Capítulo 13. O jogo começou

1020 Palavras
O almoço sempre fora barulhento no internato… mas naquele dia, parecia que todo o refeitório tinha apenas um assunto: Eleonora Montreuil. Adrian entrou com a bandeja na mão, cercado por seus amigos como sempre. Mas, ao contrário dos outros dias, algo chamou sua atenção imediatamente. Uma mesa inteira de garotos amontoados… ao redor dela. Eleonora estava sentada no centro, impecável como se tivesse nascido para ser o foco da sala. O uniforme ficava perfeito nela, o cabelo solto em ondas loiras caía pelos ombros, e o sorriso era suave… porém treinado. Miles cutucou Adrian. — Uau… parece que a nossa novata virou a atração principal. Ethan riu. — Virou? Ela já é. Metade dos caras desde ontem tá babando por ela. Adrian tentou ignorar. Tentou mesmo. Mas o incômodo veio como um soco no estômago. Cada vez que um garoto ria do que ela dizia, ele sentia o maxilar travar. Cada vez que alguém pedia para sentar perto dela, seu olhar endurecia um pouco mais. E então aconteceu. Um garoto magro, de cabelo castanho claro alguém que Adrian sequer lembrava de já ter visto aproximou-se de Eleonora segurando uma flor vermelha. Uma flor verdadeira. Não sabia de onde ele tinha tirado aquilo, mas no internato não era comum. Eleonora ergueu os olhos, surpresa. — Pra mim? Que gentil da sua parte. O garoto sorriu, confiante. — É só… uma flor. Vi você hoje e… achei que combinava com você. Ela deu um sorriso que fez metade dos amigos de Adrian suspirar para provoca-lo. — Obrigada, querido, você é um amor— respondeu com doçura exagerada. O garoto saiu quase tropeçando de tão nervoso, enquanto as meninas que estavam com ela gritavam “ooooooh” como se tivessem acabado de assistir um pedido de casamento. Adrian não percebeu que estava apertando a bandeja com força. Miles percebeu. — Opa.Tá tudo bem? — Tá. — Adrian respondeu rápido demais. Ryan espiou a mesa de Eleonora. — Cara, você parece… irritado. — Não estou irritado. — Adrian retrucou, rígido. — Então tá com o quê? Azia? — Miles provocou. Adrian fechou a cara. — Só acho ridículo. Ela acabou de chegar e já tá virando bagunça. Eles m*l conhecem ela. Ethan levantou uma sobrancelha. — Mano… você... tá com ciúmes? Adrian virou para ele como se tivesse sido insultado. — Não. Não estou com ciúmes. Eu só… conheço ela. Sei como ela é. E esses caras não sabem. Só isso. Miles riu. — Ihhhh.Ele tá com ciúmes, aconteceu, nosso menino tá com ciúmes. Ryan completou: — Perdemos o melhor jogador do time. Adrian desviou o olhar, irritado, mas incapaz de tirar os olhos da cena: Eleonora segurando a flor, girando-a com delicadeza entre os dedos, totalmente encantada com a atenção. Mas o pior veio quando ela ergueu o queixo, riu de algo que disseram, e finalmente olhou na direção de Adrian. Os olhos dos dois se encontraram por um instante. Ela ergueu a sobrancelha. Um sorriso provocador apareceu nos lábios dela. Quase como se dissesse: “Viu? Aqui eu também brilho” Adrian desviou, sentindo algo quente e incômodo subir pelo peito. Por que aquilo o irritava tanto? Não sabia. Ou se sabia, não queria admitir. E enquanto Eleonora voltava a ser celebrada pelo grupo ao redor dela, Adrian percebeu que aquela garota aquela, garota que ele achava que conhecia estava prestes a virar de cabeça pra baixo cada canto daquela escola. E talvez… ele também. O refeitório ainda estava agitado quando Eleonora finalmente se levantou da mesa. A flor vermelha estava presa delicadamente entre os fios loiros e a orelha, como um troféu recém-conquistado. Ela caminhava com graça, o cabelo balançando suavemente enquanto passava entre as mesas. Os olhares a seguiam como se ela fosse uma celebridade em um tapete vermelho. Adrian tentou fitar o prato, mas era impossível ignorar a aproximação dela. Os amigos, atentos como sempre, perceberam imediatamente. — Olha a princesa vindo aí… — Ryan murmurou, divertido. Ethan riu. — Mano, respira. Ela nem vai olhar pra você. Mas eles estavam errados. Eleonora diminuiu o passo quando passou pela mesa de Adrian. Ela não disse “oi”. Ela não parou. Ela não fez absolutamente nada… exceto olhar diretamente para ele. Um olhar lento. Preenchido de malícia suave. Aquele tipo de olhar que só alguém que conhece sua fraqueza consegue dar. E então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, ela sorriu. Um sorriso lindo… Brilhante… E claramente provocador. Depois desviou o rosto, levantou levemente o queixo gesto típico dela e continuou andando com a flor balançando, deixando um rastro de perfume caro. Por alguns segundos, Adrian ficou paralisado. Miles foi o primeiro a reagir. — NEM FODENDO. Eu vi isso. — ele bateu na mesa, animado. — Ela sorriu pra você daquele jeito? Porra....sorrisinho gostoso daquele. Ethan arregalou os olhos. — Aquilo foi convite pra vocês se pegarem ou pra se matarem, fiquei na dúvida. Ryan respondeu: — Com eles dois? As duas coisas. Derek inclinou-se para Adrian, analisando-o como se fosse um experimento. — Beleza, Adrian. Explica. Por que ela sorriu pra você como se vocês tivessem um segredo? Adrian engoliu seco, fingindo estar completamente indiferente. — Ela estava sorrindo para a sala inteira do mesmo jeito .Vocês estão viajando. Os amigos deram uma gargalhada coletiva. Miles bateu no ombro dele: — Ahh, tá bom. Ela estava sorrindo pra sala inteira… enquanto olhava profundamente dentro da sua alma. Ethan completou: — Meu irmão, você tá fodido. — Um fodido feliz, porque ela é gostosa. Ryan cruzou os braços. — Confessa logo. Ela te provocou e você sentiu, fala aí. Adrian finalmente levantou a cabeça, respirando fundo. — Mesmo que tenha provocado… e daí? Ela sempre foi assim. Metida, irritante. Nada mudou, pelo visto. Derek sorriu torto. — Mudou sim. Agora ela é metida, irritante… e todo mundo quer ela, com razão. Miles finalizou: — E você, meu caro, claramente não gostou nada disso. Adrian fechou a cara, mas não respondeu. Porque, no fundo… Ele sabia que os amigos estavam certos. Aquela garota estava mexendo com ele e muito mais rápido do que ele gostaria
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