Pré-visualização gratuita Capítulo 1
Capítulo 1
Nikolay
Eu deveria matá-la, mas, antes disso, queria dormir com ela.
Seria um desperdício deixar uma mulher como aquela morrer sem antes provar um pouco de prazer.
Normalmente, sou rígido comigo mesmo. Não costumo me desviar das regras, procedimentos e passos que mantêm minha vida em ordem. Essa obsessão por diretrizes me salvou da cadeia — ou de terminar com a garganta cortada, como acontece com qualquer assassino de aluguel imprudente. Mas aquela garota era diferente. Um problema.
Cabelos escuros, quase negros, com pontas vermelhas e uma franja reta que não deveria ser atraente, mas funcionava nela. Pele pálida, olhos verde-escuros grandes e lábios ridiculamente carnudos. Suas curvas eram m*l disfarçadas por roupas pretas sem graça. Parecia entediada e brava, e eu sempre gostei de mulheres assim.
Em qualquer outra noite, eu a teria observado, estudado seus hábitos e então a matado de forma rápida e limpa: sem sofrimento, sem testemunhas, sem erros. Mas ali estava eu, do outro lado do bar, olhando para ela. Nossos olhares se cruzaram uma ou duas vezes, e ela até sorriu de forma incerta. Eu sorri de volta.
Que droga. Eu ia matá-la, mas não conseguia parar de admirá-la.
O nome dela era Alina Petrov. Filha de Dmitry Petrov, segundo em comando criminosa Petrov. Ela era puro sangue criminoso. Problema garantido. Meu tipo de mulher.
Fiquei por ali por um tempo, bebendo e trocando palavras com um bêbado chamado Charles, que lamentava ter perdido tudo na vida. Ele merecia, e ambos sabíamos disso. Mas eu não estava ali para babacas como ele.
O bar estava caindo aos pedaços, cheirando a uísque velho e cerveja. Alina parecia fora de lugar ali. Ela merecia algo melhor. Não que isso importasse. Minha tarefa era simples: matá-la.
Quando o bar fechou, deixei uma gorjeta generosa — um gesto inútil, já que ela morreria em breve, mas ainda assim educado. Depois, esperei do lado de fora. Alina saiu sozinha, caminhando com passos largos e confiantes. Eu a segui pela South Street até um pequeno bar noturno.
Por um momento, hesitei no topo dos degraus. Poderia voltar para casa, encerrar a noite, planejar melhor. Mas algo naquela garota me desestabilizou. Depois de anos de rotina, sangue e mortes, eu ansiava por algo novo. Então, desci.
O lugar, chamado "Amanhecer da Cidade", era simples, com tapetes desbotados cobrindo o chão de concreto e móveis descombinados. Encontrei Tim, o barman veterano, que me serviu um uísque e avisou sobre dois caras da família Petrov no fundo do bar.
Alina estava com eles, conversando de forma acalorada. Eventualmente, ela veio até mim.
— Ei, você estava naquele bar — disse, franzindo a testa.
— Acho que sim. E você, quem é? — perguntei.
— Alina — respondeu, inclinando-se no balcão.
Pedi uma bebida para ela, e conversamos brevemente. Algo em seu jeito direto e despretensioso me prendeu. Quando ela foi embora, eu roubei sua carteira, mas deixei o telefone. Algumas horas depois, ela me ligou, desesperada para recuperá-la.
Marcamos de nos encontrar em um ponto movimentado. Uma escolha inteligente da parte dela. Mas eu sabia que, no fim, a decisão de quem sairia vivo daquela noite ainda era minha.
Cheguei antes dela. Estava encostado na frente de uma agência de caixa eletrônico com grades de metal cobrindo as janelas. Um pequeno grupo de garotas bêbadas, tropeçando nos saltos, passou rindo alto demais, seguidas por um bando maior de caras bêbados fumando cigarros.
Estiquei o pescoço para ver melhor e, ao dar um passo à frente, avistei Alina vindo em minha direção, apressada.
Ela usava jeans e um moletom. Uma pena. Eu estava esperando algo mais... interessante, talvez um pijama.
Ela sorriu hesitante e parou a alguns metros de mim, enquanto eu recuava para a sombra ao lado da agência. Ela se aproximou, mergulhando na escuridão.
— Obrigada por me encontrar. De verdade. Eu não posso ficar sem esse maldito telefone — disse, estendendo a mão.
Mostrei o telefone, segurando-o no alto.
— A tela está toda rachada. Você devia cuidar melhor das suas coisas.
Ela franziu o cenho, irritada.
— Pode me devolver isso logo?
Eu estendi o aparelho, mas, no instante em que ela foi pegá-lo, agarrei seu pulso. Movi-me mais rápido do que ela poderia reagir, puxando-a para mim.
Alina soltou um arquejo, mas não teve tempo de gritar antes que eu a girasse e a pressionasse contra a grade de metal na porta. Meu corpo colado ao dela, impedindo-a de se mexer. Ela tentou lutar, mas eu tinha o dobro do tamanho dela. Ela não tinha chance.
Seus olhos brilhavam com uma mistura de medo e raiva enquanto eu a encarava de perto.
— Não sou do tipo que acha que você me deve algo só porque te paguei uma bebida e devolvi um telefone — sussurrei, minha voz baixa e ameaçadora.
A respiração dela estava rápida, mas ela conseguiu manter a voz firme.
— Então me devolve e me deixa em paz.
— Mas acho que você me deve outra coisa.
Ela apertou a mandíbula.
— Me solta. Há câmeras por todo lado aqui.
Soltei uma risada curta.
— Elas não gravam nada. Eu conheço o dono deste lugar.
O que era verdade. O dono pagava proteção à família Starkov. Inclinei a cabeça, avaliando-a.
— Você não parece irlandesa de verdade. Não como seus primos. Sobre o que vocês estavam conversando no Cidade?
Os olhos dela se arregalaram, um breve momento de vulnerabilidade.
Alina não era uma jogadora. Seu pai, sim, era profundamente ligado à máfia, mas ela? Ela parecia longe disso. Conheço todos os envolvidos no submundo da Filadélfia — assassinos, gangsters, ladrões, traficantes — e Alina não fazia parte desse mundo. Ela era como uma peça mantida fora do tabuleiro.
Mas por quê?
Eu não queria matá-la. Não fazia sentido. Algo nela me dizia que ela não deveria estar envolvida nisso.
— Quem diabos é você? — ela sussurrou, a voz carregada de medo agora.
— Meu nome é Nikolay — respondi, inclinando-me para mais perto. — E eu trabalho para pessoas que querem você morta.
Ela lutou com força, admito. Era mais forte do que aparentava, mas eu a mantive no lugar. Ela não gritou. Apenas me encarou com olhos selvagens, a respiração ofegante, quase desesperada.
— O que você estava conversando com seus primos? — perguntei.
— Nada.
— Por que alguém quer você morta?
— Eu não sei!
Balancei a cabeça, frustrado. — Isso não é o suficiente. Me dá uma boa razão para eu não te matar.
Ela me olhou, os lábios entreabertos, o maxilar tensionado. Nenhuma palavra saiu.
E então, sem aviso, ela se jogou para frente e me beijou.