O Sequestro Parte 2

1425 Words
Juan ficou me olhando de uma forma que me deixou muito sem jeito, não gostava quando ele me olhava assim. E enquanto nos olhávamos, Nico apareceu, nos surpreendendo. Ah, ele estava com uma cara tão abatida, o seu olhar estava muito triste, e me doía muito vê-lo assim. Juan deu espaço para Nico, que sentou ao seu lado. - Alguma novidade? - Perguntei. - Não. - Falou tristemente. - Eu estava falando pra Mar que eu pensei em dar uma festa aqui, daí vou cobrar a entrada e tudo o que eu conseguir, vou te dar. - Oh, garoto. - Abraçou o mais novo. - Obrigado. Eu queria muito dizer que não precisa, mas realmente estou precisando muito, estou desesperado. - Eu também vou fazer algo para ajudar, até tenho uma ideia, mas é segredo. - Falei. - Obrigado, meninos. - Pegou em nossas mãos. - Vocês são incríveis mesmo. - Se virou para mim. - E você Mar, chegou há pouco, m*l nos conhece, nem precisava. - Mas eu quero. O Tomás é apenas uma criança e as crianças não mereciam passar por isso. E você é uma pessoa tão boa, não é a toa que todos te amam. - Ele sorriu meio sem graça. - Você é como um pai pra todos aqui, e é o mínimo que podemos fazer. - Obrigado. - Deu um beijo em minha mão. Me levantei e abracei o homem. Juan também o abraçou, e pude ver um leve sorriso se formar nos lábios do mais velho. É, eu não o conhecia há muito tempo, mas desde a primeira vez que o vi, senti algo bom perto dele, eu não sei explicar direito o que eu sentia perto do Nico, mas era uma sensação estranha, era como… Eu nunca tive um pai de verdade, então não sabia direito como era ter um, mas sei lá, quando eu estava perto do Nico era como se eu estivesse perto do meu pai. Nico mandou Juan e eu irmos para nossos quartos, pois já estava tarde e precisávamos dormir. O garoto e eu obedecemos a ordem do mais velho. Entrei em meu quarto e logo avistei Euge dormindo. Sorri ao ver a loira, era muito bom ter uma amiga. Deitei em minha cama e pouco depois acabei dormindo, pois estava ansiosa para o dia seguinte, pois queria falar para os meus amigos a ideia que eu tive para ajudar o Nico e o Tomás. (...) - Que ideia genial! - Falou Gastón assim que eu contei para eles. - E com isso podemos arrecadar um dinheiro legal para dar para o Nico. - Disse Tato. - É, fizemos sucesso com as nossas apresentações. - Disse Euge super empolgada. Fui com Gastón, Euge e Tato até uma praça, onde cantamos várias músicas, acho que nunca havíamos cantado tanto assim, e as pessoas estavam amando. Em uma certa canção, Euge cantou a parte dela, e enquanto a loira cantava, eu avistei Juan, o que fez eu ficar sem reação e acabei me perdendo na coreografia, e para piorar, Juan me viu e também ficou imóvel enquanto a gente se olhava sem reação. m***a! Acho que tinha dado r**m, pois com certeza ele contaria para o papai dele. Gastón me cutucou, pois estava na minha parte, e então eu cantei o meu solo. - ’’Eu te dou o mue coração, porque vai cuidar melhor dele’’. Eu cantei sem tirar os meus olhos do garoto, que vinha em nossa direção. Percebi que meus amigos também o avistaram. E para minha surpresa, Juan parou ao meu lado e cantou a parte seguinte. - ’’Tudo o que vivemos não se pode terminar’’. O garoto cantou a sua parte sem tirar os olhos de mim, e depois cantou conosco o refrão da música, e ainda tentou imitar a nossa coreografia. Confesso que me surpreendi muito com Juan, e ele cantava tão bem, não imaginava que tivesse uma voz tão bonita. Após terminarmos a música, o garoto logo disse: - Eu não sabia que vocês têm uma banda. - Banda? Bom… Não é bem uma banda. - Falei ao coçar a nuca. - É, na verdade fizemos isso pra conseguir um dinheiro pra ajudar o Nico. - Disse Tato. - Isso. A Mar teve essa ideia e a gente gostou. - Falou Euge. - Que lega!! Ótima ideia, Mar. - Disse Juan, fazendo Gastón revirar os olhos. - Eu posso cantar com vocês? - Não precisamos de mais gente, dois casais já são suficientes, até porque se formos cinco, um sempre sobrará nas coreografias. - Disse Gastón. - Ah, por mim, não tem problema. É que… Eu… Bom, eu sempre curti cantar. - Ai Gas, não seja chato. - Disse Euge. Logo se dirigiu para Juan. - Claro que pode cantar com a gente, sim. Mas só tem uma coisa, o Bernardo e a Júlia não podem nem sonhar. - E acha que vou ser maluco de contar? Meu pai diz que eu posso ser tudo menos artista, pois não dá dinheiro. - Revirou os olhos. Confesso que fiquei bem aliviada com isso, pois quando eu avistei Juan fiquei com medo que ele pudesse contar pro Bernardo ou pra Júlia, pois daí estaríamos lascados, receberíamos um belo castigo e certamente, eles nos proibiram de cantar. O garoto cantou mais algumas músicas conosco. Gastón não gostou nada disso, sei lá o porquê dele ter toda essa implicância com Juan, ok que ele não era a pessoa mais incrível do mundo, mas ele até que era meio legal, tipo, tinha o seu lado bom. Após terminarmos as nossas apresentações, voltamos para o abrigo, contamos tudo o que havíamos arrecadado naquelas horas, e não era um valor muito alto, mas já ajudava, ao todo, tínhamos feito quase 600,00 em umas 4 ou 5 horas. E fomos imediatamente, entregar o dinheiro para Nico. O homem estava em seu quarto. Tato bateu à porta e ele logo nos deu permissão para entrar, e assim que entramos vimos que ele não estava sozinho, pois estava muito bem acompanhado por Lupita, Matteo, Flor e Nano. - Vejo, que você tem companhia. - Falei. - A gente passou o dia vendendo limonada aqui na frente para conseguir dinheiro pra ajudar no resgate do Tomás. - Falou Flor cabisbaixa. - Não é muita coisa, mas foi o que conseguimos. - Hey, isso é coisa de gente grande, não quero vocês metidos nisso, vocês são crianças, precisam brincar e não se preocupar com os problemas dos adultos. - Disse o mais velho. - Mas o Tomás é o meu melhor amigo. - Disse Flor. - E como podemos brincar, sendo que nosso amigo está sei lá onde? - Disse Matteo. - Aceita Nico. - Pediu Lupita. O homem parecia pensativo e receoso. - Por favorzinho. - Ok, eu aceito, mas só se vocês me prometerem que não farão mais isso. Não quero vocês metidos nisso. - Ok! - Falaram contrariados. Logo, os mais novos saíram do quarto do homem, e nós nos aproximamos dele, que ficou em silêncio enquanto aguardava a gente falar algo. - Bom, a gente também quis fazer algo para ajudar. - Falei. - Não é muito, mas já ajuda. - Estiquei o dinheiro para o mais velho, que olhou surpreso. - Meninos… - Pegou o dinheiro. - Onde conseguiram tudo isso? - É segredo. - Disse Euge. O homem nos olhou desconfiado. - Mas não se preocupa, não fizemos nada ilegal. - Menos m*l. Eu não devia… Mas… Estou com o tempo contado, o meu filho… - Começou chorar. Acho que era a primeira vez que eu via Nico chorando, pois ele sempre era tão alto astral, engraçado e divertido, sem falar que estava sempre de bom humor e sempre tinha uma palavra de consolo ou incentivo, e eu achava isso incrível, mas vê-lo tão triste e fragilizado, doeu muito. - Está tudo bem. - Falei. - E eu sei que logo você estará com o Tomás de novo. - Obrigado. - Me deu um beijo no rosto. Em seguida, todos nós o abraçamos. Ah, eu estava torcendo para isso acabar logo, e para o Tomás voltar logo pra casa. Juan disse que à noite daria uma festa no abrigo para arrecadar mais dinheiro para ajudar no resgate, e nos disse que já havia convidado toda a sua escola, e que todos haviam confirmado presença. Ah, confesso que eu não estava muito empolgada pra essa festa, pois provavelmente iriam aqueles amiguinhos do Juan, o Márcio e a Dolores. Ah, esperava não me esbarrar com eles.
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