Dominic

1832 Palavras
Antananarivo, Parque dos Lêmures - 2021. O flash de uma câmera ilumina a paisagem do parque. - Agora sim, uma paisagem sem igual. Um lêmure passa ali perto carregando uma folha nas mãos. - Melhor ainda! Outro flash ilumina o lêmure, que sai correndo logo em seguida. Um homem branco, magrelo e ruivo olha a galeria de sua câmera digital, e vê as fotos que tirou, bastante orgulhoso. - Maravilha! Outro trabalho de Dominic Spindler completo! Ele se senta em um banco no parque e começa a anotar suas impressões em voz alta: - Madagascar é um lugar de beleza única! É incrível como cada centímetro seu seu aspecto único e sempre me encanta com suas maravilhas singulares. Eu temo muito ter que deixar a cidade amanhã e voltar para Berlim, queria ficar mais um tempo aqui, vivendo entre essa grande criação divina e as descobertas que esse lugar me oferece. Cada um ângulo novo que eu encontro, nenhuma foto sai igual a outra, Madagascar é o sonho de qualquer fotógrafo! Ele para de anotar por um instante quando ouve a sirene de emergência tocando bem alto e os pássaros voando pra longe. - Isso foi a sirene de alerta? Ele se levanta do banco e vai andando pelo parque, que tinha ficado deserto do nada. - Cadê todo mundo? Um silêncio perturbador de repente tinha tomado conta do parque, todos tinham desaparecido, incluindo os lêmures. Bastante apreensivo, Dominic pensa em procurar pela guarda do parque, até que ele vê um guarda parado no meio de uns arbustos. - Com licença, senhor guarda, poderia me dizer o que está acontecendo? Mas o guarda estava imóvel, apenas parado no meio dos arbustos. - Senhor...? Dominic ia se aproximando dele, quando de repente subiu o cheiro de ácido, vindo do guarda. - Que cheiro é esse? Você está bem? Mas Dominic para de andar ao ver saliva caindo entre os pés do guarda, e quando ele se vira para Dominic, ele vê o guarda com a pele toda cinza e rachada e os olhos brancos. Dominic toma um susto e vai se afastando, e o guarda começa a se mover estranhamente, vindo na direção dele e gemendo: - S-Sooocoorrooo... Dominic ficou em pânico e saiu correndo. O guarda tentava vir atrás dele, mas ele se movia de uma forma medonha, sem nem conseguir andar direito. Dominic corre como um condenado pelo parque, e ele logo percebe que tinham cada vez mais pessoas aparecendo por ali parecidas com o guarda, e isso o deixa em pânico total, ele chega a travar de medo e fica ajoelhado no chão vendo as criaturas chegarem. Um dor começa a apertar o peito dele e Dominic se sente sufocado, ele tenta procurar por sua bombinha de ar, mas não estava encontrando em lugar nenhum. Uma das criaturas estava se aproximando dele com a cara toda deformada, Dominic olha pra ela completamente aterrorizado, até que a criatura leva um tiro na cabeça, caindo no chão. - SENHOR, SAIA LOGO DAÍ! Dominic olha pra trás, e um policial estava com a arma nas mãos e olhando pra ele. As criaturas passaram a olhar para o policial e começaram a mirar as armas dele. - VAMOS LOGO! O fotógrafo aterrorizado não perdeu tempo, e ele saiu correndo na direção do policial, que tentava ganhar tempo matando os zumbis próximos a Dominic, e quando ele enfim chega, o policial o põe no banco do passageiro de sua viatura parada abruptamente no meio da grama do parque, e logo depois entra, e ele liga o carro e afunda o acelerador, indo em direção a uma rua de saída imediatamente. Dominic procura pela sua bombinha e a encontra no seu bolso de trás, e rapidamente a põe na boca e suspira bem fundo e depois solta, tentando se acalmar. - Você é asmático? Que péssima hora pra isso. - comentou o policial. - Obrigado por... salvar minha vida lá atrás. - De nada. Qual o seu nome? - Dominic Splinder. - Eu sou Hank Jones. - O que foi aquilo lá atrás, Hank? - Eu não sei, ninguém sabe. Eu estava parando pra tomar um café quando de repente a central me liga ordenando para evacuar as ruas o mais rápido possível, foi um alerta geral. - Um alerta geral? Mas o que raios tá acontecendo aqui? Hank dá de ombros. - Tem pessoas se reunindo no shopping, mandaram todo mundo ir pra lá, dizem que é seguro. - Seguro contra aquelas coisas? - Provavelmente. Hank dirigia o mais rápido possível, tentando evitar distrações, enquanto Dominic fica muito tenso e pergunta: - Acha que o aeroporto abre amanhã? Eu preciso chegar em casa logo, quem sabe assim eu posso evitar essa bagunça. - Amigo, tô vendo que você não é daqui, então eu vou te responder da maneira mais educado possível: o que você acha? Dominic fica sem o que responder, e em instantes os dois avistam o shopping de longe. - Dominic, só põe a mão embaixo do banco. - Por que? - Só me faz o que eu tô mandando. Dominic põe a mão embaixo do carro e puxa uma pistola, a qualquer ele larga imediatamente. - Você dá armas pra todas as pessoas que resgata? - Só pras que provavelmente vão morrer porque não sabem se cuidar em situações de risco. Ele fica olhando para Hank com indignação e Hank insiste: - Não precisa usar se não quiser, mas fique com ela. Dominic segura a arma bem hesitante, e Hank diz: - Bem melhor. - Esse shopping, tem mais policiais lá? - A polícia e várias outras pessoas como você, que estavam por aí zanzando e quase foram pegas no meio dessa zorra. - Espero que esclareçam a situação logo. - Todos nós esperamos, Dominic. Eles foram se aproxima da entrada do estacionamento do shopping, onde estava barrado com barreiras improvisadas de ferro e a polícia estava com quase todas as viaturas paradas pela porta. Um policial aponta uma pistola do portão de ferro para a viatura de Hank e diz: - Quero identificação! Qual o seu nome e a sua unidade. Hank sai do carro com as mãos pra cima e diz: - Hank Jones, 23° unidade do quadrante leste. Estou atendendo a um chamado da central e vim escoltar em segurança um cidadão das ruas. - Qual o nome dele? Dominic saiu do carro com as mãos pra cima e diz: - Dominic Splinder. O policial olha para a cintura de Dominic e vai dando até ele, então chega perto e facilmente tira a pistola de dentro do calção dele. - Precisa usar a trava segurança, rapaz. Se não, você vai acabar estourando suas próprias bolas. Ele trava a arma e aponta para o alto, apertando o gatilho e demonstrando que dessa forma o disparo não saia. Ele põe a pistola na mão de Dominic. - Já chega por hoje, Hank. Leva esse cara pra praça de alimentação e me encontra depois na sala da regência. - Sim, senhor. Hank escoltou Dominic pelo estacionem, o fotógrafo olha em volta e vê todos os lados cercados com aquelas muralhas improvisadas de ferro e centenas de carros parados pelo meio do caminho na tentativa de obstruir a passagem. - Não fale e nem faça nenhuma bobagem com as pessoas lá dentro. - aconselhou Hank. - Eu jamais faria isso. - Geralmente é isso que quem faz esse tipo de coisa diz. - Por que? As pessoas aqui estão todas muito nervosas e assustadas, nós estamos manter a situação o mais sob controle possível e já está muito difícil. Começar uma confusão do pioraria as coisas. - Certo. Os dois chegaram até as portas automáticas, que abriram e Dominic viu que o shopping estava entupido de gente, parecendo um verdadeiro formigueiro. - Escolha seu lugar, fique sentado e não incomode ninguém. - disse Hank. Em seguida ele foi embora por um corredor, e todas as pessoas ficaram olhando para Dominic em pé ali. - Err... Olá pessoal. Ninguém falou nada, todos ficaram olhando pra ele, e então Dominic decide se mover na busca de um lugar para sentar, e ele se senta no chão próximo a uma fonte no meio da praça de alimentação, e fica encostado ali. - Você é novo aqui? - perguntou uma mulher usando trapos. Dominic olha pra ela, a mulher parecia uma mendiga, com o cabelo todo emaranhado e os dentes amarelos. - Sou. A mulher se senta entusiasmada perto dele e pergunta: - Qual o seu nome? - Dominic Splinder. - Dominic Spilnder, eu sou a Rosa. - É Splinder. - Como veio parar aqui? - O policial Hank me trouxe? - O Hank? Oh, o Hank. Aquele cara é gente boa, também foi ele quem me trouxe pra esse buraco. A mulher ficava se coçando toda hora, e isso estava começando a incomodar Dominic. - Não, não se preocupe. Isso não é contagioso, é só que faz tempo que eu não tomo banho. Dominic fica meio assustado com o comportamento de Rosa, mas ela tenta contornar dizendo: - Me desculpe, as pessoas aqui dentro não costumam me dar muita atenção, eu fico bastante tempo falando sozinha. - Não se preocupe, eu entendo. - ele ainda ficou meio afastado dela. Rosa observa a câmera no peito dele e pergunta: - Isso é uma daquelas máquinas de tirar foto? - Isso mesmo. - Você já fotografou uma das criaturas? Dominic franziu a testa. - Então, tem mais daquelas coisas por aí? Rosa ri. - Você não tá sabendo de nada? - Na verdade, não. Um guarda do parque dos lêmures estava esquisito, ele parecia um... monstro. - As pessoas por aqui estão chamando de zumbis. - Zumbi? O que é um zumbi? - Ninguém sabe ainda, meu bem. Dominic se aproxima dela e pergunta: - Esses zumbis, eles são perigosos? Rosa se aproxima dele também e fala sussurrando: - Uma pessoa foi atacada por um deles no centro de pesquisa próximo daqui. Tem muitas versões de como isso realmente aconteceu, mas a mais famosa de todas é de uma senhora que foi usada como experimento pra testar a primeira cura contra o câncer. As coisas não pareceram acabar bem e depois... De repente a porta da praça de alimentação abre brutamente e os policiais vem andando empurrando uma mulher numa maca. - ABRAM ESPAÇO! ABRAM ESPAÇO! As pessoas juntaram duas mesas e tiraram tudo de cima delas, e então os policiais puseram a mulher em cima da mesa, ela parecia pálida e estava toda ensanguentada. - O que aconteceu? - perguntou um homem. - Ela foi mordida por uma dessas coisas. - disse um dos policiais. As pessoas começam a comentar entre si, começando um falatório. - Alguém aqui é médico? Algum médico por aqui? Dominic se aproximou pra ver, e assim que chega ele percebe algo fora do comum, a mulher estava com os olhos abertos e olhando fixamente para o policial, com os olhos irritados.
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