Apresentação de personagens: Bianca:
Bianca: Olá! Eu sou a Bianca, tenho 21 anos e venho de uma família humilde de Minas Gerais. Lutei muito para conquistar o meu espaço e hoje sou dona de uma loja de roupas plus size na famosa 25 de Março, em São Paulo. A jornada até aqui não foi fácil. Quando decidi vir para a cidade grande aos 17 anos para estudar, deixei o interior de Minas para trás em busca de oportunidades e uma vida melhor. Quase desisti no caminho, pois enfrentei muitos desafios.
Lembro-me bem da época da escola, quando os corredores eram repletos de risadas e conversas animadas. Para mim, no entanto, esse período foi marcado por inseguranças. Desde cedo, percebi que meu corpo era diferente. Enquanto minhas amigas se sentiam confiantes em suas roupas justas, eu me sentia deslocada, como se o peso extra me tornasse invisível.
O bullying começou sutilmente: comentários aqui e ali, risadinhas ao meu passar. "Olha a bolinha!" - ouvi uma vez e essa frase ecoou na minha mente por muito tempo. A dor não vinha apenas das palavras, mas do desprezo que eu via nos rostos dos outros. Eu tinha Síndrome do Ovário Policístico (SOP), que afetava meu corpo de maneiras que só eu conhecia, mas que ninguém parecia se importar. Para eles, eu era apenas a "gordinha" da turma.
Lembro de um dia em particular: estávamos no intervalo e uma colega decidiu me provocar diante de todos. "Você deveria tentar emagrecer, Bianca. Assim, quem sabe alguém te nota." As risadas ecoaram como facadas no meu coração. Naquele momento, eu queria desaparecer; o peso da vergonha e da tristeza se acumulava dentro de mim.
E até hoje ainda luto com isso. Nunca consegui me ver bonita e muito menos tive coragem de namorar. Mas tive vários amigos homens, dentre eles o Pedro, que é o mais especial, pois eu mudei a vida dele e ele a minha. Tudo aconteceu há três anos atrás, quando eu estava começando com a loja. Tinha acabado de me formar e abrir a loja com 18 anos, com o dinheiro que juntei do meu antigo trabalho.
Nesse dia, eu tinha acabado de pegar o dinheiro para pagar um fornecedor no dia seguinte, e era tarde da noite, 00:00. Não tinha quase ninguém na rua que passo para ir para a minha casa, mas naquele dia ele estava na rua, me viu e disse: "Boa noite." Eu o cumprimentei e continuei andando até parar em uma rua deserta, onde vários homens começaram a me olhar de forma ameaçadora e tentaram me roubar. Então ele chegou e me ajudou a fugir deles. Desde então, somos amigos, e ele passou a trabalhar comigo.
Até que este ano ele se formou e realizou seu sonho de ser policial. Eu fico muito feliz pelo meu amigo; ele merece o melhor da vida! E ele também fica lindo de uniforme.