Capítulo 3

1375 Слова
  Cecília   Xavier estava atrás de mim, seu rosto uma máscara de fúria gélida.   Meu companheiro lobo — não, em breve ex-companheiro — presenciara toda a cena.   Virei-me para encarar o grupo, meu olhar pousando por fim na garota de cabelo curto encolhida no canto do sofá. Poucos minutos antes, ela estava com as pernas cruzadas, toda confiança, enrolando o cabelo no dedo com ar de superioridade. Agora, seu rosto estava completamente azedo, fitando-me como se quisesse me estraçalhar.   Então era aqui que eles costumavam se encontrar. Pela familiaridade descontraída com que aqueles homens falavam, era claro que não era a primeira vez. Já apareciam em público juntos, sem qualquer preocupação em se esconder.   Xavier deu um passo à frente, sua presença de Alfa preenchendo o espaço e esmagando a atmosfera.   De repente, como marionetes com as cordas puxadas, todos se agitaram.   "Luna Cecília, perdoe-nos, estávamos só falando bobagem," um deles gaguejou, o título 'Luna' soando agora oco e falso.   "Luna Cecília, não há absolutamente nada entre o Xavier e a Senhorita White," outro acrescentou, desesperado.   "Luna Cecília, por favor, não leve a mal..."   Xavier agarrou-me pelo pulso com força, sua mão como uma grilheta, tentando me arrastar para a saída. O vínculo parcial entre nós faiscou dolorosamente ao seu toque, uma lembrança c***l e irônica do que um dia tivemos.   Num movimento rápido, virei-me e atirei meu drink diretamente em seu rosto.   O silêncio na sala tornou-se sepulcral.   Todos observavam, olhos arregalados, seu choque quase palpável. Como uma simples humana ousava desafiar publicamente um Lobo Alfa?   Meus instintos de loba estariam gritando por submissão, se eu os tivesse — mas não tinha. Era apenas uma humana que finalmente havia alcançado seu limite.   No instante seguinte, sorri docemente e disse: "Vai lá, continua se divertindo com sua 'queridinha'. Não vou mais estragar seus momentos especiais."   Tentei soltar meus pulsos de seus dedos, o vínculo entre nós oscilando violentamente a cada contato.   O rosto de Xavier fechou-se, perigosamente controlado, o lobo nele claramente enfurecido sob a superfície. Sem um aviso, ele me jogou sobre o ombro como um saco de batatas.   Todos na sala: "..."   No corredor, eu me debatia como uma fera contra seu braço de ferro, pendurada de cabeça para baixo sobre seu ombro.   As portas do elevador se abriram no momento exato.   Enquanto Xavier me carregava para dentro do elevador e se virava, meus olhos encontraram os de um homem — sua figura alta ocupando boa parte do espaço. O terno preto sob medida acentuava ombros largos e uma silhueta poderosa. Sapatos de couro caros emolduravam pernas longas. Mesmo de braços relaxados, transbordava força contida.   O ar dentro do elevador tornou-se instantaneamente pesado e elétrico.   Não pude evitar olhar para ele enquanto nos preparávamos para sair. O que vi foi um rosto de traços angulosos e marcantes, com órbitas profundas sob olhos de lobo cinza-escuro que brilhavam com perigo puro. Ele me avaliou com um leve desdém, os lábios finos levemente comprimidos, o maxilar tão definido quanto uma lâmina. Um rosto brutalmente agressivo, mas com uma elegância aristocrática e distante.   Rapidamente baixei os olhos e escondi o rosto. Meus sentidos humanos podiam ser embotados comparados aos de um lobo, mas até eu conseguia sentir o poder emanando daquele estranho. Um Alfa, sem dúvida — e não um Alfa qualquer.   Fora do clube, Xavier atirou-me no banco de trás do carro antes de entrar também.   Lutei para me sentar, tonta de ter sido carregada de cabeça para baixo e depois jogada como um objeto. A cabeça girava, e eu sentia que poderia ter uma concussão.   Xavier pegou lenços umedecidos do porta-luvas e começou a limpar o rosto.   Meus olhos, atentos, capturaram algo atrás dos lenços: o que parecia ser um pacote de preservativos. A prova de sua traição estava literalmente por toda parte.   Sua voz, carregada de acusação, ecoou dentro do carro. "O que você estava fazendo lá? Tentando me pegar em flagrante?"   Abri a porta do carro, determinada a sair. Aquele carro parecia contaminado.   "Cecília!" Xavier rosnou, puxando-me de volta para dentro com força. "Para onde você pensa que vai? Não sabe a hora de parar?"   Minha respiração acelerou enquanto eu apertava as pontas dos dedos, tentando me acalmar. "Eu quero ir para casa," consegui dizer, a voz contida.   Xavier chamou Beta Henry, que aguardava do lado de fora do clube, para nos levar. Durante todo o trajeto de volta, um silêncio pesado pairou entre nós. Sentei-me o mais longe possível dele, o rosto pálido, com náuseas. O cheiro de álcool impregnava suas roupas — forte, enjoativo, e misturado com um perfume que não era o meu.   Em casa, saí do carro imediatamente. Na cozinha, traguei um copo inteiro de água gelada de uma só vez antes de me sentir um pouco melhor.   Quando voltei, Xavier estava sentado na sala de estar. Dirigi-me até lá e sentei-me.   Outro silêncio sufocante pairou entre nós, até que Xavier finalmente falou.   "Eu estava lá para uma reunião de negócios. Você, invadindo o clube e fazendo aquela cena — me envergonhou profundamente. Não percebe o quão ridícula e patética você está agindo? Parecendo uma mulher histérica?"   "Algo mais?" respondi calmamente, minhas emoções trancadas atrás de uma muralha de gelo.   "Se você ainda quer que tenhamos um futuro juntos, deixe de lado essas suspeitas infantis. Não tenho tempo para ficar administrando suas crises de ciúmes."   "Entendido. Mais alguma coisa?" Minha voz manteve-se firme e plana.   "..." Xavier franziu a testa profundamente. "Cecília, você tem noção de como está insuportável?"   Levantei-me, um sorriso leve e cortante curvando meus lábios.   Em breve, você não precisará mais se incomodar.   Subi as escadas.   Depois do banho, Xavier deslizou sob as cobertas ao meu lado.   No escuro, deitei de lado, de costas para ele, me encolhendo ainda mais na beirada da cama para evitar qualquer contato.   Entre lobos, o toque era sagrado — fortalecia o vínculo entre companheiros.   Mas nós não éramos companheiros de verdade, éramos?   Nosso vínculo nunca se completara, e agora estava irremediavelmente partido.   Xavier virou-se e puxou-me com força bruta para seus braços, arrastando-me da beirada da cama para seu abraço com uma raiva m*l contida. Seu corpo alto e musculoso dominava o meu com facilidade. Uma vez imobilizada em seu abraço, eu não tinha para onde escapar.   Passei a noite inteira enrijecida em seus braços, visualizando os mesmos braços envolvendo Cici White.   De manhã, preparei o café da manhã apenas para mim.   Xavier desceu e me viu sentada, sozinha, comendo uma torrada.   Ele ia saindo, mas mudou de direção e se aproximou da mesa, inclinando-se para sussurrar em meu ouvido com uma voz suave, quase conciliadora: "Neste fim de semana, vamos velejar por alguns dias. Só nós dois."   Continuei bebendo meu leite e emiti um "Mmm" nasal, indiferente.   Como era de se esperar, na véspera do fim de semana, ele cancelou.   Não senti nada. Nenhuma onda de decepção.   Talvez ele nem percebesse há quanto tempo não compartilhávamos uma refeição ou passávamos um tempo de qualidade juntos. Suas palavras me alertavam para não pensar em divórcio, mas, na prática, ele me tratava como se eu fosse invisível. Se eu desaparecesse um dia, ele provavelmente nem notaria.   Naquele fim de semana, comecei a retirar meus livros da estante que outrora compartilháramos, colocando-os em uma mala para levar ao meu novo lar.   Enquanto os organizava, recebi uma rara ligação de Dora.   Atendi com educação. "Olá, Luna Dora."   Dora respondeu com sua habitual frieza arrogante. "Venha aqui. Sobre o que conversamos — vamos formalizar por escrito."   "Isto é realmente necessário?" perguntei, bem sabendo da resposta.   "Se eu digo que é, então é," ela retrucou, a autoridade de Luna Anciã transbordando em seu tom.   "Certo, passarei aí à tarde."   "Venha ao meio-dia."   "Está bem."   Do outro lado da linha, quase podia visualizar a expressão f**a de Dora. Aposto que ela bolou alguma artimanha para me perturbar — provavelmente, a visão nauseante de Xavier e daquela lobinha se agarrando. Ela deve estar esperando que eu me desespere ao ver o casalzinho nojento em ação, não é? Afinal, para ela, apenas uma loba de sangue puro é digna de seu precioso filho. Mas, coitada, para seu desespero, isso não me afetará.   Não me importo com o jogo que ela quiser jogar. Pode vir, minha querida sogra Dora!
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