O Mercado

4964 Words
Mesmo com todas as crises causadas pela abstinência, Lisa havia conseguido dormir. A garota permaneceu em seu quarto, praticamente o dia inteiro. Afinal de contas, a jovem não tinha nada de melhor para fazer. A mãe da garota já havia chegado do trabalho. A mulher trabalhava em uma lanchonete da cidade, como garçonete. Ela trabalhava muito, e ganhava pouco. O limitado salário, m*l dava para pagar as despesas da casa. Lisa odiava o trabalho da sua mãe, pós a garota sábia que a mulher merecia um emprego muito melhor. A mãe da garota, era formada na faculdade, e tinha diploma de professora, mas por ser imigrante, e falar um inglês mediano, com sotaque, o único trabalho que ela conseguiu ao chegar na Austrália, foi como garçonete. A mulher entrou na casa, trazendo com ela duas sacolas com comida, que havia ganhado na lanchonete. Logo na sala, ela foi recebida pela sua filha mais nova. - Mãe, ainda bem que você chegou. Eu estava morrendo de fome. - Disse a garota. - A Lalisa não preparou nada para você comer? - Perguntou a mulher, colocando as sacolas sobre uma mesa. - Ela ficou o dia inteiro no quarto. Acho que a Lisa deve está doente, ela parecia está passando m*l, quando voltou da igreja. - Disse a mais nova. - A sua irmã está passando por uma fase difícil, mas logo ela irá ficar bem. Agora vá até a cozinha, e pegue os pratos, eu trouxe frango com batatas fritas, para o jantar. - Disse a mulher. A mais nova correu para a cozinha, para buscar os pratos. A pequena garota, estava realmente com muita fome. Enquanto isso, a mãe da garota subiu as escadas, em direção ao quarto de Lisa. Ela queria ver como estava a mais velha. A mulher abriu a porta do quarto devagar, ela então pode ver a filha que dormia encolhida na cama. A garota dormia com as mãos sobre o abdômen. A mãe da jovem sábia que a garota provavelmente estava sentindo dores no estômago. A mulher soltou um longo suspiro, se sentando a beirada da cama. Dias atrás a mulher quase havia perdido a filha, por causa de uma overdose. A mãe da garota tentava entender aonde havia errado, para que a filha se envolvesse com drogas. Ela lembrava de como a garota era feliz na Tailândia, e como ela era saudável. Agora a garota parecia um zumbi, perambulando pelos cantos. A jovem havia perdido muito peso, e o seu rosto estava muito pálido. O estado físico da garota estava tão frágil, que deixava a sua mãe muito preocupada. A mulher sábia que se a sua filha tivesse outra overdose ela provavelmente não iria sobreviver. - Querida, acorde. - Disse a mulher, tocando o rosto da filha. Lisa despertou ao ouvir a voz da sua mãe. A garota abriu os olhos devagar, olhando para a mulher sentada a sua frente. - A senhora já chegou? - Disse Lisa, olhando para o relógio, que estava sobre uma escrivaninha. - Acho que você acabou dormindo muito. - Disse a senhora Manoban. - Eu não tinha nada de melhor para fazer, a não ser dormir. Esqueceu que eu estou de castigo? - Disse Lisa, se sentando na cama. - Você sabê o por que, você está de castigo. - Disse a mulher. - A senhora acha que me deixar de castigo, irá me ajudar em alguma coisa? - Disse Lisa. - Não sei se irá ajudar, mas pelo menos você estará longe daquelas coisas nocivas. - Disse a mulher. Lisa revirou os olhos, a garota parecia está contrariada. Ela odiava ter que ficar presa em casa, como se fosse uma criminosa. - O castigo eu até entendo, mas me obrigar a ir a igreja já é demais. Por que eu tenho que ir para aquela tortura psicológica? - Perguntou a garota. - Ou era a igreja, ou era uma clínica de reabilitação. - Disse a mãe da jovem. - Isso não é justo! - Disse Lisa, se levantando da cama. A garota parecia está nervosa, enquanto passava a mão sobre os seus cabelos curtos. - O médico disse que o melhor para você séria uma clínica, mas eu não a internei em uma, porque sábia que você não iria suportar ficar em um lugar daqueles. - Disse a senhora Manoban. - Acertou, eu iria preferir morrer, a ter que ir para uma clínica, mas a igreja também é insuportável. - Disse Lisa, se ajoelhando perto de sua mãe. A garota tinha um olhar suplicante, ela queria que a sua mãe, repensasse sobre o seu castigo. - As pessoas de lá me julgam, como se eu fosse uma criminosa. Eles sempre julgaram, desde que nós chegamos a Melbourne. O nosso sotaque, a nossa aparência, a nossa origem, para eles nós não fazemos parte dessa comunidade. - Disse a garota, olhando para a sua mãe. - Não diga isso, as pessoas daqui são gentis com nosco. - Disse a mulher. - Gentis? Deixar que uma professora formada, trabalhe em uma lanchonete medíocre, é gentileza? Rirem do meu nome tailandês, até eu trocar por um outro nome, é gentileza? Fazer bullying, e me excluir na escola, foi gentileza? Acho que a senhora não está sabendo o real significado dessa palavra. - Disse a garota. - A vida de nem um imigrante é fácil. Nós não somos as primeiras, nem as últimas pessoas a sofrer com isso. - Disse a mulher. - Mas eu não aceito, esse tipo de tratamento xenofóbico que recebemos. - Disse Lisa. - Se nós continuarmos com esse assunto, nós não iremos parar de falar. Vamos descer, comer o jantar que eu trouxe, e depois com mais calma, nós falamos sobre esse assunto. - Disse a mulher. Lisa sábia que a sua mãe não iria continuar com aquela conversa mais tarde. A mulher sempre usava esse discurso para fugir dos assuntos difíceis. - Você parece está com fome, vamos descer antes que a sua irmã coma todo o frango e as batatas fritas. - Disse a mulher, sorrindo para a filha. - Okay. - Disse Lisa, dando um suspiro. As duas saíram do quarto, rumo a sala. - Vocês demoraram demais, eu já comi a minha parte. - Disse a filha mais nova, enquanto comia a sua última batata frita. - Pelo menos dessa vez, você deixou a minha porção, e da sua irmã. - Disse a mulher. A mãe das garotas se sentou no sofá, colocando o seu prato no colo, enquanto Lisa se sentou no chão. A garota de cabelos curtos, não parecia está com fome. Ela mexia as fritas em seu prato, de uma lado para o outro. - Você tem que comer, nem que for só um pouco. - Disse a mãe, da garota. - Eu estou sem apetite. - Disse Lisa. - Se esforce só um pouco, não quero que você acabe ficando doente. - Disse a mulher. Lisa tentou comer o seu jantar, mesmo sem estar com fome. A garota estava se esforçando, a comida parecia não ter sabor em sua boca. A única coisa que a garota queria naquele momento, era as suas malditas drogas. - Posso pegar algumas batatas fritas? - Perguntou a irmã, mais nova. - Pie, você já comeu o seu jantar, deixe a Lisa comer o dela. - Pediu a mulher. - Tudo bem, você pode pegar as fritas. - Disse Lisa, estendendo o prato em direção a irmã. - Você é uma irmã muito legal, sábia? - Disse Pie, abraçando Lisa. - Você só fala esse tipo de coisas, quando tem comida envolvida no meio. - Disse Lisa. - Como foi hoje, lá na igreja? - Perguntou a senhora Manoban. - Foi normal. - Disse Lisa. - "Normal", como? - Perguntou a mulher. - Normal, tipo chato e entediante. - Disse a garota. - Alguém conversou com você? - Perguntou, a mulher. - Só o pasto, mas não foi nada de importante. - Disse Lisa. - O pastor Johnson, é um bom homem. Sempre está preocupado com a comunidade, e com as pessoas. - Disse a senhora Manoban. - Sinceramente, eu acho que só faz isso, para ganhar o estatus de bom samaritano. - Disse a garota. - Você tem uma ideia muito r**m das pessoas que frequentam a igreja. - Disse a mãe da garota. - Essa é a única imagem, que eu consigo ter deles. - Disse Lisa. A jovem se levantou, caminhando em direção a escada. - Você vai aonde? - Perguntou a sua mãe. - Vou para o único lugar que eu posso, o meu quarto. - Disse a garota, subindo as escadas. A mãe da jovem detestava o modo como a filha agia. Era como se a garota quisesse se isolar das outras pessoas. A senhora Manoban sábia que quanto mais a garota se isolasse, mais difícil se tornaria a comunicação entre elas. Lisa entrou em seu quarto, se deitando em sua cama. A garota se sentia estranha. A jovem não aguentava mais sentir o angustiante sentimento de ansiedade, parecia até que o seu coração iria explodir. A boca da garota estava seca, e a sua cabeça doía. Lisa queria fumar, nem que fosse apenas um simples cigarro comum. A garota decidiu tentar dormi, pós enquanto dormia todas aquelas sensações estranhas sumiam. A garota desligou a luz do quarto, deixando apenas a fraca iluminação que vinha do abajur. Lisa fechou os olhos tentando dormir, enquanto o seu corpo inteiro tremia. Se a abstinência não a matasse, talvez o tédio fizesse isso. Ela só torcia para que aquilo tudo acabasse o mais rápido possível. Sem perceber, a garota acabou caindo no sono. Enquanto dormia, Lisa sonhava que consumia drogas em seu quarto. Aquele sonho parecia tão real, que os tremores que a garota sentia cessaram. O sonho só revelava o desejo incontrolável, de se drogar. Os estranhos sonhos se repetiram durante toda a noite, como em um loop infinito. Já era manhã de domingo, quando a irmã de Lisa, entrou no quarto a acordando. - Pranpriya acorde! - Disse a garota, pulando sobre a cama da mais velha. Lisa tentou ignorar a outra garota, virando de costas para ela. - Vamos Pranpriya, eu sei que você está acordada. - Insistiu a mais nova. - Não me chame de Pranpriya, eu não uso mais esse nome. - Disse Lisa, levemente irritada. - Okay Lisaaa, agora acorda. A mamãe mandou você ir tomar um banho, nós iremos com ela até o mercado. - Disse Pie. - Nem pensar, eu não irei sair daqui. - Disse Lisa. - Mãe, a Lisa disse que não vai! - Gritou Pie. Não demorou muito, para que a mãe das garotas adentrasse o quarto. - Vamos Lisa, levante. - Disse a mulher, puxando as cobertas que cobriam a mais velha. - Qual o problema de vocês hoje!? Porque não me deixam dormir!? - Disse Lisa, irritada. - Quero que você e a sua irmã, me ajudem com as compras do mercado. - Disse a senhora Manoban. Na realidade, a mulher só não queria deixar a sua filha mais velha em casa. A mulher temia que a garota pudesse fugir do castigo para ir usar drogas. O mercado séria apenas uma desculpa, para poder ter Lisa sobre os seus olhos. - Vamos, levanta, levanta! - Disse a mulher. Lisa se debateu sobre a cama, demostrando toda a sua irritação. - Sem drama, levante e vá logo tomar um banho. - Disse a mulher. Lisa sábia que a sua mãe iria ficar a irritando até ela acatar as suas ordens. Mesmo contrariada, a jovem se levantou indo até o banheiro. - Estaremos esperando por você lá embaixo. - Disse a mãe da garota. Lisa tomava o seu banho com raiva. A jovem odiava ter que acordar cedo, ela odiava sentir a água gelada do chuveiro caido sobre o seu corpo, ela odiava só o fato de estar viva. Depois de um banho rápido, a garota vestiu a primeira roupa que viu na sua frente. Ela então, desceu ao encontro da sua mãe, e irmã que a esperavam na sala. As três saíram da residência, rumo ao mercado da cidade. Lisa odiava ter que enfrentar o escaldante sol da manhã. A garota sentia como se tivesse o inferno sobre a sua cabeça. A jovem de cabelos curtos, se arrependeu por ter vestido um moletom de mangas compridas. Enquanto a sua mãe, e irmã, caminhavam felizes, Lisa parecia está se arrastando. Depois de andar por algumas quadras, finalmente elas haviam chegado ao mercado da cidade. O wallmart era enorme, o lugar tinha tudo oque uma pessoa precisava. A senhora Manoban, pegou um carrinho de compras, adentrando o estabelecimento. Pie corria animada pelos corredores do local, já Lisa estava quase pedindo para que a sua mãe a carregasse, dentro do carrinho de compras. - Nós podemos levar biscoitos? - Perguntou Pie. - Só se for o da marca mais barata. - Disse a senhora Manoban. Pie parecia está se divertindo, com o passeio da família ao mercado. Lisa ficava feliz em ver que o seu problema, não estava afetando a sua irmã mais nova. - Você vai querer alguma coisa? - Perguntou a senhora Manoban, a garota mais velha. - Não, eu não quero nada. - Disse Lisa, se apoiando sobre o carrinho de compras. - Tem certeza? - Perguntou a mãe da garota, passando um das suas mãos, sobre os cabelos curtos da filha. - Tenho. - Disse Lisa, dando um leve sorriso. - Seu cabelo está com um penteado estranho. Você quer que eu faça um corte novo nele? - Perguntou a mãe da garota. - Não, eu gosto dele do jeito que está. Prefiro eu mesma cortar, assim fica do meu gosto. - Disse Lisa. - Por acaso você está cortando ele, com uma navalha. - Disse a mulher, brincando. m*l sábia ela, que era exatamente isso que Lisa fazia com o seu cabelo. - Por favor, a senhora não vai começar a implicar com o meu cabelo, não é? - Disse a garota, com medo de que a sua mãe, começasse a obrigar usar fitas em seu cabelo. - Não, eu também gosto do seu cabelo assim, apesar de preferir ele comprido. - Disse a mulher, soltando um suspiro. A senhora Manoban continuou com as compras, colocando oque estava faltando em casa, no carrinho do mercado. - Cada dia que passa, os produtos vão ficando mais caros. Eu terei que deixar algumas coisas de fora. - Disse a mulher, preocupada. - Talvez já esteja na hora, de eu começar a trabalhar. - Disse Lisa. - Você só tem dezesseis anos, a sua prioridade é a escola. - Disse a mãe da garota. - Oque que escola irá me trazer de bom? - Perguntou Lisa. - Um diploma. - Disse a senhora Manoban. - Um diploma para que? Para eu trabalhar de garçonete, em uma lanchonete de cidadezinha pequena!? - Disse Lisa, se arrependendo na hora de ter dito aquelas palavras. A mãe da garota olhou com um olhar triste para a filha, abaixando a cabeça. A senhora Manoban contínuo com as compras, fingido que não tinha se magoado com as palavras da filha. - Oque eu queria dizer, é que eu preciso ganhar o meu próprio dinheiro, para poder comprar as minhas bobagens, sem precisar pedir a senhora. - Disse a garota, tentando amenizar as palavras anteriores. - Você quer comprar "Bobagens"? Que tipo de bobagens? - Perguntou a mulher, erguendo uma das sobrancelhas. - Eu não estou me referindo as drogas, se é isso que a senhora está pensando. Eu estou falando sobre coisas que adolescentes como eu precisam. Tipo um celular novo, porque o meu está com a tela completam rachada, ou um tênis novo pós o meu está com um furo na sola. - Disse Lisa, sussurrando ao falar do tênis. - Eu sei que as coisas estão ruins, mas não acho que você precisa trabalhar. Eu realmente quero que você se dedique aos seus estudos. - Disse a mulher. A mulher tinha pavor só em pensar na filha tendo dinheiro livre em suas mãos. A mãe da garota tinha certeza que a filha iria usar todo o dinheiro que ganhasse em drogas. - Eu necessito de um emprego, preciso conseguir dinheiro urgentemente, para poder comprar uma coisa. - Disse Lisa, implorando. - Que coisa, urgente? - Perguntou a mulher, levantando a sombrancelha novamente. - Caramba, eu já disse que não é drogas. - Disse Lisa, começando a ficar irritada. - Mas eu não disse nada. - Falou a mulher. - Mas pensou. - Disse Lisa. A mãe da garota soltou um suspiro, realmente ela tinha pensado em drogas. - Okay, me fale oque você quer de tão urgente. - Pediu a mulher. - Eu preciso de um skate novo, não aguento mais ir até a escola a pé. - Disse a garota. - Eu me lembro oque você fez com o seu skate antigo. - Disse a mulher, julgando a garota. Lisa havia trocado o seu skate, por cigarros de maconha. A jovem se arrependia amargamente daquela troca. - Verdade, pior que os cigarros de maconha, eram de uma qualidade horrível. - Reclamou a garota. - Lisa! - Disse a mãe da garota, chocada com o comentário. A mulher olhava ao redor só para ter certeza de que ninguém havia escutado aquilo. - Okay, desculpa. Eu não deveria ter falado dos cigarros. Eu só queria ter o meu skate de volta. - Disse a garota. - Skates são muito caros, a minha prioridade são as contas de casa, e a nossa alimentação. - Disse a mulher, colocando o último item que faltava no carrinho. - A minha vida é um saco. - Disse Lisa, revirando os olhos. - Sinto muito por você, mas essa é a nossa realidade financeira. Agora aonde está a sua irmã? Nós temos que ir para o caixa, antes que as filas fiquem enormes. - Disse a mulher. - A pestinha está ali. - Disse Lisa, apontando. - Pie, largue esses chocolates! - Disse a senhora Manoban. - Isso mãe, grita mais alto. Eu acho que as pessoas do outro lado do planeta não conseguiram ouvir. - Disse Lisa, sendo sarcástica. - Sem piadas, pegue a sua irmã e faça ela devolver os chocolates as prateleiras. - Ordenou a senhora Manoban. - Okay, a senhora manda e eu obedeço. - Disse Lisa, batendo continência. A mãe da garota detestava, quando a filha ligava o modo debochada. - Ande mais rápido, você está parecendo um zumbi. - Disse a mulher, a filha. Lisa levantou as mãos, imitando a criatura dos filmes de terror. A garota olhou para trás, dando um sorriso para a mãe. A vontade que a mulher tinha, era de jogar uma lata de milho na cabeça da garota, mas provavelmente o conselho tutelar não iria gostar nada daquilo. Lisa se aproximou da sua irmã, segurando um dos braços da mais nova. - A nossa mãe mandou você devolver os chocolates. - Disse Lisa. - Me obrigue! - Disse a mais nova. - Devolve logo, monstrinha. - Disse Lisa, acertando um tapinha na cabeça da mais nova. - Mãe, a Lisa me deu um soco! - Disse Pie. - Lisa, não bata na sua irmã! - Gritou a senhora Manoban. - Ela está mentindo, mãe! - Disse Lisa. - Mentindo nada, sua... - Dizia a mais nova, antes de ter a boca tapada por Lisa. A mais velha pegou os chocolates das mãos da irmã, os devolvendo a prateleira. - Vamos, nossa mãe está chamando. - Disse Lisa, puxando Pie pela mão. - Da próxima vez, eu irei deixar vocês duas em casa. - Disse a senhora Manoban, se referindo as filhas. - Mas eu queria ficar em casa, a senhora que não deixou. - Disse Lisa. - Sem reclamações, vamos logo para o caixa. - Disse a mulher, empurrando o carrinho. Ao virar um dos corredores do mercado, a senhora Manoban acabou batendo em um outro carrinho sem querer. - Me desculpem... - Dizia a mulher. - Tudo bem, não precisa se desculpar, senhora Manoban. - Disse um homem, conhecido. - Pastor Johnson, o senhor por aqui. - Disse a mulher. - Eu vim acompanhar a minha esposa, e a minha filha, nas compras. - Disse o homem, que estava na companhia da sua esposa, a senhora Park. Lisa não acreditava no seu azar, o mercado era enorme, e ela tinha que encontrar logo o pastor da igreja. - Vejo que as suas filhas também estão a acompanhado. - Disse o pastor. - Elas vieram para me ajudar. - Disse a mulher. - Olá, jovens. - Disse o homem. - Olá, pastor Johnson. - Disse Pie, com o seu jeito fofo. Lisa parecia não querer falar com o homem, mas acabou levando uma cotovelada da sua mãe. - Oi. - Disse ela, forçada. A garota odiava como o pastor olhava para ela, como se tivesse com pena ou algo do tipo. A jovem achava que o pastor se sentia o próprio Jesus, achando que poderia salvar todas as almas perdidas da cidade. Lisa se considerava com certeza uma alma perdida, e para o pastor salvar a sua vida com certeza iria render ao homem, a medalha de bom samaritano. Lisa já estava perdendo a paciência com a esposa do pastor. A mulher não parava de olhar para a garota, e a sua família. A jovem notou que a senhora Park, olhava para elas com um olhar de julgamento. Lisa havia percebido que a esposa do pastor, observava os produtos no carrinho de compras. A garota sábia que a mulher, comparava os seus produtos de marca, com os produtos baratos que a sua mãe havia pegado. A jovem olhou para a mulher a encarando, só assim a senhora Park, parou com as suas comparações de preço. - Vejo que vocês não compraram muita coisa, eu também estou precisando economizar. - Disse a esposa do pastor, dando um sorriso. - Realmente, nós estamos economizando esse mês. - Disse a senhora Manoban. Lisa queria bater na esposa do pastor, até o sorriso falso sair do rosto da mulher. A senhora Park, era uma mulher coreana que havia se casado com um homem branco australiano, e por isso se sentia superior aos outros imigrantes da cidade. Para Lisa, a único papel que a mulher exercia na sociedade, era ser a esposa do pastor. A mãe da tailandesa, percebeu que a filha estava irritada. A senhora Manoban, temia que a garota voasse na cara da esposa do pastor. - Mãe, já peguei os morangos que a senhora pediu. - Disse uma jovem loira, colocando as frutas no carrinho da família do pastor. - Rosé, comprimente a senhora Manoban. - Disse o pastor. - Olá, senhora Manoban. - Disse a garota, com uma doce voz. Lisa também não gostava da filha do casal. Ela achava a garota um pouco sonsa. - A sua filha está cada dia mais bonita e iluminada. - Disse a senhora Manoban. - Puxou a mim. - Disse a mãe de Rosé, dando uma risada irritante. Lisa queria poder acertar a mulher, com o carrinho de compras, mas sábia que séria presa se fizesse isso. A tailandesa estava fuzilando a mulher com os olhos, quando percebeu que Rosé a observava. A garota loira olhava para os cabelos curtos e picotado, da tailandesa, e para a sua calça jeans rasgada, e o seu moletom preto. Rosé achava que Lisa era realmente um caso perdido. A garota parecia está mais morta do que viva. A loira julgava a aparência da tailandesa, quando percebeu que a mesma, a olhava com uma expressão nada amigável. Rosé desviou o seus olhos, olhando para o chão. Lisa viu que a filha do pastor tinha a mesma mania insuportável de julgar os outros. - Vamos embora, mãe. Antes que os caixas do mercado, fiquem lotados com gente i****a. - Disse Lisa, tirando o carrinho das mãos da mãe, e o empurrando para longe da família cristã. - Me desculpem, mas nós estamos com um pouco de pressa. - Disse a mãe de Lisa, tentando amenizar a atitude da filha. - Senhora Manoban, eu peço que a senhora continue mandando a sua filha a igreja. O templo estará sempre aberto para recebe lá. Tenho certeza que logo a sua filha, estará liberta, e no caminho da salvação. - Disse o pastor. - Não se preocupe, a Lisa irá frequentar a igreja. - Disse a mãe, de Lisa. A mulher se retirou do local, se dirigido até os caixas. - Meu Deus, essa família deve está passando por cada dificuldades. Vocês viram as compras no carrinho? A filha mais velha deve ter usado todo o dinheiro da feira, para comprar drogas. - Disse a mulher do pastor. - Não julgue, a garota está tentando se libertar desse m*l. - Disse o pastor Johnson. - A culpa deve ser da mãe, que não soube educar a filha. Ainda bem que a nossa Rosé, é um exemplo bom de filha. - Disse a mulher, abraçando a garota. Enquanto isso, no caixa do supermercado. Lisa já estava passado as compras. A garota parecia está muito chateada com os comentários maldosos da mulher do pastor. A jovem odiava aquela imagem de família perfeita, que os Park tinham. De longe a jovem pode ver, a sua mãe, e irmã se aproximando. A senhora Manoban estava com uma expressão séria. Provavelmente a mulher não gostou da formar como a filha se comportou na frente, da família do pastor. - Dá próxima vez, seja mais educada. - Disse a mulher, sussurrando. - Eu não vou ser educada, com pessoas que me julgam. - Disse Lisa. - Se você agir dessa forma, só irá dar mais motivos para que eles te julguem. - Disse a mãe da garota. A jovem odiava quando a sua mãe, dava aqueles sermões. Principalmente quando a garota sábia que tinha razão. - Okay, eu não vou discutir com a senhora. Eu estarei esperando no lado de fora do mercado. - Disse Lisa, se retirando do local. - Lalisa, volte aqui! - Disse a mãe da garota. Mas a jovem ignorou completamente o pedido da mulher. Lisa se sentia sufocada dentro daquele lugar. Ao chegar no lado de fora, a garota respirou fundo tentando se acalmar. A jovem odiava aquela cidade, e as pessoas que moravam nela. Lisa passou a mão sobre os seus cabelos curtos, bagunçando ainda mais o cabelo já bagunçado. A garota se escorou em uma das paredes do estabelecimento, fechando os olhos. A jovem tentava não pensar no dia péssimo que estava tendo. - Cansada, minha jovem? - Ao abrir os olhos, Lisa pode ver o pastor, que estava colocando as compras no porta malas do seu carro. A jovem pensou que o homem só podia está a perseguindo. Talvez ele quisesse testar a paciência da garota. A esposa e a filha do pastor, já estavam dentro do veículo. Lisa notou que a garota loira e a sua mãe, cochichavam sobre algo. A tailandesa deduziu que elas estivessem falando sobre ela. Depois de guardar as compras, o pastor Johnson fechou o porta malas do carro. - Não deixe de frequentar a igreja, estarei esperando por você. - Disse o homem, sorrindo. A vontade que Lisa tinha, e de adiantar o encontro do pastor com Deus. O pastor abriu a porta do carro, adentrando o veículo, se retirando do local. Lisa respirou aliviada, a garota não sábia por quanto tempo iria aguentar, a presença daquela família. - Nunca mais saia do mercado daquele jeito. - Disse a senhora Manoban, surpreendendo a filha com um puxão de orelha. - Aí! Qual o problema da senhora!? - Disse Lisa, massageando a orelha, que ardia. - O meu problema é você. Agora pare de reclamar, e ajude a mim, e a sua irmã a levar as compras. - Disse a mulher, dando as sacolas pesadas, para a filha carregar. - Não é justo, a Pie está carregando apenas o papel higiênico. - Reclamou Lisa. - Ela é mais nova e menor, não pode carregar muito peso. - Disse a senhora Manoban. Lisa revirou os olhos irritada. A garota de cabelos curtos, saiu bufando levando as sacolas de compras. Lisa resolveu ficar em silêncio, o percurso todo de volta para casa. A garota estava irritada demais para conversar. O sol de Melbourne parecia está mais quente que o normal. A garota sentia que teria uma insolação ou algo do tipo. - Mãe, eu poço tomar uma das caixinhas de suco? - Pediu Pie. - Claro que pode, queria. - Disse a senhora Manoban. Pie correu em direção a Lisa, vasculhando as sacolas que ela levava, até encontrar as caixinhas com suco. - Me dá um pouquinho? - Pediu Lisa, a irmã. - Não. - Disse Pie, furando a caixinha de suco, com o canudo. - Mãe, a Pie está negando um gole de suco. - Disse Lisa. - Pie, de um gole para a sua irmã. - Disse a mãe das garotas. - Toma. - Disse Pie, esticando a mão, oferecendo o suco para sua irmã mais velha. - Minhas mãos estão ocupadas, coloca o canudo na minha boca. - Disse Lisa. - Folgada. - Sussurrou Pie. - Monstrinha. - Sussurrou Lisa. - Eu estou ouvindo. - Disse a mãe das garotas. Lisa se apressou a tomar o suco, pós estava morrendo de cede. - Mãe, a Lisa bebeu quase todo o meu suco. - Reclamou a mais nova. - Pegue outro suco, só não briguem por favor. - Disse a senhora Manoban. Apesar das diferenças e brigas que tinha com a sua mãe e irmã, Lisa não saberia como séria a sua vida sem elas ao seu lado.
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