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Elías Navarro A mesa estava silenciosa demais. Nem o tilintar da taça de vinho que levantei com a mão esquerda conseguiu suavizar a rigidez do ar. Estávamos sozinhos, apenas eu e Aurora, diante de uma refeição que Carmen preparou com esmero. Frango grelhado em crosta de ervas. Arroz com amêndoas tostadas. Legumes salteados em azeite trufado. Ela pensava que os detalhes tornariam a noite menos dura. Mas não existe suavidade possível quando você precisa quebrar uma mulher para protegê-la. --- Aurora mexia a comida no prato, o garfo raspando o fundo da porcelana. Ela estava desconfortável. Mas não pelo jantar. Era eu. Era o modo como eu a observava. Era o silêncio que pairava como uma lâmina prestes a cair. Era o tempo que acabava. Eu não conseguia parar de encará-la. Tão jovem

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