Eu estava no aeroporto, sentada numa cadeira desconfortável da sala de embarque, com o José do meu lado mexendo no celular. O lugar estava lotado, o vôo estava atrasado a horas, vozes misturadas, anúncios no alto-falante e o cheiro de café misturado com desinfetante.
Minha cabeça era um turbilhão. Eu já tinha vomitado, chorado... Eu ainda não conseguia acreditar que estava ali, prestes a deixar tudo para trás – o morro, meus pais, o Herus. Minha mão descansava na barriga, onde meu bebê, ainda tão pequeno, estava crescendo. Era louco pensar que tinha uma vida dentro de mim, um pedacinho meu e do Herus, mesmo ele não sabendo de nada. Eu não queria contar, não queria prender ele, mas, meu Deus, como doía pensar nele.
O José estava quieto, mas eu sentia o peso do olhar dele. Ele não precisav
