Pré-visualização gratuita Ataque Noturno
Lanus não é apenas a boate mais incrível de Tannor; é um redemoinho de energia e mistério que envolve todos que cruzam suas portas, ou pelo menos, é isso que todos dizem. Hoje, no meu aniversário de 19 anos, fui arrastada para esse lugar por meus amigos insistentes e teimosos. Eu, Anya Magnus, prefiro o conforto de um livro no silêncio do meu quarto, mas aqui estou, perdida em um mar de luzes neon e batidas ensurdecedoras.
— Vamos, Anya! — Bianca me chama, sua voz se elevando acima do caos. Ela, uma fada astuta, certamente usou seus poderes para enganar o segurança, que, pelo cheiro, deve ser humano. Seu sorriso travesso me diz que a noite será longa.
Sou Anya Magnus, filha do poderoso grão-mestre da cidade, Austin Magnus, e da venerada anciã, Adélia Magnus. Minha família é composta de lobos brancos, nobres e fortes, mas eu ainda sou um mistério. Minha transformação, que todos aguardam com expectativas, ainda não aconteceu. As brumas místicas, que deveriam despertar meu verdadeiro eu, passaram sem me tocar, deixando-me em um limbo entre o humano e o sobrenatural.
— Anya, o que vai beber? — Bianca pergunta, impaciente.
— Água, Bianca. — Eu insisto, mas ela revira os olhos e me empurra um copo com um líquido desconhecido.
— Toma, e não pergunte o que é — ordena. O aroma de álcool forte, gengibre e maçã preenche meu nariz. Hesito, mas cedo e tomo um gole. Imediatamente, sinto um calor instantâneo que percorre todo meu corpo, me deixando tonta.
Entregando o copo de volta, vejo Bianca rir e correr de volta ao bar. Ela me puxa para a pista de dança, onde a música pulsa como um tambor gigante. Eu nunca dancei antes, e me sinto desajeitada, um peixe fora d'água.
— Assim — Bianca me guia, seus movimentos graciosos como os de uma pluma ao vento.
— Solte-se, Anya. É seu aniversário! E as brumas estão chegando em apenas 10 dias! — Ela sorri, sabendo que sua própria conexão com as brumas trouxe-lhe seu companheiro, Adam.
Logo, Adam e Dustin se juntam a nós. Adam, o lobo branco e namorado de Bianca, me abraça calorosamente.
— Feliz aniversário, Anya! Está devendo uma rodada.
— Obrigada, Adam. Mas, tecnicamente, é o meu aniversário. — Eu sorrio, tentando relaxar.
Dustin, um guepardo ágil e meu amigo de infância, me cumprimenta com seu habitual apelido.
— Parabéns, tanajura!
— Eu amo vocês.
A música nos envolve, e depois de alguns drinks, sinto-me mais leve, mais solta. Meus movimentos, antes rígidos, agora seguem o ritmo, e uma sensação de paz começa a me envolver. Uma das músicas, com uma batida underground, parece ressoar profundamente dentro de mim.
Mas, de repente, tudo muda. Meu corpo se arrepia, uma dor aguda atravessa minha cabeça e meus sentidos se aguçam de forma alarmante. O álcool parece evaporar de minhas veias, e algo dentro de mim desperta. Bianca e Adam estão dançando juntos, enquanto Dustin flerta com uma mulher cujo aroma é felino. Uma inquietação me invade.
— Bia, preciso ir ao banheiro. — digo baixinho.
— Está tudo bem? Você está muito pálida. — Bianca parece preocupada.
— Só preciso me refrescar. Já volto.
Corro até o banheiro e encaro meu reflexo no espelho.
— Você está bem, Anya. Nada de errado. — Tento me convencer, mas um perfume enigmático e intoxicante invade o ambiente. Apoio-me na pia, o cheiro me envolvendo, me levando a um estado de confusão profunda.
Tranco-me em uma das cabines, meus olhos queimam como se estivessem em chamas, e o perfume misterioso preenche meus sentidos. O calor se espalha pelo meu corpo, misturando prazer e medo.
De repente, sinto a necessidade urgente de sair. O ar frio do outono me acerta em cheio quando saio da boate. Caminho sem rumo, tentando escapar da sensação avassaladora que me consome, mas acabo em um beco escuro e desconhecido. Quando tento voltar para a segurança de Lanus, uma sombra sinistra se materializa diante de mim.
— Quem é você? O que quer? — Minha voz treme com medo.
— Shiii, cachorrinha... Não vai doer nada. — Ele sussurra com uma suavidade ameaçadora, e um calafrio percorre minha espinha. Ele se move com uma velocidade sobrenatural, e o medo me paralisa. Tento gritar, mas minha voz não sai. Suas palavras ecoam em minha mente: "mors, dominium". Morte e domínio. O terror toma conta de mim enquanto a escuridão começa a me engolir.
— Não... não... — Ele me solta abruptamente, e eu caio no chão, minha cabeça batendo com um som surdo ate que a escuridão finalmente me consume...