As vezes as horas pareciam não passar nesse sótão, era tão entediante, chegava a me dar sono.
Nano começou a passear pelo local (creio que por conta do tédio) e abriu uma gaveta de uma escrivaninha, onde ele avistou papéis, canetas e lápis.
- Hey, o que vocês acham da gente jogar Stop?
- Ah, eu adoro esse jogo. - Disse Lupita.
- Como é isso? - Perguntei.
Gastón me explicou como era a brincadeira, e parecia legal e divertida, acho que seria maneiro jogar com eles, mas…
- Ah, fica pra uma próxima. - Falei. - Mas quero ver vocês jogando.
Eles começaram a jogar, porém Lupita jogou com Gastón e Matteo jogou com Tato, pois como eles eram pequenos precisavam de ajuda. E pareciam estar se divertindo bastante, queria estar jogando com eles.
E assim que ouvimos passos, todos guardaram as canetas e os lápis e esconderam os papéis em seus bolsos, e agimos como se nada estivesse acontecendo.
Bernardo entrou sério (como sempre), nos encarou em completo silêncio como se estivesse procurando por algum erro nosso. Porém, em seguida, ele disse:
- Vamos!
Nos levantamos e voltamos para o abrigo. Assim que entramos, avistei Nico falando com alguém no telefone, e estava aflito, Emilia tentava tranquilizá-lo, enquanto Flor estava sentada em um degrau da escada, abraçada em Júlia.
- E aí, alguma notícia do meu amigo? - Matteo perguntou preocupado.
- Ele foi sequestrado. - Disse Emilia nos deixando apavorados. - Mas vamos encontrá-lo.
Lupita abraçou o irmão, e Matteo correu para o colo de Emilia, enquanto Euge, Gastón, Tato, eu e Nano nos abraçamos. Nico desligou a ligação, e disse que estava falando com a polícia, que estão investigando o caso, porém, ainda não há nenhuma notícia.
Logo Gimena desceu das escadas, chamando por Nico, e o informou que havia conversado com o marido de uma amiga que é delegado, e prometeu que encontraria Tomás o mais rápido possível, e nisso, o celular do homem tocou. Nico atendeu rapidamente, estava muito nervoso.
- Oi. Sim, sou eu. - Falou o homem super aflito. - Sim, estou ouvindo. Aham. Ai, meu Deus! E como ele está? Por favor, não o machuquem. O que vocês querem? Ah, m***a! Ele desligou.
- Era o sequestrador? - Juan, que recém havia chegado da escola, perguntou.
- Era.
Emilia fez menção em se aproximar de Nico, porém, Gimena foi mais rápida, e perguntou:
- E o que ele disse?
O homem nos contou que o sequestrador havia dito que o garoto estava bem, por enquanto, e que não havia tocado em nenhuma madeixa loura do menino, que ele não disse muita coisa, e falou que não era pra gente envolver polícia nisso porque senão o garoto pagaria com a vida.
Cara, eu estava incrédula, como uma pessoa pode s********r uma pobre criança indefesa e que não faz m*l pra ninguém? Isso não entra na minha cabeça. Ah, confesso que eu estava com muito medo, sabe se lá o que poderiam fazer com o coitado do menino. Eu não o conhecia muito bem, mas dava para ver que ele era um doce de criança, e tinha… Quer dizer… E tem um sorriso tão contagiante, ah, tomara que ele volte logo pra casa e para o seu pai que está sofrendo muito.
Ah, Nico disse que estava com medo de envolver a polícia, já que o sequestrador falou para ele não fazer isso, Emilia disse que ele deveria fazer isso, sim, porém, Gimena disse que achava que não era uma boa ideia envolver a polícia nisso, e eu não sabia o que pensar, só torcia para dar tudo certo e para o pequeno Tomás voltar logo.
Ah, eu queria tanto poder fazer algo para ajudar a achar a criança.
Matteo, Lupita, Flor e Nano saíram em direção ao pátio e eu fui para meu quarto e fui seguida por Euge, Gastón, Tato e Juan. Nos sentamos nas camas, e não falamos nada a princípio, estávamos em clima de enterro.
- Acham que ele vai aparecer? - Euge perguntou.
- Hey, é claro que vai. - Disse Tato, se pondo a abraçá-la. - Logo, logo, ele estará de volta. Você vai ver.
- Tomara! - A loira deu um falso sorriso.
Eu queria muito poder fazer alguma coisa, tanto Nico como Tomás, não mereciam passar por isso, eram pessoas muito boas, por que só as pessoas boas sofrem? Isso não é justo.
(...)
Era mais de 1h e eu não conseguia dormir, então resolvi ir à cozinha para beber algo. Me sentei à mesa enquanto tomava um pouco d'água, porém, pouco depois, Juan apareceu para minha surpresa.
- Também não conseguiu dormir? - Perguntou.
- Aham. Daí resolvi vir beber algo. E você?
- Também.
Se serviu um pouco d'água e sentou em minha frente.
- O Nico disse que o sequestrador pediu resgate.
- Sério? De quanto?
- 1 milhão.
- O quê? E o Nico tem tudo isso?
- Claro que não. Mas ele falou que tem metade, e o sequestrador deu 48 horas pra ele conseguir o valor. Estou pensando em organizar uma festa aqui, dai posso cobrar a entrada e tal, e tudo o que eu arrecadar, vou dar pro Nico.
- É uma ótima ideia! Vou pensar em algo também para ajudar.
- Legal! - Sorriu meio tímido. - O Nico é um cara incrível, é como o meu segundo pai, e o Tomás é como meu irmão, e eles merecem toda a ajuda do mundo.
- E logo, ele terá o filho de volta.
- Amém! - Deu um triste sorriso.
Fiquei olhando-o, era muito fofo a forma que ele falava do homem e da criança, e dava para ver que o garoto estava visivelmente triste, confesso que doeu vê-lo assim.
Ah, e eu acho que já sabia como ajudar…