Capítulo. 05

1342 Words
Eu nunca me comporto. Ele já deveria saber disso. Afinal, somos amigos desde a escola preparatória. Duas décadas depois, e você pensaria que ele aprenderia. Me avisar só me faz querer algo ainda mais. “Você pode conhecer Zeus amanhã. Prefiro que você se acomode e fique confortável antes de apresentar vocês dois. Tenho que ir para o escritório, mas minha equipe da casa pode mostrar seu quarto e ajudar você a se acomodar.” Observo Douglas deslizar para dentro da sala, parecendo elegante em seu terno perfeitamente passado de três peças. Ele dá um aceno educado para a Sra. Morrow. "Bem-vinda à residência Harrington, madame. Espero que sua viagem tenha sido agradável?" Os olhos da Sra. Morrow se estreitam levemente, como se ela estivesse tentando descobrir se Douglas é real. Não posso culpá-la — seu sotaque britânico chique e modos impecáveis podem ser um pouco demais no começo. "Foi ótimo", ela diz secamente, com uma voz carregada de firmeza. Decido que é hora de quebrar o gelo. "Olá, linda", digo, exibindo meu sorriso mais vencedor. "Deixe-me lhe dar um grande tour. Prometo que será muito mais divertido do que qualquer recepção abafada que Douglas planejou." Os olhos dela se fixam nos meus, e, droga, eles brilham de irritação. "Não estou aqui para me divertir", ela retruca. "E não preciso de um guia turístico, especialmente um que pareça ter acabado de sair de uma festa de fraternidade." Não consigo evitar rir. "Ai! A gatinha tem garras", digo, levando uma mão ao peito em uma dor fingida. Mas por dentro, meu coração está dando cambalhotas. Essa garota é outra coisa. Douglas limpa a garganta. "Talvez eu deva mostrar a Sra. Morrow para o quarto dela agora", ele sugere. "Nah, eu cuido disso", eu digo, piscando para a Sra. Morrow. "Vamos, Grumpy Cat. Vamos te acomodar." “É a Tessa.” “Bem, gatinha, o nome que você vai gritar mais tarde é Chase.” “Com exasperação, tenho certeza.” “Oh, não, meu doce. Em absoluto prazer.” Enquanto a levo em direção à ala de hóspedes, não consigo parar de olhar para ela. O jeito como ela anda, toda confiante e prática, está me afetando. Eu me apaixono forte e rápido e sigo em frente rapidamente. É o MO do garoto rico, e eu o aperfeiçoei. Mas dessa vez, estou completamente apaixonado. Nunca me apaixonei tanto, tão rápido antes. E mesmo que ela esteja fingindo estar irritada, percebo o menor movimento de seus lábios quando conto outra piada. Ah sim, penso comigo mesmo. Isso vai ser divertido. Eu a sigo como um cachorrinho a tarde toda, observando-a desfazer as malas e se acomodar. Toda vez que ela me pega olhando, ela revira aqueles olhos lindos. "Você não tem nada melhor para fazer?", ela pergunta, com exasperação transparecendo em sua voz. Eu me inclino contra o batente da porta, braços cruzados. "Não. Minha agenda está bem aberta, só para você." Ela bufa, mas eu juro que vejo um esboço de sorriso. "Sorte minha", ela murmura. Conforme o dia passa, posso sentir suas paredes começando a rachar. Ela ri de uma das minhas piadas — uma risada de verdade, não apenas um bufo sarcástico — e meu coração dispara. Quando meu telefone vibra com uma mensagem de Grayson, eu sorrio. "Parece que o chefe está trabalhando até tarde", anuncio. "Você sabe o que isso significa?" Ela levanta uma sobrancelha. "Talvez você se junte a ele?" Aperto meu peito dramaticamente. "Você me feriu! Não, significa que estamos tendo uma festa particular. Só você e eu, gatinha." "Eu disse para você não me chamar assim", ela resmunga, mas não há nenhuma emoção por trás disso. "Vamos lá", eu digo, estendendo minha mão. "Prometo que vai ser divertido. A menos que você esteja com medo?" Seus olhos se estreitam diante do desafio. "Tudo bem", ela diz, me seguindo pelo corredor. "Mas é melhor que seja bom." Enquanto a levo para baixo, minha mente já está correndo com possibilidades. Uma coisa é certa: esta será uma noite para lembrar. Entro na cozinha, sentindo os olhos de Tessa em mim enquanto vasculho a geladeira. O chef nos deixou uma variedade de aperitivos de dar água na boca — pego a travessa, equilibrando-a cuidadosamente. "Tinto ou branco?", pergunto por cima do ombro, olhando para a prateleira de vinhos. "Red", Tessa responde, sua voz mais próxima do que eu esperava. Eu me viro e a encontro encostada no balcão, braços cruzados. "Se você vai me forçar a entrar nessa 'festa', eu posso muito bem aproveitar." Não consigo deixar de sorrir. "Esse é o espírito, gatinha." Ela revira os olhos, mas eu vejo o fantasma de um sorriso. "Achei que tinha dito para você parar de me chamar assim." "Você fez", concordo, pegando uma garrafa de Merlot. "Mas combina muito bem com você." Lidero o caminho para o pátio, o ar quente da noite nos envolvendo. O sol está apenas começando a se pôr, pintando o céu em vibrantes tons de laranja e rosa. Coloco tudo na mesa, gesticulando grandiosamente. "Sua festa privada espera, minha senhora." Tessa bufa, mas se senta. "Você é ridícula, sabia?" "Faz parte do meu charme." Eu pisco, servindo uma generosa taça de vinho para cada um de nós. "Então, me diga algo sobre você que não esteja naquele contrato que Grayson fez você assinar." Ela toma um gole, considerando. "Eu... eu resgato animais", ela diz finalmente. "Principalmente cães, mas tenho uma queda por qualquer criatura que precise de ajuda." Meu coração derrete um pouco. "Foi assim que você acabou com seu cachorro?" O rosto dela suaviza, e percebo que é a primeira vez que a vejo relaxar de verdade. "É, essa é minha Lulu. Achei ela abandonada em um parque. Ela era tão pequena, pensei que fosse um cachorrinho no começo." Eu me inclino, genuinamente intrigado. "O que ela estava fazendo em um parque?" Enquanto Tessa se lança na história do resgate de Lulu, não consigo deixar de me maravilhar com o quão animada ela fica. Seus olhos brilham, e suas mãos gesticulam expressivamente. Eu me pego pendurado em cada palavra, atraído por sua paixão. Essa garota é algo a mais, penso comigo mesmo. E estou determinado a desvendar cada camada fascinante. -----------Tessa----------- O sol aquece minha pele enquanto me inclino para trás na cadeira do pátio, observando Chase tentar fazer malabarismos com laranjas da fruteira. Seu cabelo loiro sujo captura a luz, dando a ele um brilho quase angelical. Não consigo deixar de sorrir enquanto ele se atrapalha, fazendo uma laranja rolar pelas pedras. "E para o meu próximo truque", Chase anuncia com uma reverência teatral, "farei esta adorável senhora sorrir!" Reviro os olhos, mas sinto os cantos da minha boca se contraindo para cima. "Acho que você precisa praticar mais antes de levar esse show para a estrada." Chase se joga na cadeira ao meu lado, seu joelho roçando no meu. "Ah, mas eu fiz você sorrir, não foi? Missão cumprida." Seu sorriso brincalhão é contagiante, e eu me encontro relaxando apesar das minhas reservas iniciais. O cheiro de sua colônia se mistura com as flores perfumadas que nos cercam no pátio. "Então, me diga, Tessa", Chase se inclina conspiratoriamente, "o que uma garota como você está fazendo em um lugar como esse?" Eu arqueio uma sobrancelha. "Sério? É essa a linha que você está seguindo?" Ele dá de ombros, sem pedir desculpas. "Ei, os clássicos nunca saem de moda." Eu não deveria encorajá-lo, mas não consigo resistir a jogar junto. "Bem, se você precisa saber, estou aqui para resgatar donzelas em perigo de cantadas cafonas." Chase aperta o peito em falsa ofensa. "Você me feriu, bela donzela! E eu aqui pensando que estávamos nos divertindo tanto." Seu beicinho exagerado é ridículo, e não consigo evitar rir. "Você é impossível, sabia?" "Incrivelmente charmoso, você quer dizer", ele pisca, recostando-se na cadeira com um ar de satisfação presunçosa. Eu balanço a cabeça, maravilhada com sua confiança. Parte de mim quer não gostar dele por sua atitude arrogante, mas há algo desarmantemente genuíno em sua brincadeira.
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