Eu aceno, seguindo-o para os fundos da casa. Enquanto andamos, não consigo deixar de perguntar: "Então... Grayson frequentemente desaparece assim?"
A pausa de Douglas é reveladora. "O Sr. Harrington é um homem muito ocupado, Srta. Morrow. Mas eu lhe asseguro, o bem-estar de Zeus é de suma importância para ele."
Chegamos a uma espaçosa área de canil, e eu o vejo — um lindo pastor alemão, suas orelhas se animaram com nossa aproximação. Mas há cautela em seus olhos que faz meu coração doer.
"Este é Zeus", Douglas diz suavemente. "Ele era...ele era o cachorro de Sarah."
O nome paira no ar, carregado de significado não dito. Quero perguntar quem é Sarah — era? — mas algo no tom de Douglas me impede.
Em vez disso, agacho-me e falo gentilmente com Zeus. "E aí, bonitão. Quer dar uma volta?"
Eu levo Zeus para o quintal amplo, meu bolso cheio de guloseimas. O sol da manhã aquece minha pele enquanto o observo, notando como ele se move com uma mistura de cautela e curiosidade.
"Tudo bem, amigo", murmuro, "vamos ver do que você é capaz."
As orelhas de Zeus se aguçam com a minha voz, mas ele mantém distância. Sento-me de pernas cruzadas na grama, deixando-o se aproximar em seus próprios termos. Enquanto observo, noto como seu r**o se contrai quando um pássaro canta por perto e como sua postura enrijece quando ele ouve um carro à distância.
"Você é uma alma sensível, não é?", digo suavemente, mais para mim mesma do que para Zeus.
Eu tiro uma guloseima, segurando-a onde ele pode ver. Seu nariz se contrai, interesse despertando naqueles olhos castanhos cheios de alma.
"Vamos, bonitão. Está tudo bem."
Por um momento, Zeus dá um passo à frente, então hesita. Prendo a respiração, desejando que ele confie em mim. Então, milagre dos milagres, ele se aproxima.
"Bom garoto", eu sussurro, meu coração disparado. "É isso."
Encorajado, decido tentar um comando simples. "Zeus, sente-se."
Para minha surpresa, ele abaixa os quadris por uma fração de segundo antes de se levantar de novo. Não é perfeito, mas é um progresso.
"Sim!", exclamo, jogando a guloseima para ele. "Bom garoto, Zeus! Que garoto esperto!"
Enquanto o elogio, noto um movimento pelo canto do olho. Alguns dos funcionários da casa pararam suas rotinas matinais, nos observando com surpresa indisfarçável.
"Você viu isso?", eu grito, incapaz de conter minha excitação. "Ele quase conseguiu!"
Uma das empregadas, uma mulher mais velha com olhos gentis, sorri calorosamente. "Faz muito tempo que não vemos Zeus responder assim a alguém", ela diz. "Você deve ter o toque mágico, Srta. Morrow."
Sinto um rubor subindo pelas minhas bochechas, mas não consigo evitar o orgulho crescendo no meu peito. "Temos um longo caminho a percorrer", admito, "mas este é um ótimo começo".
Quando me viro para Zeus, vejo um movimento em uma janela do andar de cima. Por um momento, juro que vejo Grayson nos observando. Mas quando pisco, ele se foi.
"Bem, Zeus", digo, pegando outra guloseima, "vamos tentar de novo?"
Cole..........................
Aperto o volante com mais força enquanto a voz estridente de Morgan enche o carro. O horizonte familiar da cidade entra em cena, mas em vez de me sentir aliviado por estar em casa, já estou exausto.
"Cole, você está me ouvindo?", Morgan pergunta pelo viva-voz.
Eu suspiro, passando a mão pelo meu cabelo. "Sim, Morgan, eu te ouço. Mas não entendo por que você está me ligando sobre isso."
"Porque é importante!" ela retruca. "Você não pode simplesmente me ignorar. Você tem ideia de como foi constrangedor para mim quando entrei na festa sozinha? Todo mundo estava perguntando onde você estava."
O sinal fica vermelho, e eu paro lentamente, fechando os olhos por um breve momento. O cheiro de couro e minha colônia desbotada enchem minhas narinas, um contraste gritante com os quartos de hotel estéreis em que tenho vivido na semana passada. Eu esfrego a tensão entre minhas sobrancelhas.
"Morgan, não estamos mais juntos. Você não pode exigir minha atenção desse jeito", eu digo, tentando manter minha voz calma, mas há uma ponta de tensão que não consigo esconder.
Ela zomba, um som tão desdenhoso que faz meus dentes rangerem. "Oh, por favor. Você acha que só porque me largou, pode fingir que eu não existo? Não funciona assim, Cole. Temos história. As pessoas esperam nos ver juntos. Você realmente quer arruinar minha reputação?"
Vejo um casal passeando pela calçada, de mãos dadas, parecendo despreocupados. Uma pontada de inveja me atinge, seguida rapidamente por irritação. Essa porcaria com Morgan é exatamente o motivo pelo qual eu jurei não ter mais relacionamentos.
"Na verdade, eu posso", eu respondo, minha paciência se esgotando. "E eu vou. Eu não te devo nada, Morgan."
Há um momento de silêncio, então uma inspiração brusca da parte dela. "Uau. Então é isso? Depois de tudo que eu fiz por você, você vai me jogar fora como o lixo de ontem? Você é o homem mais egoísta que eu conheço, Cole."
Meu aperto no volante aperta, os nós dos dedos ficando brancos. "Tudo o que você fez por mim? Você quer dizer o drama constante, as cenas públicas, as viagens de culpa? Sim, obrigada por tudo isso."
Ela solta uma risada aguda, mas não há humor nela. "Você acha que é muito melhor que todo mundo, não é? Só porque você é um figurão agora, você acha que pode tratar as pessoas como lixo."
O sinal fica verde, e eu piso fundo no acelerador, desejando poder dirigir para longe dessa conversa. "Essa conversa acabou, Morgan."
"Eu não terminei de falar!" ela praticamente grita. "Você não pode simplesmente desligar na minha cara, Cole. Eu ainda tenho suas coisas — seu relógio, suas abotoaduras. Se você quiser de volta, vai ter que lidar comigo."
Eu reprimo um xingamento, meu maxilar doendo de tanto que estou apertando. "Fique com eles. Considere-os um presente de despedida."
"Cole, não ouse—"
Mas não a deixo terminar. Com um movimento rápido, encerro a ligação, a linha fica abençoadamente silenciosa. O carro está quieto, exceto pelo zumbido do motor e o som da minha respiração pesada.
Conhecendo Morgan, esta não será a última vez que terei notícias dela. Só espero conseguir passar pela minha porta da frente antes que ela encontre outra maneira de invadir minha paz.
É exatamente por isso que terminei com ela — e com qualquer outra pessoa como ela.
Ao estacionar em casa, solto um longo suspiro, sentindo a tensão nos meus ombros começar a diminuir. A casa surge diante de mim, uma visão bem-vinda após dias de quartos de hotel e reuniões intermináveis.
"Lar doce lar", murmuro, desligando o motor.
Pego minha pasta e saio do carro, o cascalho estalando sob meus pés. O ar da manhã é frio contra minha pele, carregando o leve aroma de jasmim do jardim. É um pequeno conforto, mas agora, vou aceitar o que puder.
Lá dentro, a casa está silenciosa. Eu jogo minhas chaves na tigela perto da escada, o tilintar suave ecoando no saguão.
"Chase?", eu grito, mas não há resposta. Provavelmente ainda na cama com sua última emoção, eu penso, balançando a cabeça.
Subo as escadas, meus passos abafados pelo carpete felpudo. Meu quarto está exatamente como o deixei, e não consigo deixar de sorrir. Pelo menos algumas coisas não mudam.
Deixando minhas malas na cama, afrouxo minha gravata e tiro meus sapatos. Estou mais tenso agora do que quando estava fechando aquele negócio inacreditavelmente complicado. p***a Morgan... Eu bloquearia o número dela se pudesse... Mas já tentei isso. Ela apenas encontrou uma maneira de contornar isso. Na segunda vez que tentei, ela apareceu no escritório reclamando como uma lunática.
Eu penso em uma ordem de restrição, mas tenho certeza de que ela também encontraria uma maneira de contornar isso. O que diabos eu vi nela?
Porra, preciso aliviar um pouco dessa tensão.
A sauna me chama, prometendo relaxamento e uma chance de cozinhar para aliviar o estresse da semana passada — caramba, da última hora, graças à minha ex-namorada psicopata.
"Exatamente o que o médico receitou", murmuro, pegando uma toalha no banheiro privativo.
Enquanto vou em direção à sauna, já consigo sentir a tensão do dia começando a derreter. Talvez eu possa finalmente ter um momento de paz.
Abro a porta da sauna, uma onda de vapor me envolve. Através da névoa, vislumbro algo inesperado — ou melhor, alguém. Uma mulher está sentada no banco, com os olhos arregalados de choque.
"O que d—" começo, mas sou interrompido por seu grito agudo.
Meu coração dispara, adrenalina inundando meu sistema. "Quem diabos é você?", pergunto, minha voz ecoando no pequeno espaço. "Como você entrou aqui?"
A mulher se esforça para se cobrir com uma toalha, seu rosto corado por mais do que apenas o calor. "Quem sou eu? Quem diabos é você!?"