QUERIDO ARRANJO - LIVRO 1

Desliguei o celular e girei na cadeira, enquanto eu encarava a morena com uma camisa social feminina, aberta até a altura mais baixa de um decote, revelando até mesmo um pouco da peça abaixo da camisa dela, de uma renda cara e até bonita e boa para se acariciar bem com os dedos. Antes eu pegava ela ou qualquer mulher que eu podia e queria muito, mas, finalmente, não sentia a necessidade absurda e até maluca de preencher o vazio e o escuro dentro dentro de mim. - Cheguei de viagem e soube do acontecido do ano, não acreditei quando me falaram Charlles, parece mentira– Ela dá um sorriso e sei que a boca suja logo vai aparecer nela quando eu falar que era tudo verdade. - Então? - Então que eu me casei, você não soube, querida? Candice podia ser bem insistente. Queria agora colocar as coisas no lugar e ficar em paz comigo mesmo, eu sabia que ela poderia querer se jogar pra cima de mim, mas não me importava. Esperava que ela entendesse que não iria acontecer mais nada. Que não iria jogar mais jogo nenhum com ela. Não estava chutando ela, apenas colocando-a no lugar que ela devia ficar daqui para frente. - Só isso Challes? É verdade então? – Ela se levanta. Casar com Ana Luiza Guerra foi minha solução e eu a solução dela. Melhor que se casar com um velho escroto que não iria perdoar nada vindo dela por dinheiro, ainda mais quando a garota parece não ter ao menos malícia ou até estômago. A mulher na minha frente tem malícia, até demais. Enfrentaria qualquer coisa por dinheiro. Diferente de Ana Luiza, entregue sem toda sua vontade, mas sabendo o que iria acontecer se não aceitasse. Era um arranjo. - O que é verdade? - Pergunto, no momento que noto ela se aproximando de mim eu ergo a mão e faço um movimento de pare, para que ela não passe do limite. - Não se aproxime de mim, volta sua b***a para aquela cadeira, não quero mais nada com você ou com qualquer outra. Vai pra sua sala. Não quero perder uma boa advogada. - O que?! - Reparo na cara de surpresa, porque a última vez que estive com Candice, bem, ela chamou uma amiga para me agradar e no fim vi um show completo, com direito a tudo vindo delas. - Então realmente se casou e encerrou sua vida de solteiro? Isso mesmo? - Exatamente. - Isso só pode ser alguma piada, o grande Charlles Pacini com um cinto de castidade?! - Eu não diria um cinto – Ergo o dedo anelar. - Linda, não? A dela é magnífica - Vejo os olhos fumaçando de tanta raiva. - Eu sei que você criava caso demais comigo Candice, eu entendo, porque quem não criava? Sempre deixei claro o que era, agora não faça isso– Me levanto e dou a volta na mesa e me aproximo dela, me abaixando e olhando para o rostinho bonito. - Mas eu nunca dei nenhum motivo para isso, era só s**o. - Faz muito tempo. - Não era é nunca foi você – Me ergo e começo a andar pela minha sala. - É difícil entender? - Você não gosta dela… - Corto ela, dando uma risada. Ninguém sabia do arranjo e era melhor assim. - Pode apostar que gosto. - Certo, tudo bem então Charlles, tudo ótimo – Ela se levanta e pega a pasta, ainda por cima ela é contratada da firma. d***a! Talvez ela faça alguma m***a. - Não quero que misture as coisas, fui claro? Você trabalha para mim e para minha família já por um bom tempo, se te incomoda eu ser agora casado ou que no caso você não vai respeitar minha mulher, bem, você conhece o caminho para o RH. Candice deu uma risada alta e riu na minha cara. - Faz quanto tempo de casado? Uma semana, dias? Meu amor, eu sei que vai voltar, mas você sabe disso – Ela parece mais cínica ainda, mantendo a pose de boa v***a e v***a convencida. - Sabe onde me achar. - Divulgue – Ela para de sorri. - Eu não estou mais disponível. Ela sai da minha sala, respiro satisfeito. Parece que acabo de tirar um peso de culpa das minhas costas. Me aproximo da mesa e abro a gaveta, retiro a foto e fico encarando o rosto conhecido e as imagens da nova residente da minha casa vem com tudo na minha mente. Eram duas pessoas diferentes, mas com traços e semelhanças que me fazia ficar louco de novo. Escuto o barulho da porta e guardo a foto na gaveta e olho para careca que cruza meu campo de visão, segurando o telefone no ouvido. - Diga Sam, o que precisa – Ele me entrega o telefone. - Quem é? - Do banco. - Charlles – Eu me encosto na cadeira. - Senhor, sou o gerente responsável por um dos seus cartões, que está no nome de sua nova esposa – Olho para o homem parado na minha frente em aguardo. - Ela está aguardando a aprovação de uma linha a vista no cartão em uma imobiliária para a compra de um galpão, próximo ao seu condomínio, pelo que me consta, no valor de 27 mil, aprovo? - Um galpão – Ergo a mão e coçou a barba e faço uma careta. - Permita, não precisa me ligar e dela o cartão, ela sabe o que faz – Suspiro. - Fora me colocar fogo, ela pode fazer qualquer coisa, certo? Era só isso? - Sim, foi um prazer senhor, tenha um bom dia – E a linha fica muda, enquanto ergo a mão e passo o telefone para Sam, ele me olha curioso. - Careca, fica tranquilo, é só minha esposinha me deixando um pouco pobre – Giro na cadeira. - Pelo menos não foi um barco, meu caro – Dou uma gargalhada alta. - Você está levando a sério o casamento? Esbarrei com Candice no corredor, ela estava espumando. - Hora de fechar algumas portas, e sim, o casamento é sério, a mulher e calma e eu sou mais ainda, você sabe, sou fácil de conviver. Se ela seguir as regras básicas, temos negócios envolvidos também. Ela não vai querer prejudicar ninguém.