— O que é isso? Eu pergunto.
— O seu novo contrato, senhorita Bellerose. Ele responde, um leve sorriso aparece nos meus lábios e é impossível eu não ficar animada ao abrir a pasta, eu leio tudo. Terei a oportunidade de ser apresentador no um dos programas mais ouvidos do mundo na rádio.
— Isso é real? Digo com um sorriso que sinto que vai quebrar o meu rosto em dois. Não posso acreditar.
A felicidade gira no meu peito.
Ele sorri enquanto me entrega uma caneta, mas antes que eu possa aceitá-la, ele fala novamente.
— Não é tão fácil quanto parece, senhorita Bellerose. Sinto o sorriso no meu rosto começar a desaparecer aos poucos e a felicidade no meu peito começa a se transformar num turbilhão de sentimentos negativos que me avisam que devo ir embora.
Observo enquanto ele se levanta e começa a andar até ouvir os seus passos atrás de mim.
— Você é recém-formada. Ele começa e eu só o escuto. — Sem nenhuma experiência e absolutamente nada de bom para contribuir com esta estação. O que dirão todos quando souberem que uma menina conseguiu com simplicidade o que muitos de nós tivemos dificuldade em escalar?
Eu engulo saliva. Sinto a sua respiração roçar na minha orelha e essa simples ação faz o meu corpo congelar.
— Você é bonita, tem corpo e rosto. Gostei de você, Aurora, desde o primeiro momento em que vi você pisar neste prédio.
Ele mexe no meu cabelo, deixando o meu ombro e pescoço livres e então sinto a sua respiração no meu pescoço.
— Posso te dar muito mais do que você deseja se você for única e exclusivamente minha. O seu dedo indicador começa a correr pelo meu braço.
Levanto-me imediatamente e saindo do transe, o meu corpo treme e não consigo dizer nada coerente.
Pego a minha bolsa e vou até a porta com a intenção de sair, mas ele fica no meu caminho.
— Eu quero ir embora. Eu sussurro, a minha voz tremendo quando ele me encurrala entre o seu corpo e a mesa.
— Aceite. Ele ordena e os meus olhos se enchem de lágrimas enquanto me sinto impotente.
— Não estou interessada, senhor. Respondo entre gagueiras.
A sua respiração roça uma das minhas bochechas.
— Você vai gostar, amor. Ele sussurra, colocando as mãos na minha cintura e as lágrimas aumentam nos meus olhos.
— Por favor. Eu sussurro com uma voz quebrada.
De um segundo para o outro ele se afasta quando uma voz ecoa.
— Ian! O meu olhar vai para a mulher que abriu a porta, os olhos daquela mulher olham para o Sr. Chapman.
— Querida. Ele se aproxima da mulher que agora reconheço como a sua esposa. Não consigo sair do meu lugar e o transe me faz permanecer estática. — Não é o que parece.
Aquela mulher começa a transbordar de lágrimas, olha para mim e olha para o marido e eu não consigo dizer nada, o nó na garganta não me permite falar.
— Ela que veio aqui, veio me oferecer seu corpo em troca de uma promoção. Ele se aproxima da sua esposa e a suas palavras ressoam na minha cabeça, me fazendo sentir pior diante do olhar vingativo e raivoso daquela mulher.
Ele não diz mais nada e apenas se vira enquanto os seus soluços podem ser ouvidos enquanto ela sai correndo.
Sr. Chapman olha para mim, os seus olhos me matando com o seu olhar.
— Está demitida! Ele grita, me fazendo pular no meu lugar. — Pegue as suas coisas e saia! Sinto o meu corpo tremer e só começo a sair lentamente do transe.
Aquele homem pega o seu paletó, mas antes de sair para seguir a sua esposa, ele se vira para olhar para mim novamente.
— Vou arruinar a sua carreira! Ele grita, apontando o dedo indicador para mim. — Vou garantir que ninguém te contrate ou mesmo te considere uma m*aldita estagiária!
Ele ameaça e sai furioso enquanto o ouço gritando para sua esposa parar e ouvi-lo.
O meu corpo não obedece, sinto que estou tremendo da cabeça aos pés, o medo ainda está dentro de mim e não consigo parar as lágrimas que continuam a girar nos meus olhos assim como não consigo parar os espasmos que invadem o meu estômago.
Corro para a lata de lixo e vomito enquanto lágrimas saem dos meus olhos.
Sinto-me suja, embora nada disso tenha sido culpa minha.
Pego a minha bolsa e saio imediatamente, as lágrimas continuam escorrendo dos meus olhos. Assim que piso fora do prédio, os soluços saem, desaparecendo com o barulho dos carros, não consigo processar nada e só ando com um único destino.
Os meus pensamentos estão nublados e cada parte disso se repete na minha mente sem fim, o nervosismo, o medo, o transe, tudo faz o meu peito apertar me avisando que um colapso nervoso está por vir.
Estou atravessando a rua quando o som de uma buzina me faz parar de repente. Os meus olhos vão para o carro de luxo que estava prestes a me atingir. O meu corpo não processa as coisas.
— Você está bem, senhorita? Olho para um homem saindo do banco do motorista, ele está com um chapéu na cabeça que me indica que ele é um motorista particular.
Só consigo acenar com a cabeça enquanto continuo o meu caminho sem me importar se estou prestes a ser atropelada.
— Senhorita! Ouço os mesmos homens gritando comigo, mas simplesmente continuo o meu caminho quando chego à outra calçada e continuo andando com o mesmo destino em mente.
Os meus olhos visualizam o prédio à minha frente, entro nele e entro no elevador enquanto aperto o botão do andar da minha melhor amiga. A caixa de metal começa a se mover e as lágrimas continuam a surgir nos meus olhos enquanto sinto soluços girando na minha garganta.
Não consigo controlar a maneira como o meu corpo começa a tremer, o aperto no peito e as lágrimas. Vou desmaiar e não consigo evitar.
O elevador abre no andar da minha melhor amiga, saio e começo a andar até chegar à porta dela onde aperto a campainha e espero ela abrir para poder desabar nos seus braços.