No alto da torre mais antiga de Avalon, onde os ventos eram cortantes mesmo no verão, Aldora observava. A janela larga deixava entrar o som abafado do castelo abaixo — os gritos dos soldados, o estrondo do dragão, os rumores nervosos que se espalhavam como praga. Mas a rainha não ouvia o caos. O que lhe interessava estava bem à sua frente, no pátio de pedras escuras, onde o dragão prata havia pousado… e se curvado. Não por dor. Mas por ela. A humana. Aquela garota de rosto comum e corpo disforme que havia chegado trazida por Kael como quem traz um fardo. Aldora se recostou na poltrona esculpida em ossos de criatura marinha. Os olhos, tão escuros quanto petróleo cru, se estreitaram enquanto o sorriso se formava, devagar, como veneno escorrendo da taça. Ela viu o momento exato. Isabel

