Aquilo que ninguém vê

1113 Words

O vinho do rei tinha gosto de frutas escuras e lembranças antigas. Isabela sentia o calor subir pelo pescoço, aquecer o peito, derreter a rigidez que carregava desde que atravessara o portal. Kael recostou-se à parede de pedra da caverna, o olhar fixo no fogo, a garrafa passando de mão em mão entre os dois. O silêncio agora não era desconfortável. Era espera. Ela girava a garrafa entre os dedos, hesitando. Depois respirou fundo. — Minha mãe... ela odiava ter uma filha como eu. Kael ergueu os olhos devagar. — Como assim? — Ela dizia que eu era um erro — respondeu, sem rodeios. — Que nenhuma mulher gorda conseguiria ser amada de verdade. Que eu tinha que mudar, que envergonhava a família. O som do fogo preenchia os espaços entre as palavras. — Me fazia ficar na frente do espelho duran

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