Por Pedro
Eu estava em casa quando o telefone tocou. A visão do número de Bianca na tela me fez suspirar. O dia havia sido longo, mais complicado do que eu imaginava. Não era apenas o trabalho. Era ela, Bianca. Eu sabia que algo estava acontecendo, e eu estava começando a ficar inquieto.
Atendi, tentando soar o mais calmo possível. “Oi, Bia. Tudo bem?”
A voz dela do outro lado da linha estava mais suave, mas carregada de algo que eu não consegui identificar. “Oi, Pedro. Eu… preciso falar com você.”
Meu coração disparou, e a preocupação tomou conta de mim. “Claro, o que aconteceu? Está tudo bem?”
Ela hesitou, e eu senti a tensão na sua voz. “Eu… Pedro, eu não sei como dizer isso, mas eu estou perdida. Não sei o que fazer. Eu estou confusa sobre tudo que está acontecendo. Sobre Marcos… sobre nós…”
Meu estômago se revirou. Era tudo o que eu temia. Eu sabia que a situação estava se tornando mais difícil a cada dia. E o mais difícil de tudo era não saber como reagir, como lidar com os sentimentos dela. Eu a amava, e queria ser o homem que a fizesse se sentir segura, mas o que eu vi nos olhos dela… a insegurança, o medo de não ser suficiente… isso me partia.
“Bia… eu entendo que você esteja passando por tudo isso. Eu sei que não é fácil para você, e eu nunca quis te fazer sentir pressionada. Eu só quero que você saiba que, para mim, você sempre foi suficiente. Eu só preciso de você, do seu carinho, da sua confiança. Eu sei que a gente tem um caminho complicado, e eu não posso te prometer que será fácil, mas eu te amo, Bia. Com todas as minhas forças, eu te amo.”
A linha ficou em silêncio por um momento. Eu podia ouvir a respiração dela, e o peso das palavras parecia estar mais forte do que qualquer coisa que eu já tinha dito. Bianca, com todos os seus medos e inseguranças, ainda assim era tudo o que eu mais desejava. E eu sabia que, ao olhar para ela, não havia mais ninguém no mundo que eu quisesse.
Finalmente, ela falou, com uma voz que parecia frágil, como se estivesse prestes a desabar. “Eu… eu não sei se consigo, Pedro. Eu quero te amar, eu quero que a gente dê certo, mas tenho medo de não ser quem você precisa. Tenho medo de não ser boa o suficiente para você…”
Eu me senti como se o mundo tivesse parado. Eu queria tanto entrar na tela do telefone e abraçá-la, acalmá-la, dizer que tudo ficaria bem. Mas, em vez disso, eu apenas respirei fundo. “Bia… a única coisa que eu preciso de você é ser você mesma. Não existe perfeição no que sentimos, mas existe a verdade no que temos. Eu te amo, não porque você é perfeita, mas porque você é real, e você me faz ver a vida de uma maneira que eu nunca imaginei. Não importa o que você pensa sobre o seu corpo, ou sobre a sua saúde. Eu te amo do jeito que você é.”
Silêncio.
Eu não sabia o que mais dizer. Eu queria que ela acreditasse nas minhas palavras, mas sabia que não seria tão fácil. O amor de Bianca por si mesma era algo que ela ainda precisava encontrar. Mas eu estava disposto a esperar, o tempo que fosse necessário.
“Pedro, eu… eu só não quero te machucar. Eu já te magoei antes, e não sei se consigo lidar com mais nada que não seja essa incerteza dentro de mim…”
Eu queria ser forte, ser o apoio que ela precisava, mas a cada palavra dela, a cada insegurança, eu sentia que a distância entre nós dois aumentava. E o pior era que eu não sabia o que fazer para encurtar essa distância. Eu a amava, mas como ela podia acreditar nisso se ela mesma não acreditava em seu valor?
“Bia, você não me machucou. Você está sendo honesta, e isso é tudo o que eu posso pedir de você. Eu sei que é difícil, e eu não vou te pressionar. Só… só saiba que eu estarei aqui. Quando você estiver pronta. Eu vou estar aqui para te apoiar, para te ajudar a encontrar o que quer, seja o que for.”
Eu podia ouvir o peso das lágrimas na voz dela. Eu queria tanto estar ao lado dela, mas a única coisa que eu podia fazer era esperar. Esperar até que ela estivesse pronta para ver o que eu já via nela. A mulher incrível, forte, que ainda não sabia o quanto merecia ser amada.
“Eu preciso de um tempo, Pedro. Para pensar, para entender o que eu realmente sinto. Eu não quero te perder, mas preciso encontrar a mim mesma primeiro.”
Eu fechei os olhos, sentindo o peso daquelas palavras. Eu sabia que isso não seria fácil. Mas, no fundo, eu acreditava que ela iria encontrar o caminho. Eu só precisava ser paciente.
“Eu vou esperar, Bia. Eu vou esperar você. Sempre.”
A ligação foi encerrada, e fiquei ali, segurando o telefone, com o coração apertado. Eu sabia que o amor verdadeiro não era algo que podia ser forçado. E, enquanto Bianca estava lutando contra suas próprias inseguranças, eu sabia que o que eu sentia por ela nunca mudaria. Eu só tinha que esperar o momento em que ela estivesse pronta para aceitar esse amor.
E eu faria isso, sem pressa. Porque, para mim, ela sempre seria suficiente.