pov. Eris
Minha paciência para essaviagem estava chegando ao fim, ver o amanhecer daqui era de fato muito bonito mas o sono estava lutando contra o meu corpo. Ficar sem dormir por muito tempo não era um hábito meu, eu normalmente dormir em qualquer lugar que pudesse me encostar.
O barulho das motos que antes era ensurdecedor para mim agora parecem apenas pequenas sinfonias, as costas quentes de Victor parecia me convidar para um cochilo e lutar contra isso estava sendo dificil. O aperto em sua cintura afrouxou quando o sono me bateu com força e os olhos quase não abriram mais.
- Victor, para a moto. - escutei a voz de Luiz um pouco distante e despertei quando a moto freou e eu precisei me segurar para não cair.
- Eris, você está bem? - ele percebeu o meu susto quando agarrei sua blusa sem jeito, sorri vomo uma criança travessa que esconde suas burradas.
- Claro que não, a Eris estava dormindo nas suas costas. - a voz dele parecia levemente irritada, eu tinha sido pega no flagra. Senti meu rosto ruborizar quando Victor desceu da moto para me encarar.
- Eu queria muito parar para descansar, mas não podemos agora. Desculpe. - ele acariciou minha bochecha com sua mão quente, seu olhar era de preocupação. Depois da tempestade de areia nós seguimos viagem sem pausas e agora não falta muito para finalmente estarmos seguros em Arcaria.
- Tudo bem, eu aguento. - menti, eu não estava aguentando muita voisa no momento, meu corpo inteiro clamou por um lugar plano para poder fechar um pouco os olhos.
- Victor, ela vai cair da moto se continuarmos. Eris está cansada, eu também estou e você não precisa se fingir de forte. O sol está ficando quente e o melhor a fazer é esperar esfriar, viajamos a madrugada e a manhã inteira, estamos perto. - Luiz não parecia cansado mas era fato que todos precisavamos descansar urgentemente ou o sol nos mataria desidratados em poucos minutos.
- Eris, você quer dormir um pouco? - assenti abaixando a cabeça pesada pelo cansaço, ele sorriu e passou sua mão pesada por meus cabelos os jogando para trás. - Pois bem. Luiz, pode nos proteger do sol? Não acho viável sair da rota.
Luiz sorriu sapeca para mim, iriamos por fim descansar, eu achei. Por causa do cansaço minha mente estava vagando como peregrina na terra batida, ninguém poderia irromper meus pensamentos na distância que estavamos das cidades. Meu corpo arqueou quando uma voz baixa surgiu susurrando ao longe.
Demônio...
O olhar de pânico chamou a atenção de Victor que segurou meu rosto entre as mãos, seus lábios se mechiam mas eu não escutava voz alguma, meu corpo tremeu com o pensamento confirmado quando uma pedra quase o atingiu em cheio. Ele falou mais algumas coisas e montou na moto acelerando. Os sons começaram a voltar em um apito forte vontra o meu ouvido.
- Filhos da p**a! - gritava Victor manobrando a moto para escapar das pedras que eram atiradas, Luiz vinha um pouco atrás contra atacando. - Eris! Segure firme, esta me ouvindo?!
Eu estou ouvindo.
Desculpe ter gritado, mas por favor segure-se.
Segurei firme em sua blusa pressionando meu rosto contra as suas costas, ele controlava a moto muito melhor do que o Luiz isso era notório. Victor fazia a moto ser flexível como uma cobra enquanto desviavamos das pedras. Alguns rosnados e gritos foram ficando para trás a medida que avançavamos, mantive o olhar em Luiz para ter certeza que ele não ficaria para trás.
- O que os ferais queriam fora da zona selvagem? - Victor questionou, nesse momento Luiz nos alcançou provavelmente por ter ouvido a pergunta e me encarou para que eu respondesse.
- Parece que eles me consideram algum tipo de demônio. - resmunguei irritada, eu só estava me defendendo não precisava vir atrás de mim como se eu fosse a destruição do mundo.
- Como é? - Victor estava ficando alterado, era notório na força que ele tencionava os músculos e no calor que irradiava do seu corpo.
- Quando fomos atacados a Eris matou... todos eles. - Luiz também estava desconfortável com essa conversa e eu não me atrevi mais a abrir a boca, até o sono pareceu me deixar de uma hora para outra.
Me encolhi sobre o banco afrouxando o aperto na blusa de Victor, ele estaria com raiva de mim? Mas antes que eu pudesse solta-lo sua mão quente e aspera segurou a minha com cuidado fazendo carinho. O calor foi diminuindo e ele relaxou soltando o ar com força. Não estavamos livres dos ferais, era apenas questão de tempo para eles nos alcançar novamente, minha atenção ficou dobrada embora eu soubesse que se conseguimos fugir uma vez conseguiremos fazer isso novamente.
Ainda cansada?
Não muito, apenas apreensiva.
Tente relaxar, toquinho.
Sorri quase instantaneamente ao ouvir o apelido dado por Luiz, o olhei de soslaio e ele riu também diminuindo a velocidade da sua moto e ficando atrás. Ele era a linha de defesa, uma verdadeira muralha. Estava certa que se temos vidas passadas eu era uma velha ranzinza trancada em algum quarto, essas viagens cansativas não me enchiam os olhos e o perigo me deixava inquieta, sair da zona de conforto era um carma para mim.
[···]
- Estamos próximos aos limites de Arcaria! - gritou Victor para que Luiz escutasse, estavamos quase seguros e isso foi música para os meus ouvidos.
Pelo que sei os ferais não atacam nos limites das cidades e se estivesse certa era questão de tempo para comemorarmos. Estavamos em veículos e eles a pé, era impossível que nos alcançasse, eu não poderia estar mais errada, as sombras deles correndo atrás de vingança era nítida pelo retrovisor da moto, Victor xingou alguns palavrões e fez sinal para que Luiz se aproximasse.
- Leve a Eris, eu vou espanta-los. - o pânico tomou conta de mim novamente, antes que eu pudesse pensar o braço longo de Luiz enroscou em minha cintura e me arrancou da moto batendo meu corpo contra o seu peito. Victor sorriu para mim de um jeito melancólico e fez a volta indo em direção aos ferais.
- Porque não posso ir com ele?! - gritei, Luiz murmurou alguns palavrões e acelerou.
- Nunca fique perto de um dominador do fogo ou um eletron se estiverem usando seus elementos, você morreria. São chamados de extremidades, o início e o final, são a salvação e a aniquilação. Entende? - eu estava entendendo suas palavras mas o medo de que ele se machucasse era palpável, eu queria estar perto e ter certeza que tudo ficaria bem.
- E se eles... - a voz se perdeu em minha garganta como se não tivesse achado o caminho para sair.
- Ele vai ficar bem, agora segura firme. Estamos bem perto. -