— Vou entregá-los a vocês um por um, mas quero outra condição.
— Pare aí, a condição era liberdade — Kael refuta.
— Eu sei que vão aceitar, vamos lá, você acha que eu sou tão i****a assim? — Eu rio ironicamente, tenho pensado nisso desde então. — Vocês não vão me dar liberdade, não depois que eu tiver praticamente morando em sua casa e ajudado com seus planos. Morar com eles por um mês e dar informações importantes que vocês não vão conseguir se ficar comigo desse jeito, eles vão me matar, eu sei, mas eu quero algo primeiro.
— E o que você quer?
— Quando o pegarem, eu quero fazer parte disso, não importa o que façam com ele, eu quero fazer parte, porque Higor também tem assuntos inacabados comigo, eu vou deixar você matá-lo, mas eu só... eu só quero devolver a ele um pouco da dor que ele me deu.
A compreensão atravessa suas frações, um muro cai sobre cada um deles, porque eles sabem que, assim como eles, sou apenas mais uma vítima da praga que é Higor, mesmo que eu não tenha certeza do que aconteceu com eles.
— Quando terminarem com Higor, eles podem me matar, só seja rápido, estou bem com isso.
— Quando chegar a hora e aquele i****a estiver em nossa caverna, você estará lá em sua agonia, princesa.
— Kael diz, aproximando-se lentamente de mim, como um lobo se aproximando de sua presa.
Meu azul se conecta com o cinza do seu olhar, que mais uma vez me promete infinitas coisas que não consigo explicar. Orion se aproxima de mim por trás, agarra meu maxilar com força, me aproximando um pouco mais de seu corpo, virando meu rosto de tal forma que olho Jak diretamente nos olhos, que lentamente se aproxima de nós, e a moreno sussurra em meu ouvido.
— Orion vai ser o que vai te matar, Lyra.
Eu sorri psicoticamente pela primeira vez.
LAYRA YONS.
Isso foi uma má ideia.
O que diabos eu estava pensando?
Eu estava no ginásio da mansão, porque já havia dado aos meninos a localização da primeira propriedade e eles decidiram que, se quisesse pegar Higor, eu deveria estar no mesmo nível dele.
— Levante-se, Lyara!
Flávio, que acabou de ser nomeado meu guarda-costas e professor, exige que eu me levante enquanto meu corpo está deitado no ringue de luta que os Draven têm em sua mansão; eles têm uma maldita academia aqui.
Flávio não está me dando trégua, sinto o gosto metálico de sangue na boca e meu corpo dói pelo esforço ao me exercitar, somado aos golpes que recebi. Já me acostumei com a dor, mas passei mais tempo no chão do que em pé nesse treino i****a.
Bufando irritada, sentando lentamente, a massa de músculos que é Flávio sorri zombeteiramente para mim quando ele me ataca novamente, conseguindo atingir meu corpo novamente e me mandando para o chão, rindo do meu infeliz espetáculo.
— Você não entende que sou iniciante?
Flávio é o homem de confiança dos Draven, ele parece ser o braço direito deles.
— Nesse ritmo, as balas atingirão o rosto da Barbie e ninguém retornará para pegar seu lindo cadáver — exclamou Oliver, aproximando-se.
— É a maneira mais horrível como me disseram que sou bonita, mas obrigada.
— Foco, Layra.
— Eu simplesmente não consigo! — Eu refutei, fazendo birra enquanto cruzava os braços — Você deveria me proteger! Que tipo de sequestradores eles são?
— Bem, ninguém vai, princesa. Vá em frente — disse Kael, aparecendo atrás de mim.
Bufei irritada enquanto me sentava, novamente, para tentar desferir um golpe no e******o Flávio, o que era uma tarefa impossível. Os homens Dravens na academia continuaram lançando insultos e zombarias em minha direção, fazendo-o me distrair o suficiente para Flavio enfiar o punho no meu rosto novamente.
Eu gemia de dor quando meu corpo batia na lona, determinado a ficar no chão se necessário, fingia que o golpe já tinha me afetado o suficiente, acreditando iludidamente que assim Flavio poderia ter pena de mim.
— Todos fora! — Kael exclamou, seus homens não precisavam ouvi-lo novamente, eles desocuparam a academia. Eu vi em câmera lenta como ele fez um sinal com a mão para Orion, que também desocupou a academia, seguido por Flávio. Dessa vez, foi o homem de cabelos pretos que entrou na sala. Toque — Você não está tentando — ele rosnou.
— Com licença?
— Você não está fazendo isso, é por isso que eles estão falhando.
— Sim, a verdade é que eu não queria passar todo o meu sequestro sendo espancada pelos seus homens, não era meu sequestro ideal, para falar a verdade.
— Lyara, estou lhe dando a oportunidade de saber como se defender — refutado — Eu não, treino qualquer um.
— E quem te disse que isso era o que eu queria?
— De acordo com seu histórico médico, que eu revisei, você teve muitas fraturas em sua curta vida. Se eu compará-los com o pai nojento que você tem, basta somar dois mais dois — retrucou. — Meus homens combateram Flávio e poucos aguentaram um de seus socos sem reclamar. Isso indica que você suporta mais dor do que seu corpo suporta — ele enfatizou. — Portanto, estamos aqui, quero lhe proporcionar a chance de retribuir a agressão quando alguém tentar lhe agredir novamente.
Suas palavras conseguem me deixar sem mais nada a dizer, analisando cada uma delas.
— Porquê? — Eu questiono em voz baixa.
— Por que o quê?
— Por que você está fazendo isso por mim? Você não me deve nada, se estou ajudando você com Higor é porque eu o quero morto assim como você, você não deveria fazer isso. Além disso, tecnicamente você continua me mantendo aqui mesmo que eu não queira.
Ele analisa minhas palavras, embora seu rosto não me mostre nada, ele permanece impassível com sua máscara de gelo.
— Não somos os monstros que você pensa que somos, princesa i****a. — Eu também sou somente mais uma vítima do Higor, uma vítima daquele i****a do Andre e até mesmo uma vítima aqui, você não pode mudar isso.
— Você ainda não respondeu à minha pergunta.
— Quando Higor falecer, o que acontecerá em breve, o que será de você a seguir? Você realmente quer falecer? — pergunta. — Porque se você pudesse nos contar tudo o que sabe e eu diria ao Orion para puxar o gatilho agora mesmo, não faria sentido prolongar isso por muito tempo, mas você está aqui. Eu sei que há uma morena que não para de te procurar, sua amiga. Podia agarrar a isso.
— Sou não lésbica seu i****a.
Suas palavras penetram em meu corpo.
“Aline está me procurando?”
Não questiono mais nada do que ele diz, pelo contrário, começo a prestar atenção a todos os movimentos que ele me ensina sobre defesa para que da próxima vez eu possa revidar, Flávio.
Eu estava em uma van com os meninos, Kael estava dirigindo, Orion era copiloto e Jak estava ao meu lado.
Eu dou a primeira localização de um negócio de Higor, onde ele tinha uma de suas vinícolas nos arredores.
— Se você tentar fugir ou planejar alguma coisa, eu vou te queimar viva, entendeu, Lyara? — Jak exclamou.
Eu assenti.
Eu estava usando uma regata preta, jeans pretos e botas militares, além de amarrar o cabelo em um r**o de cavalo.
Eu odiava me vestir daquele jeito, normalmente eu escolheria algo mais colorido, mas acho que eles não teriam me deixado vir daquele jeito.
Ao chegarem ao local indicado, os três meninos saíram do caminhão, todos vestidos de preto, com botas militares e preparados para uma situação. Embora houvesse certas diferenças entre eles, Kael usava uma camiseta preta de botões, com as mangas arregaçadas, revelando suas tatuagens, sem deixar aquela aura de liderança. Orion usava um moletom preto com uma estampa na frente, controlando sua aura divertida, porém sombria, em partes iguais. Jak, por outro lado, estava vestindo uma camiseta preta simples de manga curta, mostrando que não se importava se manchasse as mãos com sangue, que ele sabia que carregava mais do que podia ver. Sua aura letal e perigosa parecia se destacar animadamente ao saber que hoje ele suportaria a morte de várias pessoas infelizes.
— Não há uma arma para mim? — Eu solicitei.
— Não.
Os meninos ordenaram que seus homens começassem a caçada.
Eles derrubaram a porta da frente com um detonador. Imediatamente, uma rajada de balas começou a atacá-los, e seus homens devolveram com a mesma intensidade enquanto abriam caminho para seus chefes. Os três se complementaram sincronizadamente, como se tivessem ensaiado milhares de vezes e estivessem acostumados a esse tipo de situação.