Desde que tinha dezessete anos minha prioridade foi o trabalho, começar uma vida como a minha tão jovem mudou minha perspectiva de vida e do que significava felicidade. Fazem oito anos que vivo sob uma vida dupla, quase sempre no lado obscuro e sem ninguém com quem contar, sentia falta da minha família, minhas irmãs.
- Tudo bem? - perguntou Jesse quando saímos do elevador e eu o olhei distraída.
- Sim - respondi firme.
- Porque Jessica ficou com o Parker? - perguntou. Entramos no carro e dei partida.
- Quero passar um caso com cada um de vocês, quero ver como agem o caso inteiro e vocês precisam conhecer seus colegas também. - falei rápido e ele me olhou desconfiado. - Seus pais não moram aqui? - perguntei puxando um assunto, mesmo já sabendo a resposta.
- Moram no Oregon. - respondeu e parei o carro em frente ao hotel.
- A esposa de Parker também é de la, não? - perguntei e ele assentiu.
- E seus pais? - perguntou e eu o encarei por um breve momento.
- Estão longe, não os vejo a muito tempo. - forcei um sorriso e descemos.
Entramos no hotel, nos identificamos para o recepcionista e só depois nós passou informações de Olsen, bem como uma cópia do cartão de acesso do quarto dele.
Subimos até o quarto dele e entramos, estava tudo normal, bem arrumado e não tinha nada suspeito, ao menos era o que parecia.
Casos como esses eram tão comuns quando entrei na agência, ainda queria saber porque o diretor geral queria a mim e minha equipe neste caso. Era curioso já que tivemos certos problemas no passado, mas confiava em Harrison e aceitei de bom grado por ele.
- Conhece o diretor geral? - perguntou Jesse me tirando dos meus pensamentos.
- Sim. - respondi e ele me olhou.- Tivemos algumas desavenças no passado.
- Porque acha que nos chamou? - ele voltou a vasculhar as gavetas.
- Também gostaria de saber. - respondi pensativa.
Me abaixei para olhar debaixo da cama e Jesse tinha feito o mesmo, nossos olhares se cruzaram e senti meu rosto começar a ficar quente, puxei a mala rapidamente e joguei sobre a cama. Abrimos e tinha uma bolada de dinheiro, contamos os maços e dava 150 mil reais.
- No que acha que estava envolvido? - perguntou Jesse e olhei para parede.
- Existe uma probabilidade alta de que estava passando informações confidenciais. - tinha um pequeno buraco na parede, era quase imperceptível.
- Mas ele, no cargo em que estava, não teria informações que poderia ser pago muito mais? - continuei me aproximando da parede enquanto Jesse falava. Dava para ver o quarto ao lado, foi o tempo que puxei meu rosto que enfiaram uma faca pelo buraco quase acertando em mim. - Mas que m***a… - o interrompi.
- Vai pelo corredor. - falei indo até a janela e tinha um já pulando.
Sai pela janela e me segurei nas grades, o cara parecia fazer parkour com a facilidade que pulava de uma janela para outra, descendo alguns andares. Pouco mais de um metro tinha um cano que ia até o chão, com dificuldade consegui chegar até ele e desci deslizando.
O homem começou a correr assim que pisou no chão e eu fui atrás, as pessoas na rua corriam de nós ou se jogavam no chão, puxei minha a**a e acertei o ombro, ele continuou correndo e disparei mais uma vez acertando a perna. Me aproximei dele e o mesmo gemia de dor no chão.
- Quem é você? - sussurrei e puxei seu capuz. - m***a.
- Você ficou maluca? - perguntou Jesse assim que me alcançou e eu o ignorei completamente.
- Como vai? - perguntou o homem com um sorriso sarcástico no rosto.
***
- Vai nos contar quem é ele? - perguntou Jesse impaciente depois de quase uma hora que retornamos a sede do FBI.
- Alguém que não deveria estar aqui - disse Harrison. - Aliás, sério que com essa chuva pulou uma janela? - perguntou me encarando sério e eu olhei f**o para Jesse.
- Quer contar com quem transei ontem a noite também? - perguntei furiosa para Jesse que não me olhou nos olhos.
- Acho melhor todos respirarmos um pouco - disse Parker. - Quem é o homem?
- Austin McMilan, serviu com a Alice e foi dispensado do exército depois de ser descoberto.
- Descoberto o que? - perguntou Jessica.
- Contrabandista armas militares - respondi ainda furiosa.
- Ele era um dos seus? - perguntou Matthew e eu assenti. - Vocês nunca mais souberam dele depois da dispensa?
- O monitoramento ficou a cargo do exército, por um tempo conseguiram até McMilan perceber que estava sendo vigiado e desapareceu. - disse Harrison.
- E porque estaria envolvido com McMilan? - perguntou Parker.
- Eu não sei - Harrison e eu respondemos.
- Kyera e Matthew podem ir até a central e ver se conseguem a ficha de Olsen e McMilan. - os dois assentiram e saíram. - Jessica e Parker interroguem ele.
- Porque você não? - perguntou Parker.
- Ele jamais falaria comigo - respondi.
- Ele culpou Alice pela dispensa. E olha que ela já era comandante dele. - completou Harrison.
- Certo, vamos - disse Jessica que saiu acompanhada do Parker.
- Preciso ligar pro diretor e atualizar ele, um dos nossos peritos está analisando o dinheiro. - apenas assenti e ele saiu.
- Você está ensopada. - disse Jesse e eu o olhei f**o.
- Você também. - falei séria. - Vem.
Fomos até o vestiário dos alunos, tinham roupas novas para usarem sempre que precisassem de uniforme novo ou roupas de disfarce, entreguei uma muda para Jesse e peguei uma para mim. Entrei no banheiro feminino e troquei de roupa, vesti do uma calça legging e um moletom preto, quando sai Jesse ainda estava sem camisa.
Tinha visivelmente uma cicatriz no seu abdômen perfeitamente esculpido, e outra três nas costas e todas pareciam ter sido provadas por faca.
Assim que ele se vestiu passei por ele e fiquei na sala de espera pensando em todos os fatos que tínhamos, nada era conclusivo, nem ao menos fazia sentido. Olsen não seria tão burro de deixar as coisas tão a vista, ele era importante demais e tem treinamento, sabia como esconder provas, as coisas se pareciam ainda mais como armação.
- O que está pensando? - perguntou Jesse que estava parado na porta.
- Tudo fede a armação.
Levantei e corri até a sala onde Olsen foi encontrado, parei ao centro dela, de onde o suposto atirador estava. A forma como Ondel tomou o tiro, o buraco de entra e saída não condiziam com as posições, o colocaram na cadeira atrás da mesa para parecer que estava ali.
Os peritos já tinham levado a maioria das coisas da sala para análise, só teríamos resposta ao final do dia.
- O que esta acontecendo? - perguntou Jesse impaciente.
- Olsen foi acertado pelas costas, a altura dos tiros - falei levantando a a**a e morando. - ele teria que estar de pé.
- Foi pego de supresa - completou Jesse parando ao meu lado. Apenas assenti. - Ele confiava na pessoa que o matou.
- Ou o conhecia só. - falei. - Seria uma lista enorme.
- Kyera e Matthew analisaram a lista do pessoal que entrou e saiu, ninguém estranho. A segurança foi desativada às nove horas.
- Quer dizer que o assassino pode estar nesse prédio o tempo todo.
- Mas qual seria a razão? Porque executar Olsen?
- Não sabemos quem atirou, quando soubermos, provavelmente saberemos os motivos.
- Acho que a gente forma uma boa dupla. - disse Jesse e eu o encarei rápido.
- Talvez.
Respondi e tornei a olhar a sala ao redor, procurando alguma prova que podíamos ter deixado passar. Mas era complicado se concentrar com Jesse parado ao meu lado, com a respiração calma, o perfume marcante que usava e aumentava meu d****o de beijar ele ali mesmo.