Por Pedro
Eu sabia. Desde o momento em que olhei para o outro lado da rua e vi Marcos encostado naquela moto, sabia que ele estava ali por ela.
E aquilo fez meu sangue ferver.
Bianca desviou o olhar rápido, mas foi o suficiente. Eu vi. Vi a forma como ela ficou nervosa, como apertou os lábios, como evitou me encarar.
Isso me matou por dentro.
O jantar, que antes estava leve, se tornou insuportável. Eu tentava sorrir para Sofia, agir normalmente, mas tudo dentro de mim gritava. A vontade era de levantar, atravessar aquela rua e socar aquele desgraçado até ele entender que Bianca não era um brinquedo para ele brincar.
Mas o que mais me machucava… era que ela estava deixando isso acontecer.
Fizemos o caminho de volta para deixá-la em casa, e quando Sofia dormiu no banco de trás, eu aproveitei o silêncio.
— Você mentiu para mim.
Bianca virou o rosto, surpresa.
— O quê?
Parei o carro em frente ao prédio dela e me virei, sentindo o peito subir e descer, tentando me controlar.
— Eu perguntei se você estava falando com Marcos. Você disse que não. E então ele aparece do nada? Coincidência, Bianca?
Ela suspirou, impaciente.
— Pedro, não começa.
— Como assim não começa?! — Soltei uma risada amarga. — Ele estava ali te esperando, te olhando como se… Como se tivesse algum direito sobre você!
— Ele não tem nenhum direito sobre mim.
— Então por que diabos ele tava ali? E por que você ficou daquele jeito quando viu ele?!
Ela abriu a boca para responder, mas parou. Porque ela não tinha resposta.
E isso foi o que mais doeu.
Passei a mão no rosto, tentando me acalmar. Mas já era tarde demais.
— Esse cara não presta, Bianca. Ele tá jogando com você.
Ela cruzou os braços, me desafiando.
— E você acha que pode decidir isso por mim?
— Não é isso! — Me inclinei para mais perto, sem paciência. — Eu só… Eu só não quero que você se machuque.
— E por que isso te importa tanto?!
A pergunta dela veio carregada de frustração.
E, naquele momento, eu quebrei.
— Porque eu te amo, c*****o!
O silêncio explodiu entre nós.
Bianca arregalou os olhos, surpresa. Eu só percebi o que tinha dito quando já era tarde demais.
Droga.
Ela piscou, os lábios entreabertos, como se tentasse processar minhas palavras.
— O quê?
Engoli em seco. Minha respiração estava pesada, meu corpo tenso. Eu não podia mais voltar atrás.
— Eu te amo. Sempre amei.
Ela ficou muda.
Meu peito subia e descia rapidamente. Meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir.
— Eu tentei esconder isso, tentei ignorar, mas ver aquele cara te olhando daquele jeito… — Fechei as mãos em punhos. — Eu não consigo.
Ela desviou o olhar, respirando fundo.
— Pedro…
— Eu sei que você não me vê desse jeito. Eu sei. Mas eu precisava dizer.
Minha voz falhou no final.
O silêncio dela foi como uma facada.
Finalmente, ela me olhou de novo, e havia algo nos olhos dela. Algo que eu não sabia decifrar.
— Eu… eu não sei o que dizer.
Soltei um riso sem humor, balançando a cabeça.
— Não precisa dizer nada.
Abri a porta do carro e saí antes que ela visse a dor no meu rosto.
Porque, pela primeira vez, eu estava com medo.
Não do Marcos. Não de qualquer outro homem.
Mas de perder Bianca… para sempre.