CAPÍTULO 3

1650 Words
O que esse homem tem de lindo, tem de i****a. - Não! Eu sou "A MULHER" que estava no quarto do hotel com o Jonny. Digo furiosa e usando um tom mais forte em uma certa parte da frase pra que veja o quanto foi indelicado. - A mídia disse garota de programa. Levanto do chão unindo o resto de dignidade depois de vomitar com as forças que me restam. Apoio a mão na parede e olho o grande homem a minha frente. - Tão bonito e tão alienado ao que a mídia diz. Uma visão linda por fora, mas tudo oco por dentro. Devia parar de malhar em frente a televisão e ler mais livros. Enquanto caminho pra fora do banheiro e passo por ele, posso ver seu sorriso de canto. Força nas pernas pra não amolecer com esse risinho, Victória! - Quero ir embora! Peço ao Jerry, assim que fico de frente pra ele. - Ir embora pra onde? Acabou de dizer que o cara que matou o Jonny tentou te pegar. - Quero ir embora daqui, depois me viro pra achar um lugar. - Victória, aqui é o lugar mais seguro do mundo agora, vai por mim. Sinto algo atrás de mim e meu corpo todo trava, sentindo um calor absurdo. - Você precisa de ajuda! - Por isso quero ir embora. Aqui eu sei que não terei ajuda, mas sim julgamento. Viro e firmo meus olhos nos do homem lindo que me olha intensamente. - Sou uma acompanhante de luxo, durmo com meus clientes quando eu quero e não quando eles querem. Eu decido se a noite termina na cama ou se apenas farei literalmente companhia. Sua cabeça tomba e o filho da mãe devolve o olhar firme. - Garota de programa cara que pode escolher o cara com quem vai dormir. - Muito músculo e pouco cérebro. Uma pena mesmo. Volto a olhar para o Jerry. - Se não me tirar daqui, eu mesma saio pela porta e vou embora. - Pode pelo menos nos ouvir? Depois escolhe o que fazer. - Eu vou fazer uma bebida. O i****a musculoso passa por mim esbarrando em meu corpo e some, me fazendo respirar fundo. - Erick não é um i****a forte! Jerry tenta defender o amigo e passa a mão pela cabeça. - Vai entender um pouco da raiva dele agora. Vem comigo! Pega minha mão e me leva com calma por um corredor, até chegar em uma cozinha. O tal Erick está fazendo sua bebida e apenas ergue os olhos para nós. - Vão querer? - Não! Respondo e evito olhá-lo. - Também não quero. Jerry me coloca em um banquinho de frente pro amigo dele e quando percebo que o i****a me olha sem qualquer vergonha, resolvo encará-lo também. Ergue o copo até sua boca e toma a bebida, sem deixar de me olhar. Abaixa o copo e lambe os lábios, recolhendo o resto da bebida que ficou. - Como ainda está viva? Muito estranho um cara que tem a capacidade de passar por seguranças, invadir um quarto de hotel e matar o Jonny, ir embora sem ser preso e você estar sem nenhum arranhão. - Estava trancada no banheiro quando ele invadiu o quarto e fez o que fez. Enquanto tentava me pegar, invadir o banheiro, liguei na recepção do hotel e pedi ajuda. - Como tinha o telefone da recepção? - Quando seu trabalho te expõe a violências de vários tipos, é preciso ter em mãos algum tipo de segurança. Jonny estava alterado quando chegamos ao hotel e sabia que poderia se tornar violento comigo. A primeira coisa que fiz, antes de ir com ele para o quarto foi pegar o telefone da recepção do hotel. - Esperta! - Não é uma questão de esperteza, mas sim de sobrevivência. Aprendemos com o tempo e com os erros a cuidar da gente. Olho no fundo dos olhos azuis lindo dele. - O fato de vender sexo com o meu corpo não dá o direito da outra pessoa de usá-lo como saco de pancadas. O fato de terem comprado sexo comigo, não dá o direito de ultrapassar meus limites, minhas regras. E o fato de ser uma acompanhante de luxo, não me torna menos merecedora de respeito, de educação. - Indireta pra mim? Pergunta com um sorriso irônico no rosto. - Não! Isso foi uma direta mesmo, no meio das suas bolas julgadoras. O que eu faço ou deixo de fazer com o meu corpo, com a minha vida, não me torna menos mulher, menos digna. - Não me importo com seu corpo e o que faz com ele. Não sou eu que preciso de você, acho que é o oposto aqui. Aparentemente sua vida está em perigo e o Jerry acha que posso te manter viva. Nós dois olhamos para o Jerry que parece sem saber o que fazer em meio a nossa discussão. - Apenas me escutem e calem a boca. Fala e vira pra mim. - Jonny é investigado por lavagem de dinheiro e há alguns meses vem sendo vigiado. - Eu sei! Ele chegou a ser preso. Dizem que entregou todo mundo. Digo e os dois se olham como se soubesse muito sobre isso. - Jerry! O chamo e ele volta a olhar pra mim. - Assim que Jonny foi solto, a polícia queria colocá-lo em proteção, mas o infeliz não aceitou. A única saída era colocar policiais disfarçados em torno dele. Abre um sorriso quadrado e assume uma expressão de culpado. - Jonny passou a morar naquele hotel e policiais viraram seguranças ali, para protegê-lo. - Você é um policial? Ele confirma com a cabeça. - Imagino que você também. Olho para o tal Erick que vira sua bebida toda, mas não responde. - Erick está afastado. Jerry comenta e volto a olhá-lo. - É importante que eu saiba o por que? Pergunto e o vejo respirar fundo. - Erick era o responsável pela investigação do caso de lavagem na empresa do Jonny. Jerry diz e seu amigo se afasta de nós. - Se você é policial, porque não falou quando chegou no quarto do hotel? Por que aqueles policiais não disseram que você também era um deles? - Porque somos de comandos diferentes. Não somos policiais de delegacia, como os que apareceram na cena do crime. Trabalhamos com crime organizado. - O seu amigo Luke que sofreu o acidente também é da área de vocês? - Sim! Como você foi testemunha do assassinato do Jonny, cabeça principal da nossa investigação, achei importante te proteger. Aqueles idiotas seriam capazes de te colocar como culpada na morte dele. - Seu amigo i****a também me colocaria. Sussurro e posso ouvir um rosnar do Erick, que me faz sorrir. - Quem matou o Jonny queria calá-lo, antes que ele fosse na frente do juiz confirmar seu depoimento. - Então sua investigação foi por água abaixo. Sem o Jonny vocês não possuem o cabeça de tudo, o delator. - Temos o depoimento dele gravado, que será avalidado após o assassinato dele ser resolvido. Se for comprovado que a pessoa que o matou está ligado a quem ele entregou, tudo estará perfeito. - A policia que estava no hotel não parecia empenhada em descobrir o assassino. - Por isso você é importante, Victória. Você agora é a chave para tudo. - Eu? Questiono assustada e um riso nervoso escapa de mim. - Você pode nos ajudar a chegar até o assassino. - Mas eu não sei quem ele é ou como ele é. Não vi rosto, não vi corpo, não vi nada. A única coisa que conheço dele, porque está gravado na minha cabeça é a voz. - Não chegou a ver nada? - Não, passei o tempo todo trancada no banheiro e ele não entrou. - Você disse que ele te achou no meio do acidente e tentou te pegar. - Sim, mas foi por trás. Falou algumas merdas no meu ouvido e tentou me arrastar, mas com tanta gente acabei me soltando. - Merda! Fica difícil assim. - Ela é uma testemunha sem importância. Erick diz e olha para o Jerry. - Não sabe de nada, não viu nada, não reconhece ninguém. Diz todo irônico e isso me irrita muito. - Zach! Digo ao me lembrar do nome que ouvi na festa. Os dois se olham como se esse nome fosse muito importante. - Na festa um dos homens que estava conversando com o Jonny comentou que ele fez merda entregando o Zach. - Ela ouviu eles falarem do Zach. Jerry fala empolgado e Erick se aproxima. - O que mais ouviu? Pergunto e balança a cabeça de forma negativa. - Jonny ficou bravo e foi nessa hora que fomos embora. Erick volta a olhar para o Jerry. - Continua sendo uma testemunha sem utilidade. Que vontade de tacar o copo que usava no meio da testa dele. - O homem que matou o Jonny tinha três letras tatuadas no braço. Pude ver pelo buraco da fechadura, enquanto ele atirava. Digo ao me lembrar e volto a ganhar a atenção dos dois. - Quais letras? Erick pergunta curioso. - Vou contar apenas ao Jerry, não confio em você. Seu olhar de ódio é tão sexy. Causar sua raiva é excitante. Viro para o Jerry que parece ansioso em ouvir. - Não quero que diga as letras, mas apenas me confirme se significam algo. Vou até seu ouvido e sussurro as letras pausadamente. - P... G... J... Jerry se afasta e seus olhos arregalados encaram os meus. - Tem certeza que viu essas iniciais? - Sim! - Certeza? - Sim! - p***a! Se afasta e passa a mão pela cabeça. - Ela viu a sigla deles? Erick pergunta e Jerry confirma com a cabeça. - Ela não é uma testemunha sem importância. Victória pode reconhecer o braço direito do Zach, o matador dele.
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