Quando eu e Lucas contamos aos meus pais que estávamos “namorando”, a reação deles foi quase imediata. Era como se, de repente, eu tivesse se transformado em alguém que valia alguma coisa. Não era amor por mim, eu sabia disso. Era conveniência. Era imagem. Era poder. Mas, pela primeira vez, eu tinha alguma liberdade. E eu pretendia usar cada pedaço dela. Lucas buscava-me em casa quase todos os dias. Às vezes só para tomar um café. Às vezes para ir ao hospital acompanhar um plantão. Às vezes apenas para conversar. Mas logo aquele convívio começou a virar movimento. Ele dizia que eu precisava ver o mundo, sentir o mundo, viver. A nossa primeira saída foi simples: uma balada. Eu nunca tinha ido, não daquela forma, não livre. Eu lembro da música vibrando no peito, das luzes cortando o escu

