"Jesus", eu respiro, cobrindo meu nariz.
Já há um punhado de carros estacionados no jardim da frente, mas um se destaca — um SUV branco com um ímã verde brilhante na porta exibindo o nome de um resgate de animais local. O logotipo está desbotado, como se tivesse passado por muitos ciclos de lavagem, mas ainda consigo distinguir a imagem de um r**o abanando e um conjunto de pegadas de patas. É um bom sinal. Se a equipe de resgate está aqui, significa que não estamos fazendo isso sozinhos.
Tessa já está marchando em direção à casa, seu rosto fixo em determinação sombria. "Vai ser pior lá dentro", ela avisa.
Ao entrarmos, a visão que nos cumprimenta é de partir o coração. Dezenas de gatos, esqueléticos e doentes, amontoados em cantos e superfícies sujas. Seus olhos, arregalados de medo e fome, seguem cada movimento nosso.
"Como alguém pode fazer isso?", sussurro, sentindo um nó se formar na garganta.
Tessa já está ajoelhada ao lado de um gatinho particularmente frágil, sua voz suave e calmante. "Está tudo bem, pequena. Nós cuidamos de você."
Observando seu trabalho, fico impressionado com sua gentileza, a proteção feroz em seus olhos. É um lado dela que eu nunca tinha visto antes, e isso mexe com algo profundo dentro de mim.
Enquanto observo Tessa, não consigo deixar de admirar o quão completamente ela se joga nisso. Ela está toda dentro — sem hesitação, sem medo — apenas compaixão pura e não diluída. Ela está se movendo de um animal para o outro, um suave murmúrio de conforto em seus lábios enquanto ela verifica cada um em busca de sinais de abuso ou doença. Há um fogo nela, uma determinação que beira a imprudência.
Meu olhar se estreita quando ela se inclina para perto de um dos outros voluntários, um cara alto com cabelo cor de areia e um sorriso fácil. Ele tem aquele visual robusto e ao ar livre que tenho certeza de que sempre faz as mulheres caírem aos seus pés. Ele diz algo que não consigo ouvir, e ela ri — uma risada de verdade, do tipo que ilumina todo o seu rosto.
Algo feio se revira em meu intestino. Tento dizer a mim mesmo que não é nada. Ela só está sendo amigável. Mas, droga, se isso não me faz querer quebrar os dentes do cara por fazê-la sorrir daquele jeito.
Eu me forço a ficar para trás, mordendo minha língua, minhas mãos se fechando em punhos. Os outros voluntários se movem ao nosso redor, carregando caixas e suprimentos, enquanto Tessa está praticamente colada ao lado desse cara. Eu pego trechos da conversa deles enquanto me aproximo, algo sobre as melhores maneiras de acalmar animais traumatizados. Ela está animada, suas mãos voando enquanto ela fala, e ele está balançando a cabeça como se ela fosse a pessoa mais fascinante do mundo.
Eu limpo minha garganta, me aproximando. “Tessa,” eu digo, minha voz saindo mais áspera do que eu pretendia. “Tenha cuidado. Você não sabe em que tipo de condição esses animais estão.”
Ela olha para mim, irritação brilhando em seus olhos. "Eu tenho tudo sob controle, Cole. Eles estão assustados, não raivosos."
"Você não sabe disso", eu retruco.
Ela balança a cabeça, claramente irritada. "Eu faço isso há muito tempo, sabia? Não preciso de você pairando sobre mim."
“Alguém precisa,” murmuro baixinho, mas ela me ouve. Seus olhos brilham, e por um segundo, acho que ela vai me atacar bem aqui na frente de todo mundo.
Mas, em vez disso, ela apenas vira as costas para mim, concentrando toda a sua atenção em um cachorro trêmulo encolhido em uma caixa imunda. Eu observo, meu coração na garganta, enquanto ela alcança, persuadindo o animal aterrorizado a sair com palavras gentis e mãos pacientes. O cachorro rosna baixo em sua garganta, mas ela não recua.
“Tessa, não—” começo, dando um passo à frente, mas é tarde demais.
Ouve-se um estalo repentino, e o cão avança, cravando os dentes na mão dela.
"Merda!" ela grita, recuando bruscamente, com sangue jorrando da mordida.
Estou ao lado dela em um instante, agarrando seu braço e puxando-a para longe. "p***a, Tessa, eu disse para você ter cuidado!"
Ela me encara, segurando sua mão sangrando. “Eu tinha tudo sob controle até você me distrair!”
“Isso é besteira, e você sabe disso,” eu rosno, puxando-a em direção à porta. “Você precisa dar uma olhada nisso antes que infeccione.”
Ela tenta se afastar, mas eu não a solto. "Estou bem, Cole! Só me deixe terminar aqui."
“O inferno que você está,” eu estalo, meu aperto apertando. “Nós estamos indo. Agora.”
“Você não pode ditar o que eu posso ou não fazer.”
O voluntário de cabelos cor de areia dá um passo à frente, parecendo preocupado. “Está tudo bem aqui?”
Eu o encaro com um olhar que o faz dar um passo para trás. "Estamos bem", eu digo, sem tirar os olhos de Tessa. "Vamos."
O cara percebe que ela está segurando o braço dela e seus olhos se arregalam. "Jesus, Tess. Você precisa dar uma olhada nisso."
“Eu acabei de dizer isso, porra.”