Capítulo 7 – O Que Sempre Estava Lá

585 Words
Por Pedro Eu sabia. Desde o momento em que olhei para o outro lado da rua e vi Marcos encostado naquela moto, sabia que ele estava ali por ela. E aquilo fez meu sangue ferver. Bianca desviou o olhar rápido, mas foi o suficiente. Eu vi. Vi a forma como ela ficou nervosa, como apertou os lábios, como evitou me encarar. Isso me matou por dentro. O jantar, que antes estava leve, se tornou insuportável. Eu tentava sorrir para Sofia, agir normalmente, mas tudo dentro de mim gritava. A vontade era de levantar, atravessar aquela rua e socar aquele desgraçado até ele entender que Bianca não era um brinquedo para ele brincar. Mas o que mais me machucava… era que ela estava deixando isso acontecer. Fizemos o caminho de volta para deixá-la em casa, e quando Sofia dormiu no banco de trás, eu aproveitei o silêncio. — Você mentiu para mim. Bianca virou o rosto, surpresa. — O quê? Parei o carro em frente ao prédio dela e me virei, sentindo o peito subir e descer, tentando me controlar. — Eu perguntei se você estava falando com Marcos. Você disse que não. E então ele aparece do nada? Coincidência, Bianca? Ela suspirou, impaciente. — Pedro, não começa. — Como assim não começa?! — Soltei uma risada amarga. — Ele estava ali te esperando, te olhando como se… Como se tivesse algum direito sobre você! — Ele não tem nenhum direito sobre mim. — Então por que diabos ele tava ali? E por que você ficou daquele jeito quando viu ele?! Ela abriu a boca para responder, mas parou. Porque ela não tinha resposta. E isso foi o que mais doeu. Passei a mão no rosto, tentando me acalmar. Mas já era tarde demais. — Esse cara não presta, Bianca. Ele tá jogando com você. Ela cruzou os braços, me desafiando. — E você acha que pode decidir isso por mim? — Não é isso! — Me inclinei para mais perto, sem paciência. — Eu só… Eu só não quero que você se machuque. — E por que isso te importa tanto?! A pergunta dela veio carregada de frustração. E, naquele momento, eu quebrei. — Porque eu te amo, c*****o! O silêncio explodiu entre nós. Bianca arregalou os olhos, surpresa. Eu só percebi o que tinha dito quando já era tarde demais. Droga. Ela piscou, os lábios entreabertos, como se tentasse processar minhas palavras. — O quê? Engoli em seco. Minha respiração estava pesada, meu corpo tenso. Eu não podia mais voltar atrás. — Eu te amo. Sempre amei. Ela ficou muda. Meu peito subia e descia rapidamente. Meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir. — Eu tentei esconder isso, tentei ignorar, mas ver aquele cara te olhando daquele jeito… — Fechei as mãos em punhos. — Eu não consigo. Ela desviou o olhar, respirando fundo. — Pedro… — Eu sei que você não me vê desse jeito. Eu sei. Mas eu precisava dizer. Minha voz falhou no final. O silêncio dela foi como uma facada. Finalmente, ela me olhou de novo, e havia algo nos olhos dela. Algo que eu não sabia decifrar. — Eu… eu não sei o que dizer. Soltei um riso sem humor, balançando a cabeça. — Não precisa dizer nada. Abri a porta do carro e saí antes que ela visse a dor no meu rosto. Porque, pela primeira vez, eu estava com medo. Não do Marcos. Não de qualquer outro homem. Mas de perder Bianca… para sempre.
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