"Alô?", respondo, me afastando alguns passos, tentando colocar alguma distância entre mim e o impasse carregado de testosterona na sala.
“Tessa, graças a Deus você atendeu”, vem a voz ofegante de Janine do outro lado da linha. Ela é a líder do resgate e nunca liga a menos que seja algo sério.
“Temos uma situação real aqui. Houve um relato de um acumulador de animais — dezenas de cães, possivelmente mais. Os vizinhos nos avisaram, mas estão ameaçando chamar o Controle de Animais se não chegarmos aqui primeiro.”
Minha frequência cardíaca dispara. "Quão r**m é isso?"
"r**m", ela diz severamente. "Estamos falando de gaiolas apertadas, sujeira, desnutrição. A última vez que vi algo assim, perdemos metade dos animais antes mesmo de podermos tirá-los de lá."
Pressiono uma mão na testa, tentando pensar através da névoa de urgência. "Ok, estou a caminho. Temos um local?"
Janine recita um endereço em um bairro que conheço muito bem por seus prédios decadentes e reputação duvidosa. “É perto da Jefferson com a 9th. Tenha cuidado, Tessa. Já tivemos voluntários sendo assediados lá antes.”
Olho para o relógio na parede. O resgate está a uns bons vinte minutos de distância, mas com o trânsito, pode demorar mais. “Vou chegar lá o mais rápido que puder. Comece a preparar os canis de emergência.”
“Estamos cuidando disso”, diz Janine. Há uma pausa, e então sua voz cai para um sussurro. “Tessa, este lugar... são más notícias. Tenho outras ligações saindo e pelo menos dois outros voluntários a caminho, mas você pode chegar antes deles. Não tenho certeza se você deve ir sozinha. Tem alguém que pode ir com você?”
Mordo meu lábio, meus olhos disparando para Chase e Cole, ambos me observando atentamente. "Vou pensar em algo. Vejo vocês em breve."
Desligo, minha mente correndo enquanto me viro para os caras. A expressão brincalhona de Chase se transformou em um olhar sério, seus olhos azuis estreitados com preocupação.
"O que está acontecendo?", Chase pergunta, endireitando-se de onde estava recostado no balcão.
Hesito por uma fração de segundo. “Há uma emergência. Preciso ir.”
Antes que eu possa dizer outra palavra, Cole cruza os braços, uma sobrancelha cética arqueada. "Você vai sozinho? Para alguma parte obscura da cidade?"
“É, Cole, esse é o plano”, eu retruco. “Não tenho tempo para discutir sobre isso. Os animais estão sofrendo, e eu não vou ficar aqui debatendo minha segurança.”
Chase dá um passo à frente, seu comportamento brincalhão usual desapareceu completamente. "De jeito nenhum você vai para um lugar como esse sozinho. Eu vou com você."
Eu pisco, surpresa com sua seriedade repentina. “O quê? Não, Chase. Você nem sabe no que está se metendo.”
“Não preciso”, ele diz, pegando sua jaqueta das costas de uma cadeira. “Não vou deixar você entrar em uma potencial casa de crack sozinha. Isso é simplesmente e******o. Estou indo.”
"Não, você não está."
"Sim, estou", ele insiste, seus olhos normalmente brincalhões agora sérios. "Você pode precisar de reforços."
Estou prestes a discutir quando a voz profunda de Cole corta o ar. "Você tá brincando comigo? Essa rotina de cavaleiro de armadura brilhante é um pouco demais." Ele está encostado no batente da porta, os braços musculosos cruzados sobre o peito nu. "O quê, a b****a dela é mágica ou algo assim? Jesus Cristo."
Minhas bochechas queimam com uma mistura de raiva e constrangimento. Abro a boca para atacar Cole, mas Chase me vence.
"Cala a boca, Cole," ele retruca, seu comportamento despreocupado desaparecendo completamente. "Não é sobre isso."
Quero brigar com Chase sobre isso, dizer a ele que ele não entende no que está se metendo, mas o tempo está passando. "Tudo bem", eu rosno, abrindo a porta do motorista, "mas estamos indo embora agora."
Enquanto saímos da garagem, não consigo deixar de olhar no espelho retrovisor. Cole ainda está parado ali, parecendo chocado e... mais alguma coisa que não consigo identificar.
"Então, para onde estamos indo?", Chase pergunta, interrompendo meus pensamentos.
Aperto o volante com mais força. "Como você disse, é um bairro violento. Situação de acumuladores de animais. Estamos falando de dezenas de cães em gaiolas, alguns possivelmente morrendo de fome. Tem certeza de que está a fim disso?"
Chase me lança um olhar de soslaio, seu flerte anterior substituído por algo como determinação. “Você está arriscando seu pescoço por esses animais. O mínimo que posso fazer é apoiá-lo.”
Dou a ele um breve aceno de cabeça, pisando mais forte no acelerador. “Só não diga que eu não avisei. Isso pode ficar feio.”
Meu estômago revira quando as memórias de Rusty voltam. O pelo emaranhado, o medo em seus olhos, a maneira como ele se encolhia a cada movimento repentino. Engulo em seco, afastando os pensamentos. Não posso deixar minhas emoções nublarem meu julgamento agora. Esses cães precisam de mim.