Capítulo. 01
Grayson................
Meu telefone está pressionado no meu ouvido enquanto eu corro pela casa, tentando sair pela porta a tempo. A voz de Juniper é uma presença constante do outro lado, seu tom cortante, mas profissional como sempre. É o que eu preciso agora — alguém que possa cortar o barulho dos meus pensamentos e me manter no caminho certo.
"Juniper, preciso que você adie a reunião de Markham em trinta minutos. Não, esqueça isso — marque uma hora."
"Sim, Sr. Harrington," a voz ansiosa de Juniper gorjeia pelo alto-falante. "Eu vou cuidar disso agora mesmo. Precisa de mais alguma coisa?"
Eu reprimo um suspiro, apertando meu maxilar. "Só garanta que tudo o mais continue nos trilhos. Não posso me dar ao luxo de mais atrasos hoje."
“Acabei de confirmar suas reuniões para a tarde. Você tem uma hora antes da ligação com Kensington, e marquei uma ligação com Elliot Burman para as duas e meia. Está tudo definido, Sr. Harrington. Só não se esqueça de assinar o novo contrato antes de entrar. É urgente.”
"Eu cuido disso", digo a ela, pegando minhas chaves da mesa perto da escada. Meus pensamentos estão correndo pelas tarefas do dia, priorizando, organizando, mas nada disso parece importar quando não consigo encontrar a única coisa de que preciso: tempo.
Quando estendi a mão para alcançar a maçaneta da porta, fui interrompido por mais um atraso.
“Mestre Harrington,” Douglas diz, sua voz tão seca quanto o deserto. Ele está ali, segurando uma carta em uma mão, sua testa franzida. Ele não é de fazer teatro, mas o olhar severo em seu rosto imediatamente chama minha atenção. “Você pode querer ver isso.”
Pego a carta, com uma sensação de aperto no estômago. Minha mente ainda está meio concentrada nas atualizações de Juniper, ainda tentando processar mentalmente tudo o que preciso fazer hoje. Mas quando olho para a carta, meu coração afunda. É da minha vizinha — Vivienne Smith-Baggington. E as palavras, escritas em negrito, parecem me encarar como uma acusação.
“Pedido de indenização e queixa formal: Zeus, o cão da família Harrington…” As palavras na página se confundem, mas algumas frases me chamam a atenção: “ação judicial”, “danos” e “eutanásia”.
Sinto o sangue sumir do meu rosto. Zeus. O cachorro de Sarah. A última conexão viva com minha falecida esposa. Minha mente corre, procurando a coisa certa a fazer, mas tudo que consigo dizer é um fraco, "Sarah—"
Douglas paira incerto por perto.
"Senhor? Você está bem?"
Concordo distraidamente, já pegando meu telefone. "Preciso ligar para meu advogado", murmuro, mais para mim do que para Douglas.
Enquanto disco o número, meus pensamentos vão para Zeus. Ele está diferente desde que Sarah faleceu, mais ansioso, mais agressivo. Mas sacrificá-lo? É como perdê-la novamente.
"Carter, é Grayson Harrington", eu digo quando meu advogado atende. "Preciso da sua ajuda. É sobre meu cachorro, Zeus." Ele não é realmente meu cachorro — ele sempre foi o cachorro de Sarah.
Olho para Zeus, deitado pacificamente perto da cozinha, sua cabeça apoiada em suas enormes patas. Mas sei o quão volátil ele se tornou. A perda de Sarah o quebrou tanto quanto me quebrou. E agora, parece que chegou ao auge.
“Zeus não foi provocado”, digo a Carter, minha voz tensa. “Mas ele... ele não é o mesmo. Ele tem sido imprevisível desde que Sarah—” Eu me interrompo. Não preciso dizer o nome dela para saber o peso que ele carrega.
Há uma pausa do outro lado da linha, como se Carter estivesse reunindo seus pensamentos. “Eu entendo, mas Grayson, não podemos arriscar. Se você não conseguir controlar Zeus, talvez não tenhamos escolha a não ser sacrificá-lo. Vou providenciar uma avaliação comportamental, mas você precisa se preparar para o pior.”
As palavras me atingiram como um soco no estômago. Um frio se instala profundamente em meu peito enquanto fico paralisada, o peso disso afundando. Zeus é o último pedaço de Sarah que me resta. A última conexão com ela, com tudo o que tínhamos. Perdê-lo... não consigo imaginar.
“Só...faça o que você precisa fazer,” eu finalmente digo, minha voz mais áspera do que eu queria. “Eu entro em contato.”
Termino a ligação e fico ali, sentindo o aperto no peito aumentar. Zeus não merece isso. Mas eu também não.
Respiro fundo, passando a mão pelo cabelo enquanto finalmente percebo que não me movi do local perto da porta da frente. Meu coração está acelerado agora. Não apenas pela confusão legal que estou enfrentando, mas por Zeus, por tudo que está escapando dos meus dedos.
“Mestre Harrington—”
“Está tudo bem, Douglas. Estou bem.”
Douglas assente, sua habitual sagacidade afiada ausente, substituída por uma rara seriedade. “Me avise se precisar de alguma coisa.”
Não confio em mim mesma para dizer mais nada, então simplesmente dou a ele um aceno conciso. Respiro fundo, ajeitando minha gravata e alisando meu paletó. Vai ser um longo dia, mas já enfrentei coisas piores. Pelo menos é o que digo a mim mesma enquanto alcanço a maçaneta da porta, me preparando para qualquer novo desafio que me aguarde do outro lado.
Mas quando entro no meu carro, e minhas mãos agarram o volante, algo em mim simplesmente... se desintegra. As lágrimas ameaçam subir, mas eu as seguro. Não posso me dar ao luxo de desmoronar. Tenho uma reunião para ir, um negócio para administrar. Não posso deixar que isso — esse maldito cachorro — destrua tudo que trabalhei tanto para construir.
Mas se eu o perder, o que resta?
Aperto o volante com força, meus dedos ficando brancos enquanto olho fixamente através do para-brisa.
Tento ligar o carro, mas minhas mãos estão tremendo demais para girar a chave. O peso do que acabou de acontecer cai sobre mim, e solto um suspiro trêmulo.
"Droga", eu sussurro, fechando meus olhos. "Sarah, o que eu devo fazer?"
Tudo o que consigo ver é Sarah rindo enquanto Zeus perseguia seu r**o no quintal, nós três encolhidos no sofá durante as noites de cinema, Zeus me confortando nos dias após o funeral de Sarah.
"Eu não posso te perder também, amigo", eu digo, minha voz grossa de emoção. "Você é tudo o que me resta dela."
O motor zumbe abaixo de mim e, por um momento, eu apenas fico sentado ali, incapaz de me mover. Meu coração ainda está batendo forte, um ritmo frenético que combina com meus pensamentos. Não sei mais como encarar o dia, como encarar as pessoas que dependem de mim quando eu m*l consigo me segurar.
Fecho os olhos por um momento, inspiro fundo, me equilibrando. Preciso encontrar uma maneira de continuar me movendo, mesmo quando parece que tudo está desmoronando.
Com as mãos trêmulas, saio da garagem.