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Conexão (Morro)

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Qual o sentido da vida quando não se tem amor? Qual a sensação de ser amado? Essa terrível dúvida era o que perseguia Freya, uma garota humilde, que foi criada apenas com a mãe que era uma pessoa de má índole. Após vários traumas sofridos, Freya decide que é hora de sair de casa e arranjar um emprego, foi então que se mudou para o bairro da Tijuca, onde logo se acomodou em uma república e conseguiu um emprego de garçonete em um restaurante chique. Enquanto isso, Jamerson tentava manter o equilíbrio do morro onde mandava e desmandava, mas ele seria capaz de conseguir conquistar o coração de Freya com seus controles absurdos? Bom… será que ele ao menos consegue amar alguém?

Jamerson, era um homem frio e sem sentimentos, mas ele não era tão r**m quanto parecia ser. Mas, quem seria a corajosa e enfrentar sua irá, principalmente em dias de corre?

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Capítulo 1 — Baile no Morro
Freya Apesar de levar uma vida simples, eu agradeço todos os dias por ser independente. Não havia nada melhor que poder viver em paz, sem alguém te humilhando todo o tempo e cobrando de você coisas quase impossíveis. Tentava fugir dos problemas quando estava no trabalho, ao menos Ísis sempre estava lá pra dar aquela animada em geral que não estava em bom dia ali. — E aí, gatinha, tem planos pra hoje a noite? — Ísis perguntava me cutucando com a ponta do talher. — Você sabe que eu não ando pegando nem gripe, jura que vai insistir nisso? Se quer saber, eu prefiro assistir séries de comédia romântica, do que ter que socializar. — O pano que ela lançou bateu em meu ombro e ela fez cara de triste, como aquelas crianças birrentas. — Hoje tem baile… só sei que você tá perdendo de não ir comigo. Sabia que existe uma primeira vez pra tudo? — Ísis era cria no complexo do alemão, embora ninguém dissesse que isso era verdade. — Eu não sei se isso vai ser uma boa ideia, é se não me deixarem entrar? — As pessoas sempre estavam comentando sobre as atrocidades que aconteciam por lá, e eu não vou negar que sou medrosa e tinha medo de morrer bem no dia em que eu fosse. — Esqueceu que eu morei lá, que minha família ainda moram lá? — Eu não tinha nada a ganhar, mas também não tinha nada a perder se fosse, então… — Ótimo. Quando a gente sair daqui vamos pra casa rápido, precisamos curtir o máximo hoje. — Apenas concordei e voltamos para o trabalho. Morávamos na mesma república, mas ela tinha suas raízes mantidas no Morro, onde sua família morava até hoje. O corre corre me deixava nervosa, o atendimento ao público era algo que mexe com a mente de qualquer inquilino, basta ele saber se vai lidar com isso ou não. No momento, eu já estava quase enlouquecendo e morrendo de cansaço. Depois de quase três horas, os pedidos começaram a diminuir, tornando o trabalho um pouco mais tranquilo. — Finalmente chegou a nossa hora. — Ísis resmungava deitando a cabeça em meu ombro e me olhando ladinho. — Vamos? Nosso turno havia acabado, mas eu precisava fazer horas extras, porém, também merecia um pouco de diversão. Tiramos o avental numa velocidade absurda, saímos felizes e correndo até o ponto de ônibus, para nossa sorte um já se aproximava. Pensei que a gente iria se arrumar onde estávamos morando, mas não, era na casa da sua mãe e isso só me deixou ainda mais nervosa. — Não esqueça do pijama e da envolva de dentes, vamos dormir na casa da minha mãe essa noite, sem condições da gente voltar bêbadas e sozinhas. Aliás, você já foi em algum baile de favela alguma vez? — Nunquinha. — Na maior serenidade eu respondi, mas por dentro, só eu sei como estava a minha mente. — Tem algum alerta que queria me dar antes que a gente esqueça do importante? — Não aceite bebida de ninguém, beba somente a que eu te dê ou a que você pegar, ok? As vadias vão sempre se sentir a última bolacha do pacote, sempre que tiver a oportunidade de colocar uma em seu lugar, coloque. Não se deixe levar pelo que eles disserem, não sei o que usam, mas são muito bom de lábia. Ah, o baile de hoje é privado, é comemoração da liberdade de um irmão que foi solto ontem. — É, analisando bem, até que não parece ser tão r**m. — Então, eu devo me preocupar com isso? — Perguntei receosa, mas sem pensar em desistir. — Por que deveria? Está ao lado da irmã de Jamerson. — Quem diabos era Jamerson? E porque isso era importante agora? — Quem diabos é Jamerson? — Estava estampada na minha cara o tamanho do meu medo. Ela me mostrou algumas fotos dela com o irmão e, não poderia negar que o miserável era um gato, mas literalmente não era pra mim, imagina… Ísis estava impaciente, seu celular não parava de tocar, era o seu namorado querendo saber onde ela estava e com quem estava. O cara era um babaca. Chegamos lá bem no momento em que havia acabado de começar a chover. Na entrada do Morro eu via cenas curiosas e duvidosas, vários homens armados na entrada, segurando fuzis como se fosse a coisa mais natural e leve do mundo. Ísis andava tranquilamente, afinal, era anormal para mim. — Quem é a novinha gostosa? — Senti um arrepio percorrer minha espinha quando o cara veio se aproximando demais de mim. — Cai fora, Dan. — Ísis o empurrou para o lado e me puxou pela mão. — Não liga, em todo lugar tem desses. — Ela seguiu puxando minha mão lareira acima. Enfim chegamos, após subir as ladeiras que parecia não ter fim. A casa era simples, mas muito confortável. Do alto do morro dava pra ver muitas coisas bonitas, embora a realidade ali debaixo fosse confusa. — Ísis? Você nem me avisou que ia vim hoje, sua p*****a. — A voz masculina aveludada era de um rapaz que havia acabado de chegar e quando me viu, me olhou de cima a baixo com um olhar de reprovação. — Você é…? — Freya, esse é o Will. Will, essa é a Freya, minha vizinha e colega de trabalho. Trouxe ela pra ir no baile comigo hoje, ela é meia solitária e essa é a primeira vez dela aqui. — Ambos riram e ele me cumprimentou, mesmo com desconfiança. — Ok… o que vai vestir, gatinha? Posso te ajudar se quiser, eu sempre faço o cabelo dessa p*****a aqui. — O tal Will, deu um tapinha no ombro de Ísis, que sorriu com aquilo. — Eu trouxe um vestido, um tênis e… — Ísis me olhou incrédula e Will balançou a cabeça, como se tivesse infringido algo muito grave. — É… vamos ter que nos apressar um pouco. — O comentário de Will me fez pensar melhor no que eu vestiria, se era pra se divertir, que fosse bonita ao menos… Jamerson Ísis e a maldita mania de trazer outras pessoas sem avisar, o último cara que veio com ela, quase me colocou atrás das grades de novo. Pedi aí Will que fosse ver quem era e qual era a dela, enquanto ele não voltava, eu fui trocar ideia com meu mano, hoje a comemoração era por sua soltura. Descia Morro abaixo quando trombei com Alice, seminua, com os cabelos soltos e mais torta que meu p*u. — E aí, qual vai ser esse baile hoje? Tá me passando pra trás? Você me disse nada, qual é, Boca? — Qual é o que, parceira? Eu já te disse pra largar do meu pé, eu já te comi e você já teve o que queria, agora vaza daqui. — Você vai me esculachar mesmo? Quero ver onde vai encontrar uma mulher igual a mim, que sempre esteve contigo, independente… — Conta outra… você deu pra geral quando eu fui preso, sorte sua que você não era nada minha, ou ia tá a sete palmos do chão agora. — Olhei firme na cara dela, até que ela saiu rebolando e olhando para trás, com ódio. Cheguei no meu barraco e tinha muitas coisas pra resolver ainda, f**a que a Ísis quando me ver não vai sair do meu pé, e eu não faço nada com ela em vista. Não quero que ela seja igual a mim, ela pode vir aqui e curtir, mas no outro dia tem que ir embora. — Fiquei sabendo que tua irmã tá aqui… e com uma novinha. — Sete dizia com um maldito sorriso no rosto. Sete era chamado assim porque levou sete facadas no peito e no pescoço e sobreviveu, tem às sete cicatrizes bem visível, o que atrai as minas que gostam disso, mas ele era ligado mesmo na minha irmã. Ele sabe que seria um cara morto se tocasse nela, por isso, ficavam só trocando olhares. — Quer dizer então que é uma garota? Ísis agora tá com amizade com mulher? Que bacana. — Ela era do tipo que julgava as pessoas e tinha muita tretas com as mina do morro, por isso, seu círculo de amizade só tinha homens. — E a novinha não é de se jogar fora não. Parece ser postulada, certeza que não é daqui. — Ele acendeu um cigarro e foi fazer seu trabalho, confiscar as balanças e ver se estavam todas boas. Respirei fundo e ansioso, não sabia o que a noite esperava de mim, mas tô com a sensação de que essa noite vai ser f**a. Ao menos espero que minha irmã me apresente a sua amiga, que por sinal, é uma gostosa. — Vamo, Sete. Agiliza essa p***a logo. — A sensação era de que eu ia gaguejar a qualquer momento quando a gostosa ao lado de Ísis falasse comigo. Ela não era alta, nem tinha muita nunda e nem peito, mas era bonita e sabia ser sensual, mesmo que não quisesse. O vestido preto brilhoso, que com certeza foi ideia de Ísis, estava colado ao seu corpo. Seus saltos vermelhos bem finos e altos, que ela conseguia se equilibrar perfeitamente em cima daquilo, impressionante. — Oi, senti sua falta! — Ísis pulou em meu pescoço, me abraçando forte, ela era pegajosa demais. — Trouxe Freya comigo, eu sei que era coisa sigilosa, mas ela é da minha confiança. — Ísis não era fácil de ser enganada, ela sabia bem escolher suas amizades, embora seu namorado fosse um o****o. — Tudo bem! Bora nessa. — Chamei e ela continuou parada lá, eu sabia o que ela queria, porém não estava disposto a ceder. — Sete tá aí dentro, não é? Vamos esperar ele, assim Freya conhece ele também. — Trouxe a novinha pra apresentar o pessoal? O que ela faz, programa? — Não seja i****a, Freya não se compara a essas, lave sua boca e me respeite, por favor. — Eu nunca destratava Ísis, não tivemos uma infância boa e eu vi ela ser submetida a coisas horríveis, enquanto eu estava amarrado, impossível de ajudá-la. Seus olhos cheios de lágrimas era a única coisa no mundo que me deixava triste. — Desculpa, eu não quis dizer isso. — Antes de entrar e ajudar o Sete, olhei rápido pra ruiva e vi sua cara de sem graça, que merda.

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