Por Marcos
As palavras de minha mãe ainda estavam na minha mente. "Temos expectativas para você." Elas ressoavam dentro de mim como um eco constante, me lembrando que a vida que eu queria não se encaixava nos planos que minha família havia feito para mim.
Eu olhava para o celular, quase esperando que ela ligasse de volta, exigindo mais explicações ou tentando me convencer a seguir o caminho que sempre me foi imposto. Mas, ao invés disso, o que eu sentia era um vazio, um dilema que corroía meu peito.
Bianca era minha escolha. E isso significava algo mais profundo do que qualquer expectativa que minha família pudesse ter. Ela não era apenas "a mulher fora dos padrões", como minha mãe diria. Ela era a pessoa que me fazia sentir algo que eu nunca pensei ser possível. Eu estava apaixonado por ela. E, se isso significava ir contra tudo o que eu havia aprendido, então eu estava disposto a enfrentar as consequências.
Mas o medo, a insegurança, estavam sempre ali, me observando, me lembrando que as coisas nunca seriam fáceis. Eu não sabia se estava pronto para a briga que viria quando eu finalmente a apresentasse à minha família. Não sabia se estava pronto para a rejeição. Eu já passara por tanto para ser quem sou, para encontrar uma maneira de viver fora das sombras da minha família. Não queria mais viver com medo.
E, enquanto eu pensava sobre isso, algo dentro de mim me dizia que talvez fosse hora de ser honesto, não apenas com minha família, mas com Bianca. Eu precisava ser sincero sobre o que estava acontecendo, sobre as expectativas que estavam sendo impostas a nós dois, sobre o que poderíamos enfrentar juntos.
Eu não queria mais esconder. Eu queria que ela soubesse que, por mais difícil que fosse, a minha escolha por ela era verdadeira. Que eu a amava, não porque ela fosse "adequada", mas porque ela era quem ela era, e isso, para mim, era mais do que suficiente.
Decidi que era hora de dar um passo à frente. Não importava o que acontecesse, eu queria que Bianca soubesse de tudo. Sobre minha família, sobre o peso que isso representava, sobre os preconceitos que iríamos enfrentar, mas, principalmente, sobre o que eu sentia.
Eu queria mostrar a ela que, mesmo que o mundo parecesse ser contra nós, eu estava disposto a lutar por nós dois. Ela não estava sozinha.
Peguei o celular mais uma vez e digitei a mensagem. Era direta, simples, mas carregada de tudo o que eu estava sentindo.
"Bianca, eu preciso falar com você. Não sei como começar, mas sei que, se eu não disser, vou acabar perdendo a chance de ser honesto com você. Podemos conversar mais tarde?"
Enviei. A ansiedade apertava meu peito, mas ao mesmo tempo, eu sabia que não havia volta. Eu precisava dizer. Eu precisava que ela soubesse a verdade sobre mim, sobre nós, sobre tudo.
E, enquanto aguardava a resposta, pensei no futuro. No futuro que eu desejava, onde a opinião dos outros não tivesse mais poder sobre mim, onde eu pudesse viver ao lado de quem eu amava, sem medo. Eu não sabia como seria, mas sabia que, se fosse ao lado de Bianca, eu teria coragem para enfrentar o que fosse necessário.
A resposta de Bianca não demorou a chegar. O simples "Claro, Marcos. Quando você puder, estou aqui" me trouxe uma sensação de alívio. Ela estava disposta a ouvir. E, mais do que isso, ela estava disposta a estar ao meu lado, independente do que viesse.
Era isso o que eu mais precisava. Sabia que o caminho não seria fácil, mas, com Bianca, eu estava pronto para seguir em frente.