Quando o tiroteio começou, Quinn se abaixou e ficou assim por um tempo, até que uma pessoa é atingida e cai por cima dela, sujando ela de sangue da cabeça aos pés. Ela dá um grito de desespero, vendo toda aquela situação, até que o tiroteio para, e Quinn segura o grito vendo que os guardas estavam vindo e verificando os corpos.
Eles renderam Julian e o comandante veio até ele:
- Se prometer não contar pra ninguém o que aconteceu aqui, policial, talvez nós deixemos você viver.
Julian se irrita e grita:
- VOCÊS ESTÃO MATANDO PESSOAS INOCENTES!
- Eu prefiro o termo "potencialmente infectadas".
- Que m***a isso quer dizer?!
- Não é óbvio? Está começando um surto aqui. O governo Malgaxe está ordenando uma limpeza total do perímetro, estamos aqui para garantir que essa loucura não se espalhe pro resto da cidade.
- Mas todos aqui tinham dado tudo de si para sobreviver, e você simplesmente matou todo mundo! Vocês poderiam ter sido heróis!
- Heroísmo não é nada mais do que ficcção, meu nobre. Estamos aqui pra fazer aquilo que deve ser feito. E então, você está com a gente ou está contra a gente?
Julian cerra os dentes de raiva, até que todos ouvem o som de alguma coisa estalando pelas paredes, e Quinn olha pro teto afastando um pouco o cadáver que estava em cima dela, e vê aquele homem aranha bizarro esticando seus ossos para cima dos guardas e matando vários dele de uma vez.
O desespero recomeçou, e tos guardas começaram a atirar contra a criatura, e ela estava ficando muito ferida, mas continuava atacando e furando os guardas com seus ossos.
Quinn aproveitou o tumúlto e saiu debaixo do cadáver, e tentou sair correndo para uma porta na lateral, mas foi surpreendida por Julian, que chegou correndo perto dela, e ela deu um grito.
- Calma! Calma! Sou eu, está tudo bem.
Quinn o reconhece e se acalma, e Julian diz:
- Vamos sair logo daqui!
Eles dois abrem a porta e saem rapidamente por ela.
Os guardas enfim conseguem m***r aquele monstro, e ele cai no chão morto, mas muitos dos guardas atacados por ele ainda estavam vivos, porém mortalmente feridos com os corpos furados por ossos.
Os outros guardas chegam neles e miram as armas:
- N-Não.. por favor...
Eles disparam e matam todos os guardas rapidamente. O comandante respira fundo, e esconde com a manga do colete um arranhão que tinha levado de leve de um osso.
Em seguida ele se aproxima da criatura e comenta:
- Está pior do que pensávamos. O que é essa coisa? Tem mutações rolando agora?
- Temos que avisar o governo sobre isso. - comentou um dos guardas.
- Tem razão.
Mas de repente eles ouvem gemidos altos, e a porta de entrada do lugar rompe com uma legião daquelas criaturas em decomposição saindo furiosas pra cima deles. Os soldados abrem fogo contra eles, mas só saia cada vez mais. Até que um deles sente ácido caindo em seu ombro e começa a gritar, e quando todos olham pra cima, vêem um buraco no teto sendo aberto com ácido, e aquela criatura disforme cai dali, trazendo com ela aquele gás brilhoso.
Os guardas começam a bater em retirada, e cada vez mais as criaturas iam avançando e junto com elas vinha aquele gás brilhoso.
Quinn e Julian conseguem sair do prédio por uma saída de emergência e acabam parando na rua de trás, e sem pensar direito, eles só se concentram em se afastar do prédio, e saem correndo para longe dali, atravessando ruas e ruas que estavam desertas e um alarme do toque de recolher tinha acabado de começar a soar:
- ATENÇÃO! PERMANEÇAM EM SUAS CASAS, ISSO NÃO É UM TESTE!
- Precisamos sair das ruas! - disse Quinn.
- Eu conheço um lugar, me siga! - disse Julian.
Eles foram correndo para uma rua paralela.
Enquanto isso, o gás estava se espalhando pelo quarteirão, com as criaturas começando a se espalhar mais, e com o vento forte, ele começou a ser espalhado mais ainda, e foi entrando pelas janelas dos outros prédios, onde as pessoas estavam assustadas com o alarme de emergência, e sem entender direito o que estava acontecendo, elas viram aquele gás e tentaram fugir, mas muitas acabaram inalando sem querer, e rapidamente a pele dessas pessoas começou a se desfazer e a se decompor, e um instinto selvagem estava tomando conta.
Em questão de horas, vários quarteirões foram ficando tomados de criaturas atacando pessoas e as transformando em mais criaturas.
Aquela criatura disforme estava agora pelas ruas, ainda chamando por Chloe.
Nesse tempo, Quinn e Julian tinham andado até chegar em um apartamento velho muito longe do edifício, e já cansados, assim que eles entram no apartamento, eles só tem forças para embarreirar a porta e se largam no chão.
Eles ficam deitados por um te,po, respirando ofegantes, até que Julian diz:
- Precisamos nos limpar, Quinn.
Quinn não tinha forças pra levantar, mas Julian a segura e diz:
- Reage Quinn. Anda, vá tomar um banho, ficar toda suja de sangue não vai ajudar em nada.
Ela faz uma força, e ainda em choque, ela diz:
- Eu não tenho outras roupas aqui.
- Vá se limpar, eu vou ver se arranjo algo aqui. E me dá o seu jaleco.
Ela não entendeu muito, mas obedeceu. Quinn tirou o jaleco e o entregou para Julian, todo sujo de sangue. Logo em seguida ela se dirigiu até o banheiro, que era bem modesto, as paredes estavam descascando e só tinha um espelho embassado, uma pia velha, um vaso sanitário e um banheira velha.
Sem se importar muito com nada disso, Quinn apenas tirou suas roupas sujas e entrou na banheira, ligando o chuveiro e tirando toda a sujeira do corpo.
Ela se senta na banheira cheia por um momento e fica ali parada, ainda em choque, e chorando bem baixinho. Até que ela ouve uma batida na porta e leva um susto de leve, mas Julian diz:
- Quinn, só estou deixando umas roupas aqui na porta. Quando estiver pronta é só pegar, eu vou estar na sala.
- Ok. - ela disse.
Quinn se levantou e abriu uma brecha da porta, pegando as roupas e depois fechando a porta novamente.
Ela se deu conta de que eram roupas masculinas, mas não se importou muito, apenas vestiu as roupas de baixo que estava usando antes e vestiu as roupas limpas.
Quando ela saiu do banheiro, foi direto até a sala, onde encontrou Julian usando roupas normais e com a arma na mão. Quinn fica recuada ao ver isso, mas ele diz:
- Eu não sou como aqueles caras, se eu fosse atirar em você, eu já teria feito.
Ela continua meio desconfiada, mas se aproxima dele, e Julian diz:
- Perdão, eu não tenho nenhuma roupa feminina aqui, só roupas velhas minhas que estão fora de usos faz muito tempo, não preocupe.
- Não tem problema.
Ele acena com a cabeça e aponta para uma poltrona na frente dele e diz:
- Senta aí, precisamos conversar.
Ela se senta, e Julian parecia concentrado, e diz:
- Tenho boas notícias.
Quinn se ajeitou na poltrona e aprumou os ouvidos:
- Eu recebi uma chamada da segurança local, eles estão reunindo sobreviventes em um shopping aqui perto.
- É perigoso confiar nos tiras por enquanto, Julian. Você viu o que eles fizeram, viu o que eles disseram, estão exterminando qualquer um que esteja potencialmente infectado! Isso pode ser uma armadilha.
- É uma preocupação válida, eu sei disso. Mas eu conheço pessoalmente os caras que estão organizando isso, são pessoas realmente compromissadas com ajudar os outros. Eles estão fazendo patrulhas por Antananarivo e trazendo sobreviventes para o shopping, tentando reunir o máximo que conseguem para quando o resgate chegar, tirar todo mundo daqui em segurança.
- Que resgate?! O governo não tá nem aí pra gente! Eles vão m***r todo mundo assim que descobrirem que tem sobreviventes no shopping.
- Essa é uma parte que veremos depois, o que importa no momento, é que aqui não é seguro. Só podemos ficar nesse apartamento por uma noite até que aquelas coisas cheguem nesse quarteirão.
Quinn ficou em silêncio, e Julian continuou:
- Vamos aproveitar esse tempo para descansar e nos alimentar com a comida que ainda resta. Eu tenho uma van velha na garagem com o tanque cheio, vai ser mais do que o suficiente para chegarmos no shopping seguros.
Quinn acena com a cabeça concordando.
Alguns minutos depois, Julian estava cozinhando enquanto Quinn estava sentada no balcão ainda muito abalada, e ele percebe o estado dela e diz:
- Você até que é bem frágil pra uma enfermeira.
- Essa deveria ser a minha primeira semana de trabalho.
- Não te deram treinamento para aguentar ver tripas e sangue?
- Não é isso que está me afetando, mas sim o fato de que eu vi toda essa desgraça acontecer bem na minha frente. Qualquer um ficaria traumatizado com isso.
- É, hoje todos nós ganhamos bons motivos para fazer algumas boas sessões de terapia. - disse Julian, rindo.
- Como você consegue rir numa situação dessas?
- Eu procuro me manter otimista, no melhor dos casos, nós vamos sair daqui vivos e de preferência com nenhum m****o faltando.
- "No melhor dos casos".
Ele ri de novo, e então se vira com dois pratos de macarronada e carne, e Quinn ficou impressionada com o quanto de comida ele tinha posto pra ela e o quão pouco ele pôs pra ele mesmo.
- Você deveria comer mais, Julian, vamos dividir.
- Está tudo bem, você precisa comer mais do que eu.
- Não, nós dois precisamos estar fortes para amanhã...
- Não questione as minhas ordens, Quinn.
Ela se cala, e ele aponta para o prato, e ela começa a comer.
Enquanto os dois jantam, eles conversam:
- Você conhecia o Doutor Dixon? - perguntou Julian.
- Ele foi meu mentor na faculdade, o Doutor Dixon esteve presente durante toda a minha formação acadêmica e estava para me ajudar no início da minha carreira na medicina. Ele é um dos cientistas médicos mais brilhantes da atualidade.
- O que foi que deu tão errado, então?
- Eu não sei. Do nada aquele gás apareceu e começou a invadir tudo, quando me dou conta, as pessoas estão virando mortos vivos.
Julian acena com a cabeça, e depois pergunta:
- O que aconteceu com o Doutor Dixon?
- Ele está morto.
- Morto?
- Sim.
- Você viu o corpo dele?
- Como é?
- Estou perguntando se você viu o corpo dele.
Quinn ficou pensativa e disse:
- Não.
- Então não tire conclusões preciptadas.
- Ele foi pego por aquela aranha bizarra, quais são as chances de ele ainda estar vivo?
- Quais as chances da criação m***r o próprio criador?
Quinn ficou pensativa de novo, e Julian falou:
- Aprenda a questionar os seus próprios olhos Quinn, numa situação de vida ou morte, nossa mente tende a acreditar naquilo que é mais fácil de compreender, e isso nos torna presas fáceis para o perigo.
- Você é bem sábio.
- Sábio não, eu sou tão t**o quanto aquelas coisas lá fora. Eu sou é experiente, e isso não tem mérito nenhum.
Ela acena com a cabeça. Quando eles acabam de jantar, Julian põe a arma em cima da mesa e diz:
- Quero que fique com isso.
Quinn estranha e pergunta:
- Por que você me daria a sua própria arma?
- Para você se defender.
- Eu não sei atirar. Vai, fica com você, você saberia proteger a gente melhor do que eu.
Julian parecia sério, e disse:
- Aceite, por favor.
Quinn sentiu como ele estava falando muito sério, ao mesmo tempo que estava quase implorando, e então ela pegou a arma, e ele aconselhou:
- Não tire a trava, a menos que vá atirar em alguma coisa pra valer. Poupe as munições, numa situação dessas, vai ficar cada vez mais difícil encontrar recursos, então saiba a hora certa de usar. Não atire em nada muito distante, já que você ainda não sabe atirar.
- Entendido.
- Você sabe dirigir?
- Eu tenho carteira de motorista.
- Você não respondeu a minha pergunta.
Ela bufa e responde:
- Sim.
- Ótimo.
Confusa, Quinn pergunta:
- Por que está me perguntando tudo isso?
- Você me lembra uma pessoa que era muito querida pra mim.
- Quem?
Julian se levanta e pega um porta retratos que estava dentro do armário da cozinha, e mostra para Quinn. Era uma foto de Julian abraçado com uma mulher n***o de cabelo afro e uma garotinha escura de maria chiquinha.
- São sua esposa e sua filha?
- Eram.
Quinn suspirou.
- Ela não estão mortas, não se preocupe.
- O que aconteceu, então?
- Minha secretária, foi isso que aconteceu. Eu era muito mais jovem e inconsequente, mas acima de tudo, eu era cego de não perceber a linda família que eu tinha, eu não percebi que elas eram o meu mundo, e apesar de eu ter traído a minha esposa, elas continuam sendo o meu tudo.
Quinn ficou surpresa, e Julian deixa escorrer uma lágrima e diz:
- Eu fiz muita estupidez, e a Meredith foi embora daqui com a Sasha, minha filha de só nove anos na época. Ao menos eu agradeço por elas não estarem mais aqui para presenciar essa insanidade, mas desde então, eu vivo sozinho aqui nesse apartamento.
- Julian, eu sinto muito por você.
- Não sinta, eu fiz por onde. - disse ele, sorrindo com as lágrimas escorrendo.
Quinn olha pra baixo e Julian diz:
- Agora vá dormir, nós precisamos estar preparados para levantar cedo amanhã.
Sem muito o que dizer, ela acena com a cabeça. Julian deu sua cama para Quinn dormir, enquanto ele ficou no sofá. Demorou atpe ela pegar no sono, mas quando enfim conseguiu, Quinn só conseguia sonhar com o Doutor Dixon, só conseguindo imaginar como teria sido aquele encontrou que nunca vai acontecer.
Ela e ele se beijam no sonho, no meio do restaurante, e Quinn estava sentindo seu coração pulsar loucamente, com o beijo ficando mais intenso, mas do nada o sonho é interrompido com Julian acordando Quinn completamente desesperado e pálido.
- É hora de você ir, Quinn!
- O que? O que disse?
Ela desperta e vê o quanto ele estava branco e suando.
- Eu deixei uma bolsa com suprimentos na van, as chaves estão do lado da porta, pegue a arma e o jaleco, eu deixei ele limpo e dobrado em cima do sofá. Pegue tudo e vá para o shopping.
- Mas e quanto a você, Julian?!
Julian pega uma algema e prende o próprio braço na perna da cama, a uma distância segura da porta.
- SAIA DO QUARTO AGORA, QUINN!
Ela deu um salto da cama e foi correndo para a porta, e quando estava no corredor, Julian olhou pra ela sorrindo e levantou a blusa, mostrando um curativo sujo de sangue, que ele arrancou logo em seguida, revelando um corte f**o e infeccionado.
- Eu não consegui, que d***a. - disse ele, sorrindo.
- Julian...
- Um dos ossos daquela coisa passou de raspão por mim, que azar.
- Que loucura é essa?! Por que você não falou nada?! Eu poderia ter te ajudado, c****e!
Julian sorri e diz:
- Essa é a minha penitência, eu aceito isso. Ao menos, no fim da minha miserável existência, eu consegui fazer uma coisa boa, que é garantir que você tenha uma chance de sobreviver a toda essa insanidade.
Quinn começa a chorar vendo que ele estava ficando cada vez mais fraco e perdendo a coordenação motora aos poucos.
- Eu só tenho uma coisa pra e pedir, Quinn.
Ele olhou para a arma na mão dela e depois olhou para Quinn.
- Não... - disse ela.
- Se puder, não me deixe me transformar em uma dessas coisas.
Ela segura arma, tremendo bastante, e com bastante exitação, ela mira a arma nele e olha para o outro lado.
- Eu sei que você provavelmente fez um juramento de nunca tirar uma vida, é toda uma lorota médica. Mas esse caso pode ser uma excessão, você está salvando uma vida.
- Eu não consigo...
Julian sorri, vendo ela tremer com a arma na mão e diz:
- Está tudo bem. Eu sei que estou exigindo demais de você, minha querida. Eu acho que é isso que eu mereço, no fim das contas.
Quinn começa a chorar alto, e Julian diz:
- Apenas vá e sobreviva. Não esqueça do jaleco, ele é um detalhe muito importante.
- C-Como assim?
- As pessoas vão pensar duas vezes antes de machucar você quando verem que você é uma enfermeira. Numa situação dessas, todos precisam de um médico. Isso vai aumentar as suas chances de sobreviver.
Quinn chora bastante, e Julian sorri e diz:
- Eu estou feliz, Quinn. Se você sobreviver, isso significa que a minha vida não foi em vão. Agora vá embora, o tempo está passando.
Ela fica exitante, mas dá uma última olhada para ele e diz:
- Obrigada, Julian.
Ele sorri e responde:
- Não agradeça, querida.
Em seguida Quinn foi até a sala e vestiu o jaleco, e quando pegou a chave para sair, ela começou a ouvir Julian gemendo alto, se transformando em um monstro. Dava pra ouvir ele se debatendo e tentando se soltar da algema.
Quinn segura o choro, e ela rapidamente bate a porta e tranca, saindo do apartamento.