele fica ali escondido por horas, e começa a ter um colapso nervoso, e acaba desmiando ali dentro da lixeira mesmo.
Algumas horas mais tarde Ulisses desperta, torcendo pra tudo ter sido um sonho, mas não, ele ainda estava ali, completamente coberto de lixo. Depois de recuperar um pouco a consciência, ele tenta olhar através de uma fresta daquele latão de lixo, e vê que já estava de noite, mas a rua parecia deserta, ainda com os postes ligados e iluminando tudo normalmente.
Ulisses faz um esforço imenso, mas consegue sair da lixeira, todo sujo de lixo e sangue.
Assim que ele sai, ele tenta caminhar, mas as suas pernas ainda estavam bambas, e ele andava abaixado e sempre muito atento, com medo de ser avistado por alguém ou alguma coisa.
Não parecia ter ninguém ao redor, e Ulisses estava completamente perdido, sem entender nada do que estava acontecendo, então ele só ficou vagando por aí sem rumo, até que escutou o som de uma arma, e rapidamente ele prender o ar.
- Tem muita sorte, rapaz. Todo sujo desse jeito e vagando desse jeito no meio da noite, eu já estava para atirar em você pensando que você era um desses zumbis podres e nojentos.
Ulisses se vira, e um policial n***o estava ali com a arma na mão. O policial sorri pra ele, mas Ulisses fica desconfiado, e começa a se afastar dele, e o policial diz:
- Eu não sou ameaça, filho. Eu prometo.
Mas Ulisses não deu o braço a torcer, e ficou recuado em acreditar no policial.
- Você encontrou uma daquelas coisas, não foi?
Ulisses não respondeu.
- Claro que encontrou. Esse olhar de assustado, como se tivesse visto um fantasma, tá sendo bem comum no dia de hoje encontrar isso.
Ulisses decide se arriscar e pergunta:
- O que é um zumbi?
O policial ri e responde:
- Parece que o gato não comeu sua língua, não é?
Ele ainda estava super desconfiado, e o policial não quis ficar fazendo rodeios, vendo que ele estava tremendo de nervoso e explica:
- Zumbi é como as pessoas estão chamando essas criaturas, esses monstros de carne podre que estão atacando todo mundo.
- Todo mundo?
- Sim, quer dizer, não. É um problema que está isolado apenas aqui em Antananarivo, o mundo exterior está completamente seguro dessas coisas.
- Eu preciso sair daqui, preciso voltar pro meu país agora mesmo!
- Você e mais umas centenas de milhares de pessoas desejam a mesma coisa, rapaz, incluindo eu. Infelizmente teremos que esperar um bocado pra isso acontecer ainda. Até lá, tem sobreviventes se unindo no shopping central, estamos nos ajudando e juntando suprimentos para manter a situação minimamente sustentável até o socorro chegar, está afim de se juntar a nós?
Ulisses continua exitante e diz:
- Por que acha que vou confiar em você depois que seus amigos federais assassinaram friamente o meu melhor amigo bem na minha frente?
O policial franziu a testa.
- Do que está falando?
- Seus amigos, os anjos da lei, mataram meu melhor amigo bem na minha frente. Sabe esse sangue? É dele!
O policial ficou chocado, e Ulisses estava para ter outro ataque de pânico, até que eles ouvem o som de gemidos surgindo por um outro beco ali perto.
Eles vêem uma verdadeira hora de pessoas desfiguradas surgirem, e eles estavam vindo na direção deles, e Ulisses e o policial ficaram alertas.
- Escuta rapaz, a minha viatura está aqui perto, se você quiser, corra comigo até lá, eu prometo não m***r você!
Ulisses ficou dividido, mas ver os zumbis chegando o fez tomar uma atitude rápida, e ele sai correndo com o policial, que se virava de vez em quando e atirava contra a horda.
Os dois chegam varados até a viatura, e assim que eles entram, o policial liga a viatura e sai cantando pneu, escapando da horda.
Ele pega o caminho mais rápido até o shopping, e no caminho, ele e Ulisses conversam:
- Lamento pelo seu amigo, federais matando pessoas é uma verdadeira novidade pra mim.
- O que você está fazendo por aqui?
- Eu vim buscar por sobreviventes, estamos levando todos pro shopping, que é o unico lugar seguro no momento.
Ulisses fica em silêncio, mas vendo a cara de desconfiança dele, o policial diz:
- Você não tem mais pra onde ir, rapaz.
- Mas já parou pra pensar que lá pode ser o lugar mais perigoso da cidade no momento? Talvez você não mate, mas e quanto aos seus colegas de trabalho?
- Também estão salvando pessoas por aí.
- É mesmo, é? Como você tem tanta certeza disso?
O policial fica calado e pensativo, então ao longe eles conseguem ver o shopping, e o policial diz:
- Você vai ver, lá é o local mais seguro no momento.
Mas algo parecia estranho, as luzes estavam apagadas.