Capítulo seis.

1013 Words
Eu estava preocupada com a Julia, mas ela só rejeitava a minha ajuda. Quando eu e a mamãe a deixamos em casa, eu a disse que me chamasse quando precisasse e ela assentiu. Mesmo que aparentemente ela esteja bem, eu ainda tinha medo de que algo r**m pudesse acontecer. – Ela está esquisita – Mamãe observou – O que aconteceu? – Nada, provavelmente algo pessoal – Respondi, tensa. – Você também está esquisita. – Afirmou, enquanto dirigia para casa. Eu preferi não responder. – Vou ao shopping – Ela continuou. Me perguntei o que estava deixando-a nervosa, se algo estava acontecendo em casa ou em seu trabalho para que ela sentisse necessidade de fazer compras. – Quer alguma coisa? Mamãe percebeu que eu abaixei minha cabeça quando ouvir ela dizer essas palavras, então suspirou e tentou se explicar: – Eu estou bem, tá legal? Eu realmente preciso comprar copos! Estamos sem copos em casa. – Aquilo me pareceu apenas uma desculpa esfarrapada, mas eu não queria retrucar. – Mãe, podia voltar com a terapia. – E você já podia deixar. – Respondeu, rapidamente. Aquilo me magoou, mas eu mereci. Minha mãe não gosta de ser contrariada. Respirei fundo tentando fazer com que aquilo não me abalasse. Qual é, isso é uma tremenda besteira. Eu estou tentando resolver os meus conflitos. – Mãe – Chamei-a novamente, alguns minutos depois. – Que? – Indagou, concentrada no trânsito. – Josh me pediu aulas particulares de cálculo, tudo bem se eu der? – Contando que seja na nossa casa, na sala e sob meus olhos, não tem problema nenhum. – Ela disse – Eu sei que é o Josh e que ele não daria em cima de você, mas eu sei como são os rapazes dessa idade... Eu sei. Não foi a intenção dela me magoar com aquela frase. Mas me atingiu como uma flecha! “Ele não daria em cima de você.” O que ela quis dizer com isso? Eu conheço a minha mãe, ela somente quis dizer que ele é um rapaz íntegro que não daria em cima de uma garota que ele praticamente cresceu junto. Mas eu já me sentia ridícula, sempre senti que não era atraente o suficiente. Talvez ele fosse sempre me enxergar como criança. Não posso culpa-lo, eu meio que parecia uma. E a Mandy é... tão perfeita. Nunca chegaria aos seus pés. Não que eu queira ficar no meio dos dois, e é burrice pensar nisso, mas eu não conseguia evitar. J As 15h da tarde chegaram rapidamente. Eu estava no telefone com a Julia quando a campainha tocou. Ela acabara de me contar que estava deitada e que estava bem. Abri a porta para o Josh ainda com o telefone no meu ouvido. – Julia, tenho que desligar agora, ok? Nos falamos mais tarde. Josh sorriu com uma pilha de livros na mão e eu abri passagem para ele entrar. – Onde estão seus pais? – Indagou o rapaz. – No trabalho – Afirmei. Eu vi sua bochecha corar. – Tem certeza que tudo bem? – Minha mãe disse que não tem problema contanto que a gente fique na sala. Ele assentiu. – A Mandy sabe que está aqui? Ele pigarreou, eu percebi que quis fugir da resposta então não insisti. Começamos a estudar e percebi que ele realmente não sabia nada sobre matemática, mas pelo menos era esforçado e tentou se manter focado durante toda a explicação. – Certo, então, sabendo que na função exponencial a variável está no expoente e a base é sempre maior que zero e diferente de um, se usarmos dessa equação y igual a 2 elevado a 0 igual a 1, quanto vale x? Ele colocou a mão no rosto, pensativo. Já haviam se passado 30 minutos desde que eu comecei a explicação. – 1? – Perguntou, com um dos olhos fechados, temendo a resposta. – 0. – Respondi. Ele bufou. – Eu nunca vou aprender. – Afirmou, fechando o caderno. – Ei – Toquei-lhe os ombros – Você vai conseguir. É complicado no início, mas você vai se dar bem. Ele suspirou, ficou um tempo calado e disse: – Eu sei o que pensa sobre mim e a Mandy. Eu arregalei os olhos. Como assim? – Eu sei que pensa que somos um casal tóxico e que eu preciso esconder dela as coisas porque se não sou proibido..., mas não é assim. Ela até que deixa. – Tudo bem, Josh. Não sou ninguém para julgar. Eu nunca namorei, não sei como isso funciona – Admiti, sinceramente. – É difícil, às vezes. – Falou o loiro. – Queria que ele estivesse aqui. – Eu também. – Completei. – Quando eu estou com você sinto que estou próximo dele. É bom me sentir assim. Eu sorri, feliz com o que tinha ouvido. Caleb era a pessoa mais importante do mundo para mim, saber que pessoas olham para mim e se sentem próximas a ele me deixa muito confortável, como se ele estivesse por perto realmente. – Sinto falta de quando éramos nós três juntos. – Acrescentou. Ele tinha razão. Éramos inseparáveis. Mesmo que eu fosse apenas a irmã mais nova que muitas vezes não passava de uma garota insuportável, nos divertíamos muito juntos, como uma família, entende? Quando Caleb fez amizade com o Josh ainda no fundamental, mamãe obrigava o Caleb a me levar juntos a quase todas as suas saídas, então chegou uma época em que eles gostavam realmente de me levar, gostavam que eu fizesse parte daquilo, e eu amava também. Depois que o Caleb morreu, eu me isolei, deixei o Josh e qualquer outra pessoa de lado porque nada conseguia preencher o vazio que a falta dele me trazia. Nos entreolhamos por alguns segundos e eu fiquei desconfortável o suficiente para coçar a garganta e me afastar. Josh percebeu minha estranheza e ficou sem graça. – Obrigada pela aula de hoje. Vou treinar o que me ensinou. – Nos vemos na quinta! – Exclamei. E assim Josh foi embora. E eu fiquei pensando o quanto eu era uma tremenda estúpida.
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