CAPÍTULO 5

1378 Words
Sentindo meu coração disparado, sabendo que pode ser meus últimos segundos, o choro vem com tudo e me encolho ainda mais esperando o tiro. O som da bala saindo da arma ecoa em meus ouvidos e abro meus olhos a tempo de ver o homem cair de joelhos no chão me olhando. Seu peito está cheio de sangue, assim como meu corpo, as paredes do chuveiro e o chão. Meu corpo todo treme e o homem desaba a minha frente, caindo com o rosto em meus pés. Minhas mãos tremem e quando olho meu corpo sujo, percebo que na verdade tudo treme em mim. - Victória! Escuto alguém me chamar, mas parece tão distante. Minhas pernas vão perdendo as forças e então vejo Erick me segurar pelos braços. A água do chuveiro bate em seu corpo e tudo parece em câmera lenta. - Respira! Pede com a mesma voz baixa que antes me chamou. Tudo parece estar fora de sintonia comigo, sons, movimentos e me sinto estranha. - Olha pra mim! Segura agora meu rosto em suas mãos e encaro uma imensidão muito azul. - Ele te machucou, te feriu em algum lugar? Só consigo mover a cabeça de forma negativa, mas meus lábios não se movem. Meus olhos percorrem seu rosto todo machucado, tem um corte no canto na boca. - Precisamos sair daqui! - Suja... É a única coisa que digo e seus olhos descem para o meu corpo, vendo o sangue em mim. - Tem outro banheiro aqui? Confirmo com a cabeça. - Consegue andar? Olho minhas mãos e pernas ainda trêmulas e volto a chorar vendo o homem no chão. - Me abraça e fecha os olhos. Pede me pegando no colo e abraço seu pescoço, enfiando o rosto em seu pescoço. Sinto Erick começar a andar, mas continuo evitando olhar. - Quando você entrou no quarto, percebi que tinha alguém na casa, só não sabia que eram mais de um. - Tem mais gente aqui? Pergunto me encolhendo em seus braços e ele me aperta. - Tinha! Avisei que não era uma boa idéia vir aqui. Estavam te esperando e sabiam que uma hora viria pegar suas coisas. Para de andar e o sinto respirar fundo. - Suas coisas são essas na cama? - Sim! - Vou te colocar no outro chuveiro e venho pegar tudo. Onde fica o outro chuveiro? - Quarto ao lado de visitas. Me leva para o outro banheiro, me coloca no chão e liga a ducha. Espera a água aquecer e me coloca embaixo dela. - Se lava rápido, temos que ir embora logo, seu apartamento não é seguro. Fecho meus olhos ao sentir a água em minha cabeça, descendo pelo meu corpo. - Vou pegar suas coisas. Desesperada abro meus olhos e seguro sua mão. - Não me deixe sozinha! Seus olhos pela primeira vez amolecem pra mim e se aproxima sem se importar com a água molhando ainda mais sua roupa. - Segure isso e atire em qualquer pessoa que aparecer, que não seja eu. - Não sei atirar. Mexe em uma trava e arruma a arma na minha mão. - Apenas aperte e atira. Já volto! Vejo sair do banheiro e meus olhos não saem da porta. As batidas do meu coração ecoam em meus ouvidos e minha respiração fica intensa. Não sei quanto tempo se passou, mas começo a ficar preocupada. - Erick! O chamo e não escuto nada. Saio do chuveiro, ando em direção a porta do banheiro e não vejo ninguém no quarto. Ando pra fora e escuto coisas se quebrando, vindo da sala. Ando mais rápido e vejo um homem em cima do Erick, batendo com força. Com as mãos tremulas ergo a arma, mas não sinto firmeza. - Solta ele! Grito e o homem para de bater no Erick, que está jogado no chão. Vira e não vejo seu rosto por causa da proteção que usa pra não se expor. - Sai de perto dele ou eu atiro. O homem vai se afastando, mas vem se aproximando. Manca de uma perna e vejo escorrer sangue pelo chão. - Não se aproxime. - Só quero ver de perto esse lindo corpo. Diz e pela voz, sei que não é o mesmo homem que matou o Jonny. - Se der mais um passo eu atiro. - Gatinhas como você não sabem atirar. Dá mais um passo em minha direção e antes que eu aperte o gatilho, Erick o acerta com a minha cadeira de ferro, fazendo o homem cair no chão apagado. - Vamos embora! Vem cambaleando em minha direção e tira a arma da minha mão. - Se troca, por favor! Pede ofegante e imagino que com dor. - Você está todo machucado. - E você nua. Sorri cansado e guarda a arma nas costas. - Saímos em cinco minutos. Tem carro, algum veículo. - Tenho! Está na garagem do prédio. - Ótimo! Só preciso ver uma coisa. Caminha lentamente para o corredor e vejo mais um corpo no chão, perto da cozinha. Sem pensar muito vou até o corpo e me abaixo. - Não tem tatuagem. Escuto Erick dizer e sua voz já está distante. Deve estar no quarto já. Mesmo ele avisando, quero olhar pra ter certeza. Puxo a manga da blusa do braço direito do homem e realmente não tem nenhuma tatuagem. Me ergo do chão e vou pro quarto me trocar. Assim que entro no quarto, escuto um gemido baixo de dor vindo do banheiro. A passos suaves vou até a porta e vejo Erick sem camisa, se olhando no espelho. Seu peito todo forte é tão lindo quanto suas costas bem definidas. Sua mão sai de cima do ombro e vejo um corte que não para de sangrar. Ele tenta estancar, mas sua mão não alcança muito bem pra fazer pressão. Me aproximo por trás dele e seus olhos pelo espelho acompanham meus movimentos. - Deixa que limpo. Coloco minha mão sobre a dele e nossos olhos se cruzam no espelho. - Obrigado! Sussurra e me entrega a gaze que usa no corte. - Vamos precisar de uma mais limpa. Me entrega uma, que pega da minha caixinha de primeiros socorros. - Obrigada por me salvar. Aquele homem quase atirou em mim. Agradeço enquanto tento fazer o sangue parar. Me posiciono melhor atrás de seu enorme corpo e isso faz nossos corpos ficarem mais próximos. Observo os músculos de suas costas e contenho a vontade de percorrer eles com o dedo. - Vão vir mais, precisamos ir embora. - Suas roupas estão molhadas. - Depois me troco. Suas roupas estão na cama, quando terminar de se arrumar, me encontra na sala. - Pra onde vamos? Acha que esse tal do Richard pode me ajudar? Sua mão vem pesada sobre a minha e volto a olhá-lo pelo espelho. - Não! Algo me diz que não devemos confiar nele. Jerry acha que Richard é um superior honesto, mas tenho minhas dúvidas. - Ele quem te afastou da policia? Vira o corpo sem soltar minha mão. Fica de frente pra mim e a expressão de seu rosto não é nada boa. - Sei que deve estar sendo bem libertador andar nua por sua casa, mas acho realmente, que deveria se vestir. Sorri sem jeito, meio envergonhado por algumas vezes me olhar nua. - Estou indo! Devolvo a gaze pra ele e saio do quarto caminhando de forma bem sensual. Não é momento pra isso, mas já que está olhando, que me veja linda e plena. ************** Termino de amarrar meu tênis e vou pra sala encontrar o Erick. No corredor o escuto furioso falando com alguém. - Não! Você me ouviu? Ele está furioso andando pela sala. - Tentaram matar a Victória! Grita no telefone e paro de andar. - Eles não vão parar até que a única testemunha que pode f***r com eles esteja morta. Respira fundo e para de andar. - Desculpa, Jerry! Fala com a voz calma ou tentando se acalmar. - Não posso colocar a vida dela em perigo só pra limpar algo que eu não fiz. Só estou te avisando que vamos sumir até que eu tenha provas contra o Zach para prendê-lo. Victória vai comigo e a manterei segura bem longe do Richard.
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